Blog do Flavio Gomes
Gomes

ENTREVISTA COM O BLOGUEIRO (12)

SÃO PAULO (não me apressem!) – Duas baterias na mesma semana, estamos melhorando… Hoje é dia da página 12 na contagem regressiva das perguntas que a blogaiada fez ao blogueiro no começo do mês. Será que vocês estão gostando, ou já estamos na fase da overdose? Bom, sei lá. Mas como prometi responder tudo, tudo […]

SÃO PAULO (não me apressem!) – Duas baterias na mesma semana, estamos melhorando… Hoje é dia da página 12 na contagem regressiva das perguntas que a blogaiada fez ao blogueiro no começo do mês. Será que vocês estão gostando, ou já estamos na fase da overdose? Bom, sei lá. Mas como prometi responder tudo, tudo será respondido.
Jornalismo, política (de novo), existencialismo, corridas, claro, esse é o cardápio de hoje. A entrevista coletiva mais longa de todos os tempos está longe de terminar. E não me perguntem mais nada!

[bannergoogle] Rodrigo Oliveira – Minha pergunta é se você, depois de tanto tempo ligado ao jornalismo voltado ao automobilismo, já se sentiu esgotado, saturado e até decepcionado com algo sobre o assunto, e se isso já o fez cogitar escrever sobre outras coisas, mudar de ares, enfim. Não digo sobre deixar de correr e tudo o mais, mas de não mais se dedicar a escrever sobre um mesmo mundo durante anos e anos. Acompanho seu blog desde 2009, e sempre me divirto com os textos do “Boto do Reno”. Abraços!
RESPOSTA – Não. Eu gosto de automobilismo. E não escrevo só sobre automobilismo, como vocês bem sabem. Não me sinto obrigado a falar sobre um único assunto. Mesmo profissionalmente já militei em várias áreas: educação, ciência, política, polícia, fui âncora de jornal em rádio, futebol, Olimpíada… O que me satura às vezes, na verdade, é o futebol – acho que se fala demais sobre o assunto. Portanto, não me sinto escrevendo sobre o que você chama de “mesmo mundo” há anos. O automobilismo é um dos assunto que me interessam. Não o único.

Douglas – Como você vê cobertura esportiva em geral daqui a dez anos? Qual inovação dos últimos 20 anos você gostaria que não tivesse acontecido?
RESPOSTA – Ah, não tenho a menor ideia. O negócio da segunda tela, talvez – as pessoas acompanhando transmissões com um computador ou smartphone ao lado. Pode ser que isso se dissemine e vire algo corriqueiro. Não consigo pensar em nada muito diferente do que se tem hoje, já que a tecnologia da comunicação parece ter chegado ao auge. Sei lá. Não sou contra inovações, acho que os meios para se fazer jornalismo, nos últimos 20 anos, só ajudaram. O que não significa que o jornalismo tenha melhorado. Convivo bem com as mudanças, embora nem todas sejam positivas. Uma coisa que me incomoda é a famosa frase “vi na internet”, sem fonte, sem autoria. Essa talvez tenha sido uma mudança de comportamento que eu preferia que não tivesse acontecido: a perda de discernimento das pessoas e de preocupação com a origem de notícias falsas, boatos, mentiras… Qualquer um escreve a merda que quiser numa dessas redes sociais e o receptor, sem se preocupar em pelo menos saber de onde veio, já sai espalhando por aí como se fosse verdade.

Diego Sampaio – FG, qual foi sua corrida de F-1 preferida? E qual a razão? Disserte a respeito!
RESPOSTA – Creio que já respondi, mas vamos lá. O GP que sempre gostei mais de cobrir foi o da Bélgica, pelo tipo de circuito, pelo caráter meio retrô do evento, com gente acampada, virando a noite, enchendo as ruas das pequenas cidades no entorno. Há outros que adoro, como Monza, Mônaco, Hockenheim, Nürburgring, Imola, Montreal, Magny-Cours, Suzuka…

Douglas – Flavio, de 1980 pra cá, qual piloto ou personalidade relacionada ao automobilismo você gostaria de ter entrevistado mas não teve a oportunidade? Alguma história especial sobre o personagem em questão?
RESPOSTA – Se você fala de entrevistas longas, one-to-one, posso te dar uma lista enorme, porque nem sempre, na correria da cobertura do dia a dia, e não vivendo na Europa, a gente acaba não tendo muito tempo para isso. Porque as grandes entrevistas são realizadas fora do ambiente de corrida. Num fim de semana de GP a pauleira, para os dois lados, é muito grande. Um cara com quem gostaria de sentar durante algumas horas é Flavio Briatore. Esse deve ter muito para contar, se quiser.

James – Você realmente acredita no comunismo como solução para os problemas nacionais? Acho o comunismo interessante no papel, tem tudo para funcionar. Porém na prática caímos quase sempre em ditaduras e regimes não democráticos, o que nem sempre é bom. Outra, seria possível um “comunismo democrático” em um país tão grande ?
RESPOSTA – Que fixação pelo comunismo é essa? Alguém propôs o comunismo como regime de governo para o Brasil? Eu fiz isso? Já falei, o comunismo é uma doutrina que prevê maior igualdade entre as pessoas, e qualquer coisa que combata a desigualdade, para mim, é melhor do que os sistemas políticos que não se importam com isso.

Rafael Moleiro – Sou um leitor assíduo dos seus textos desde 2001, quando esperava ansiosamente pelos textos que vinham sempre no final da semana no site do Grande Prêmio. Com o blog, a gente acaba criando uma proximidade “virtual” com quem escreve. Porque o blog é a visão pessoal, muitas vezes íntima daquele que escreve… E confesso: muitas vezes discordo do que leio! Mas é nisso que está a graça do blog: Você não precisa concordar com tudo. Hoje acompanho seu trabalho no blog, na Fox e nas redes sociais (Instagram/Twitter)… Enfim, sou um grande fã do seu trabalho. Não vi a comparação sua com o Galvão, porque acredito ser de mal gosto. Galera pega pesado demais nas críticas com o Galvão. Não sou fã dele (nem gosto dele pra falar a verdade), mas não o critico porque não sou capaz de fazer nem 1/10 do que ele faz. Não tenho nenhuma pergunta importante pra fazer nesse momento. Mas gostaria de deixar os parabéns pelo excelente trabalho, ótimos textos e principalmente, pelo respeito que você tem pelo seu público!
RESPOSTA – Obrigado.

Everaldo – Você está desiludido ou se sente enganado no que certas pessoas transformaram o PT?
RESPOSTA – Já respondi isso, acho. Não me sinto nem desiludido, nem enganado pelas pessoas que admiro no PT. Se tem gente fazendo cagada, que seja investigado, processado e punido. Simples assim.

Vitor – O que vocês fizeram em Imola?
RESPOSTA – Vocês quem? De novo essa pergunta esquisita.

Mário Sérgio – Caro Flavio, gostaria de saber de toda a sua vida, o quê te trouxe até aqui? qual é o sentimento que nunca te abandona nem diminui e te faz acordar para escrever, colecionar, pilotar, ensinar, etc?
RESPOSTA – Caramba, que pergunta doida. Me trouxe até onde? Bom, não sou muito diferente de ninguém, o que me move é o desejo de ser útil, relevante, tocar as pessoas com aquilo que digo e escrevo, fazer com que reflitam, pensem um pouco. Gosto do meu ofício, acho que o jornalista é importante numa sociedade, as pessoas precisam de gente que ajude a organizar fatos e ideias, ainda mais hoje. Gosto de escrever e acho que faço isso bem, minha coleção de carros é algo muito pessoal, tenho uma relação com meus carrinhos que as pessoas não entendem direito, pilotar é algo que me dá enorme prazer e talvez o único momento em que me encontro comigo mesmo – tem gente que faz isso meditando, rezando, pescando, tocando algum instrumento. Ensinar não foi uma boa experiência, ainda quero retomar isso de alguma forma.

Gus – Ousada e corajosa iniciativa. 1. Me impressiona a consistencia de postar praticamente todos os dias. Nao tem hora que cansa? Qual a rotina, por exemplo, em finais de semana? 2. Me parece que vc tem uma colecao de carros. Nao precisa contar quantos sao, por medida de seguranca, mas acho que precisas ter um galpaozinho em algum lugar uma vez que os apertamentos nao tem tantas vagas…onde eles ficam? Galpao? Terreno baldio? Na rua? Na casa e oficina de amigos? 3. Ja pilotou um F1? 4. qual sua maior realizacao professional? 5. o que vc considera sucesso na carreira? 6. Qual um proximo sonho a ser alcancado (jornalismo ou piloto). Eu conto um sonho/objetivo meu. Serei o piloto mais velho a ganhar um Campeonato de F1 (pq assim o sonho eh valido pra sempre kkk). 7. Qual mania, ou rotina, curiosa que vc, como piloto, tem antes de entrar para uma corrida de carros? 8. De uma dica para jovens jornalistas de como se tornar um professional respeitado e de sucesso. 9. Ja fostes em Goodwood? 10. Vc aceitaria ser Presidente da CBA? Quais seriam as tres principais acoes no seu mandato? Abracos da China.
RESPOSTA – Caramba, o cara pediu para toda a população da China me mandar perguntas? Brincadeirinha… Terei de numerar as respostas. Vamos lá. 1) Não me canso, eu acho que um blog (que já está se transformando em uma coisa meio antiquada…) só faz sentido se você posta com frequência. Como qualquer outro veículo de comunicação (e eu considero que é), você precisa criar o hábito no leitor de querer saber o que você está escrevendo. Considero o blog uma das mídias mais completas de todas, desde que, claro, você desperte nas pessoas o interesse naquilo que você tem a dizer ou mostrar. Aqui cabe tudo: foto, vídeo, música, podcast, webcam, texto grande, texto pequeno, piada, notícia, análise. É uma divertida anarquia, e de quebra oferece a quem lê a possibilidade de se manifestar imediatamente. A rotina é a mesma em dias de semana e em finais de semana. Tem dia em que não posto nada, porque estou fazendo alguma outra coisa. Não sou escravo do blog. Mas o levo a sério. Muitos blogs desapareceram por falta de paciência ou dedicação de seus autores. O meu completa dez anos no ar em dezembro. Considero isso uma vitória. 2) Já coloquei aqui a lista dos carros, eles ficam numa caverna secreta cuja entrada é protegida por um fosso com jacarés. 3) Não. 4) Não aponto uma em particular. Acho que minha grande realização é ter trabalhado, e ainda trabalhar, em veículos de comunicação importantes. E mesmo com 33 anos de carreira perceber que há pessoas e empresas interessadas no meu trabalho, naquilo que faço, escrevo, digo, penso. 5) Manter-se honesto aos seus princípios. Isso é ser bem-sucedido, em qualquer atividade. 6) Transferir minha coleção da caverna secreta para um lugar onde não sejam necessários os jacarés. 7) Nenhuma, apenas gosto de ficar tranquilo no grid, pensando na vida. 8) Uma das razões pelas quais parei de dar aula é essa: não me sentir capaz de dar conselhos a ninguém, exceto alguns que considero básicos: ler, para saber escrever, ser informado, para saber informar, e, sobretudo, ser honesto com seu público. Mas isso me parece tão óbvio que não sei se serve como conselho. 9) Não. Uma vez entrei em contato com eles para levar o #96 para lá e os organizadores, muito simpáticos, me mandaram uma carta bastante gentil agradecendo o interesse, mas informando que seria conveniente que o carro tivesse alguma coisa no currículo como vitória em Le Mans ou Indianápolis. 10) Não. Mas, se fosse, três coisas que faria seriam: criar uma boa categoria de base em monopostos, cuidar dos autódromos e chamar as montadoras de automóveis instaladas no país para investir em corridas. Ufa.

Enéas, o 8

Alessandro – 1) Do pouco que te acompanho, percebo que você não hesita em se posicionar e com isso algumas vezes acaba sendo contestado ou mesmo ofendido. Em algum momento este tipo de reação te levou a desanimar, pensar em largar o jornalismo? 2) Qual foi, em sua opinião, o grande momento que você viveu nas pistas, como repórter? Daquele que daria vontade de escrever um livro só para registrar sua visão do momento? 3) Te admiro pelo fato de que em momento algum você omite seu posicionamento sobre os assuntos. Como é lidar com a paixão em um meio tão turbulento, como o esportivo? 4) Ainda sobre a imprensa: como é pra você lidar com o fato de que, no nosso atual cenário, um grande número de jornalistas dê voz à preconceitos, boatos e mentiras como se estes fossem fatos, e com isso tendem a manipular a opinião pública? 5) Enéas ou Dêner?
RESPOSTA – Putz, mais um que aproveitou bem a chance! Numerando, então. 1) Não vejo sentido em ser jornalistas se não for desse jeito. Aliás, não só no jornalismo; na vida é preciso se posicionar em relação a tudo. A reação de muitas pessoas não me incomoda no sentido de me deixar chateado ou coisa parecida. Apenas fico meio deprimido ao perceber como temos idiotas no mundo. Mas, na prática, eles sempre existiram. É que, agora, têm canais para manifestar sua idiotia. Não acho que isso seja, necessariamente, ruim. É assim, que se conviva com isso, então. Mas nunca pensei em deixar o jornalismo por isso. 2) Claro que o fim de semana das mortes de Ratzenberger e Senna foi o momento mais marcante da minha carreira cobrindo automobilismo. Todos que estavam lá têm uma história para contar. Mas não creio que a minha dê um livro. No máximo, alguns textinhos. 3) A resposta é parecida com a da primeira pergunta… Claro que esporte desperta paixões, e os apaixonados são meio cegos e histéricos, às vezes. Eu mesmo sou, como não? Entender que alguém se manifesta movido pela paixão é uma das chaves para lidar com isso. O que não significa que eu releve ofensas e agressões pessoais. Isso enche um pouco o saco. Felizmente as redes sociais nos dão a possibilidade de eliminar algumas pessoas. A tecla de bloquear é uma dádiva. 4) Me espanta, sendo bem sincero, o comportamento de alguns jornalistas em certos veículos de comunicação bem conhecidos, que nem preciso mencionar. Não sou corporativista. Acho que está cheio de jornalista que merece ser processado, contestado, confrontado com o mau serviço que presta. São maus profissionais e más pessoas. Já cortei um monte das minhas relações. Esta nova era está sendo muito útil para conhecer melhor o caráter de alguns. Desonestidade é algo que não engulo de jeito nenhum. 5) Dener teria sido, provavelmente, um jogador melhor. Não teve tempo. Fico com Eneas. Como profissional, foram oito anos na Portuguesa. Algumas das maiores alegrias da minha vida devo a ele.

Fernando – Qual foi a pior entrevista que voce fez na carreira?
RESPOSTA – Com Senna, no final de 1993. Acho que já contei essa história. Os quatro grandes jornais, “Folha”, “Estado”, “O Globo” e “JB”, tinham direito a uma exclusiva cada com ele por ano. Aí, faziam um sorteio e em 1993 fiquei com a última. Só que dei muito azar, porque foi depois do GP de Portugal, aquele em que Prost ganhou o tetracampeonato. Só havia um assunto possível na pauta: sua ida para a Williams. Acontece que ele não podia falar disso, porque ainda estava sob contrato com a McLaren. Disse pra ele: “Cara, não fode, fala da Williams, eu guardo e quando for feito o anúncio, publico”. Ele deu risada e respondeu: “Se vira. Não posso falar disso”. A entrevista ficou uma merda.

No Canindé em 2011: onde me sinto bem

Fernando Bezerra – Te acompanhei por aqui em várias aventuras, corridas , jogos, viagens , trabalho, mas em que você realmente se realiza?
RESPOSTA – Num carro de corrida, na arquibancada do Canindé, num café em Berlim, numa estrada no interior da Alemanha, num trem cruzando a França.

Clebio Junior – Não entendi bem qual seria o canal para enviar as perguntas, então supus que era aqui nos comentários. Flávio, primeiro, você se recorda como surgiu sua paixão pela Portuguesa? E nesta trajetória você em algum momento se sentiu tentado a ceder a pressão de torcer para os times ditos “grandes”? A outra pergunta é: já li em alguns de seus textos sobre o início de sua trajetória jornalística, mas o que te guiou para a cobertura automobilística (visto que a maioria dos que entram neste meio visam cobrir apenas futebol)?
RESPOSTA – Era aqui mesmo. Sobre a Portuguesa, tem um texto enorme, de 2011, que conta essa história. É este aqui. Nunca cogitei torcer para outro time. Nem fui pressionado por ninguém. E ainda bem que você colocou “grandes” entre aspas, senão levaria uma invertida inesquecível. Quanto à outra pergunta, também já respondi em algum lugar, mas vá lá. Sempre quis trabalhar com esporte. No final dos anos 80, finalmente consegui. A F-1 estava em alta. Dedicávamos muito espaço a isso no jornal. Gostava de corridas e de carros, não vi mal nenhum em abraçar a causa. De qualquer forma, há um “start”, que foi ser escalado para cobrir o GP do Brasil de 1988 no Rio. Ali começou tudo.

Fernando Niebas – Bom dia Flávio, acompanho seu blog a pelo menos 4 anos, entro quase todo santo dia, acho que com o tempo vamos percebendo um pouco de como é lado pessoal do FG. Acho vc bem crítico, e não sei se lhe espanta, mas é mais crítico no sentido de por o dedo em feridas e expor situações, quando fala de problemas nacionais, ou seja, política, religião, CBA, etc… Não o acho tão crítico quando fala de F1, Isso seria uma imparcialidade para comentar um esporte que é sua base de trabalho? Aliás, F1 seria uma base de todo seu trabalho jornalístico? … Será que falei besteira?!?!? Kkkkk
RESPOSTA – Falou. Não sou crítico em relação à F-1? Caramba, vivo malhando tudo, regulamento, autoridades, pistas, pilotos! Seja mais atento… Não tenho rabo preso (não gosto da expressão, mas se encaixa aqui) com categoria alguma. E é claro que a F-1 não é a base da minha carreira, é apenas aquilo que mais ocupou meu tempo.

Jan Crispim – qual será seu proximo carro de corrida ? se permitir sugestão, uma alfa giulia ti ficaria bem. 4 portas e etc. não sei se é mto caro. parabens pela carreira e abraço.
RESPOSTA – Não sei nem se haverá um… Mas, se houver, não será uma Alfa Giulia. Não tenho nenhuma relação com Alfas.

Airton Silva – Lá vai: É grande a despesa com o aluguel do espaço para guardar os carros? Em caso positivo, já estudou alternativas?
RESPOSTA – Uai, é o que dá para pagar. Não faz sentido falar em valores, apenas faz parte do meu orçamento. Tem gente que gasta o mesmo com outras coisas. IPVA e seguro, por exemplo. Sim, penso numa alternativa para minha caverna secreta, como já respondi aí em cima. Ração de jacaré anda cara demais.

Coletiva de Schumacher em 2006: Rubens não curtiu

Gustavo – Sou leitor assíduo do seu blog, participo em alguns posts e minha pergunta é a seguinte: Você teve algum problema pessoal com o Ayrton Senna? Acho que em alguns posts sobre ele, vc deixa um lado, me parece, pessoal. E com o Barrichello? Ps.: Não sou desses sennistas que quando vc escreve algo, te metralha com comentários, gosto mesmo de automobilismo e de corrida, e é só uma curiosidade mesmo.
RESPOSTA – Nenhum. Engraçado que, no Brasil, se você não escreve Senna acompanhado de palavras como “herói”, “gênio”, “monstro”, “inigualável”, “incomparável”, as pessoas automaticamente concluem que você está “falando mal”. Não falo mais mal do Senna do que do Fittipaldi, por exemplo. Ou mais bem do Senna do que do Piquet. O tratamento é rigorosamente igual e compatível com o que sei de cada personagem sobre o qual falo ou escrevo. Falo o que penso sobre qualquer um, sem hierarquizar elogios ou críticas em função daquilo que a maioria pensa. Minhas opiniões têm dono, e este sou eu. Engraçado que quando você diz, por exemplo, que acha Schumacher melhor que Senna, e acho, desperta na maioria das pessoas no Brasil não uma reflexão ou uma mera discordância, mas sim a ira. É um comportamento infantil e desimportante. Por isso, não ligo para os chiliques. Com Barrichello, idem. Nunca tive nenhum problema pessoal. Mas ele tem comigo. Acha, por exemplo, que fui eu quem “armou” a entrega de uma tartaruga para Schumacher na sua última coletiva como piloto da Ferrari, que eu apresentei, em 2006. Quando quem fez isso foram os amigos dele do “Pânico”. Sei que ele já me ofendeu duramente a outras pessoas, inclusive meu irmão mais novo – que cobriu F-1 pela Rádio Bandeirantes em uma ou duas temporadas. Mas isso não me incomoda, Rubens não faz parte do meu círculo de relações pessoais – como, de resto, nenhum outro piloto. O tratamento jornalístico que dou a Barrichello é, de novo, rigorosamente igual ao que dou a qualquer outro piloto, independentemente de sua nacionalidade, grau de proximidade, simpatia ou antipatia que tenha pela figura em questão. Agora, sei de coisas que ele fez que não me agradam. Não é alguém que teria como amigo.

Gabriel O’Neill – Quando a sua garagem estará aberta para visitação?
RESPOSTA – Quando os jacarés estiverem menos famintos.

Kleber – Primeiro parabéns pela coragem da atitude. Comecei a acompanha-lo porque gosto de carro, e da maneira como escreve, narra suas aventuras, acaba que representa um pouco do que eu queria um dia fazer e viver. Acabou que de uma admiração do profissional passei a admirar a Pessoa Flavio Gomes, acompanho seus post, suas histórias e estórias, viagens.Não o conheço pessoalmente , não concordo com algumas colocações politicas que você expressa, mas as respeitos. Não quero fazer pergunta alguma, mas apenas falar de uma constatação pessoal,o mundo está ficando muito chato, tudo que não é considerado politicamente correto na hora toma proporções que eu não estou mais conseguindo entender, hoje quem assumi um pensamento, manifesta a opinião pessoal , cria-se polemica . Parabéns pelo profissional que é . Talvez pela sua transparência e como se coloca ao mundo não terá muitas perguntas a responder.
RESPOSTA – Acho que você errou feio na previsão da última frase…