Blog do Flavio Gomes
Stock Car

DOMINGO DE MEDO

Stock Car 2015: acidente grave machuca Fraga e Camilo em Curitiba SÃO PAULO (muito medo) – Foi feio demais o que aconteceu hoje na Stock em Curitiba. Feio no sentido de pavoroso, não de sair caçando bruxas a torto e direito — no caso do acidente e, também, dos piás que invadiram a pista. Vou […]

Stock Car 2015: acidente grave machuca Fraga e Camilo em Curitiba

SÃO PAULO (muito medo) – Foi feio demais o que aconteceu hoje na Stock em Curitiba. Feio no sentido de pavoroso, não de sair caçando bruxas a torto e direito — no caso do acidente e, também, dos piás que invadiram a pista.

Vou dizer uma coisa. Tem eventos, como esses moleques entrando escondidos no autódromo, que ninguém consegue prever e/ou evitar. Há inúmeros casos famosos, como o cara de Hockenheim em 2000, o irlandês doido que entrou na pista em Silverstone em 2003, o cervo que quase matou Cristiano da Matta. Um autódromo ocupa sempre uma área gigante. Controlar todo seu perímetro é virtualmente impossível. Há muros e cercas. Há câmeras de vigilância. Há seguranças. Mas há sempre brechas. Fico imaginando como é difícil o controle de circuitos como Le Mans e Spa. Alguém realmente acha que é impossível invadir essas pistas? Creiam: é a coisa mais fácil do mundo se matar numas 24 Horas em Sarthe, ou escolher o GP da Bélgica para ser atropelado. Conheço bem esses lugares. Não tem como impedir alguém de invadir pistas como essas. Na prática, qualquer pista.

Felizmente ninguém se machucou. Não sei se acharam os meninos, se alguém conseguiu entrevistá-los (pauta ótima, mas é preciso muito cuidado com essas coisas envolvendo crianças), de onde vieram, para onde foram. Não aconteceu nada. Ótimo.

No que diz respeito ao acidente, puta merda… Há alguns anos, quando morreu gente nesses carros estoqueanos e derivados, a coisa estava muito feia. Falei no assunto, critiquei a falta de segurança, estou sendo processado por isso — por ter dito que os carros não eram seguros e que não havia seriedade para investigar acidentes, quando descobrimos pedaços do carro de Gustavo Sondermann no lixo de Interlagos.

Hoje, é preciso reconhecer, com alívio e alento, que a segurança aumentou, e muito. Uma pancada dessas, normalmente, é fatal. Fraga bateu em Camilo a mais de 200 km/h. Só se for muito seguro um carro suporta algo assim. E os dois pilotos tiveram apenas ferimentos leves, nenhuma fratura, saíram doloridos e provavelmente amanhã voltam para casa. Merece aplausos efusivos a JL, dos Giaffone, responsável pela construção dos automóveis. Os dois pilotos devem suas vidas à empresa que faz esses carros.

A dinâmica da batida ficou muito clara. Os pilotos que vinham no segundo pelotão simplesmente não viram a bandeira branca indicando carro lento na pista. Talvez Thiago pudesse ter ficado mais para a direita na reta. Acho que ocupou espaço demais, cometeu um erro que poderia ter consequências muito graves. Mas é óbvio que não o fez para atrapalhar ninguém. Errou, ponto. A sinalização foi correta. Mas talvez um posto de controle do lado esquerdo da pista, pelo lado de fora, na curva anterior, pudesse ter sido mais eficiente. Os carros da Stock têm visibilidade muito ruim. É preciso ouvir os envolvidos e perguntar a eles se viram a bandeira. Se não viram, por quê. E, a partir das respostas, realizar mudanças necessárias não só no posicionamento dos postos de controle, priorizando sempre o lado do piloto, como também na visibilidade das bolhas.

Enfim, foi um domingo tenso para todos que estiveram em Curitiba. Salvaram-se todos. Dormiremos aliviados.