Blog do Flavio Gomes
Gomes

ENTREVISTA COM O BLOGUEIRO (8)

SÃO PAULO (amanhã, estrada) – E vamos à 11ª parte da nossa entrevista coletiva. A maior de todos os tempos. Com perguntas encerradas em 2 de julho. Lembram? Meu ritmo não tem sido grande coisa, porque me parece que os dias têm ficado mais curtos, ultimamente. Se houvesse um banco de horas, compraria algumas para […]

SÃO PAULO (amanhã, estrada) – E vamos à 11ª parte da nossa entrevista coletiva. A maior de todos os tempos. Com perguntas encerradas em 2 de julho. Lembram? Meu ritmo não tem sido grande coisa, porque me parece que os dias têm ficado mais curtos, ultimamente. Se houvesse um banco de horas, compraria algumas para dar conta de tudo.

Chega de lamúrias. No cardápio de hoje, tem até… comida! E os temas que vêm se repetindo: jornalismo, política, Fórmula 1, carros antigos, vida pessoal, um pouco de tudo.

Espero que estejam gostando. As perguntas, creio que todos já sabem, não são editadas. Publico do jeito que chegaram.

Mermermentolino – Qual o seu critério para uma boa história ? uma boa reportagem ou mesmo uma crônica a ser escrita ? há muito assunto no mundo das corridas ? ou esse critério pode ser aplicado a qualquer outra área ?
RESPOSTA – Se eu acho uma história interessante, tendo a achar que quem me lê vai achar também. É meu critério, cada um tem o seu. Acaba sendo algo um pouco arbitrário, mas é assim que funciona. Para escrever crônicas, qualquer coisa serve se o sujeito sabe escrever. E isso eu sei fazer. Sim, há bons assuntos no automobilismo. Por isso a gente tem um site inteiro só sobre isso.

Theodoror – Flavio, qual foi o carro de Formula 1 que te impressionou mais ao vivo a ponto de voce as vezes relembrar e pensar: Que maquina !
RESPOSTA – A Williams de 1993. Quando vi aquele carro sambando sozinho dentro de um box em Kyalami, com os mecânicos brincando com a suspensão ativa, fiquei muito impressionado. O vídeo abaixo mostra isso, mas é de Monza.

Cedujor – Flávio em que bairro você mora?
RESPOSTA – Planalto Paulista.

Rodrigo – Você acompanhou e fez várias entrevistas com Ayrton Senna. Como era sua relação com ele e qual o pensamento que você tinha dele na época?
RESPOSTA – Falei bastante sobre Senna na última remessa. Sá uma olhada lá.

Israel – Da sua coleção de antigos. Qual deu mais trabalho de encontrar e qual seria mais raro a nível de brasil?
RESPOSTA – Nunca saí à caça de algum carro específico, minha coleção foi-se formando de modo errático e espontâneo. Hoje, eu diria que os carros me procuram. Muita gente sabe dos meus gostos e acaba oferecendo um aqui, outro ali. Ou dando uma dica de algum carro que viu à venda por aí. Mas considero o mais raro a perua DKW Universal 1956, conhecida aqui como “Miss Universe”. É um carro muito difícil, menos de 200 foram fabricados naquele ano, e a minha é a décima montada pela Vemag. Ela me achou. Não fui atrás.

DKW F91 Universal 1956: a décima montada pela Vemag

Anselmo Coyote – “Não vi a comparação sua com o Galvão, porque acredito ser de mal gosto. Galera pega pesado demais nas críticas com o Galvão. Não sou fã dele (nem gosto dele pra falar a verdade), mas não o critico porque não sou capaz de fazer nem 1/10 do que ele faz.” Putz!!! Graças a Deus.
RESPOSTA – Acho que não é uma pergunta, possivelmente um comentário sobre algo que alguém escreveu. Nada a dizer, pois.

Segafredo – Por quê vc não deixa de ser implicante com o maior de todos? Não vai publicar nada sobre a nova pesquisa da GPDA, onde o seu preferido perdeu de novo??
RESPOSTA – “Maior de todos” e meu “preferido”. Não tenho a menor ideia do que você está falando.

Mermermentolino – Quantos aos carros da sua coleção, liste os em ordem de importância (sei que é duro, mas não precisa ser tão rigoroso).
RESPOSTA – A lista já foi dada e gosto de todos igual. Que nem filho.

Diego – Qual seu prato favorito?
RESPOSTA – Massa. Particularmente uma que fiz um dia, receita da querida Carolina Mendes que divido com vocês:
1 embalagem de penne 500g
6 colheres (sopa) de azeite
1 xícara (chá) de creme de leite (sem soro)
6 figos, cortados em 4 partes
Sal e pimenta-do-reino a gosto
4 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado
1 xícara (chá) de mascarpone
200g de presunto parma, em tiras

Modo de preparo

Numa tigela pequena, junte o mascarpone, o creme de leite, o queijo parmesão com a ajuda de um batedor misture bem até envolver bem todos os ingredientes.
Tempere o molho com sal e pimenta do reino e reserve.
Cozinhe o macarrão, escorra.
Numa panela coloque a mistura de queijos e creme de leite, o macarrão cozido e o azeite.
Quando a mistura estiver quente, coloque em uma forma refratária.
Junte o presunto parma e misture delicadamente.
Decore com os figos e sirva a seguir.

Cheese-salada do Chicohamburger: delícia

Mas se me oferecerem um cheese-salada do Chicohamburger, também fico feliz.

Lucas Robles – Muito boa a iniciativa! Apenas me apresentando, tenho 30 anos e acompanho o site e o blog desde o início e nem preciso dizer o quanto gosto do conteúdo e do assunto né? Brincadeiras à parte e respondendo ao tema proposto, se um cara como eu (que trabalha na área administrativa de uma multinacional) aproveitasse a oportunidade para te pedir uma entrevista para trabalhar com você em um novo projeto, parceria ou até quem sabe para ser mais ativo e influente junto à CBA e mudar a história do esporte (que tanto amo e acompanho) em nosso país, você daria essa chance ou pensaria no assunto? Até que ponto você está disposto a ir por esse esporte/profissão? O que é preciso para trabalhar com você, quais são as características que mais te admiram e importantes pra você em um profissional?
RESPOSTA – Não entendi direito. Você quer me entrevistar, ou ser entrevistado? Quer apresentar um projeto para ser mais ativo junto à CBA e mudar a história do automobilismo? Para mim? Pode apresentar, mas eu acho melhor encaminhar direto à CBA. Não tenho nenhuma pretensão de ser influente junto a entidade alguma. Meu trabalho é outro. Não me sinto na obrigação de fazer nada pelo esporte além daquilo que fazemos diariamente, que é tratá-lo com seriedade e responsabilidade deste lado do balcão. O que acontece do outro lado é com quem está lá, não comigo. Apontamos problemas e, eventualmente, sugerimos soluções. Mas, repito, não é nossa obrigação, dos jornalistas, participar de qualquer esporte na condição de agente. Apuramos, reportamos, cobramos, opinamos. Mais do que isso é extrapolar as nossas funções. Para trabalhar aqui, é preciso saber escrever, ter noção do nosso papel no universo que cobrimos, conhecer o assunto e se interessar por outras coisas. Gente que acha que automobilismo é a única coisa importante do mundo não me interessa.

D – pergunta confusa em português tosco, escrita no teclado do telefone: Você não acha que a formula 1 deveria ser mais perigosa para os pilotos? Mais perigosa no sentido de menos punições por disputas agressivas, carros mais rápidos, mais “nervosos”. Afinal eles ganham bem ou pagam bem pra isso e além do mais os carros são bem seguros hije em dia, se alguém se machucar ou morrer você acha que a imprensa (como seu post de que a indy estaria brincando com fogo) e a categoria devem ficar procurando culpados ou aceitar que isso é característica de um esporte onde os ruscos devem ser sempre ALARP ( as low as reasonably possible)?
RESPOSTA – A pergunta vem num momento em que tudo isso está em discussão, após a morte de Justin Wilson. Não, não acho que eles tenham de ser mais perigosos. Têm de ser cada vez mais seguros. Mas concordo que há um excesso de punições e tentativas exageradas de domesticar todo mundo. Isso, em certa medida, tolhe o talento dos pilotos e reprime suas características naturais. Nos casos de acidentes, fatais ou não, acho que o esforço para compreender suas razões e trabalhar no sentido de evitá-los é muito mais importante do que caçar bruxas e buscar assassinos. Minimizar riscos. É disso que se trata.

Bruno Pracideli – Gostaria de saber quando surgiu sua paixão por carros antigos e como é manter uma coleção? Parabéns pelo trabalho!
RESPOSTA – Desde moleque. Minha coleção de carrinhos de ferro (como chamávamos as miniaturas antigamente) sempre teve calhambeques e velharias em geral. Meu primeiro carro de verdade eu queria que fosse um antigo. Mas meu pai me deu um moderninho. Só que quando pude comprar um com meu dinheiro, foi um DKW. Sobre a coleção, já falei bastante em outras perguntas. O importante é ter os carros por perto e, na medida do possível, andar com eles. Só ando de carro antigo. Não tenho carro novo.

Eduardo Cordeiro – O que costuma fazer nas horas de lazer com sua esposa (você tem uma?), e filhos?
RESPOSTA – Eu e minha namorada (sou divorciado) vamos ao cinema, a restaurantes, botecos, churrascos, feijoadas, jogos de futebol, piqueniques no parque, andamos de bicicleta, viajamos de Kombi, vemos TV, fazemos trilhas, passeios de lambreta, mergulhamos em cachoeiras (isso é mentira, nem sei onde tem cachoeira), tudo que gente normal faz. Meus filhos são adolescentes e a gente faz bastante coisa juntos, mas é claro que os interesses deles, nessa idade, são bem particulares e eles não querem sair com o pai todo dia.

Com a Kombosa e a Aguena em Montevidéu: viajamos de Kombi, coisa que qualquer pessoa normal faz

Daniel Modernel – Flavio tudo bem? Não vou fazer perguntas políticas, pois discordamos nesta vertente e não acho legal tentar convencer alguém de algo que acredita. Também não quero falar de Formula 1 ou esporte a motor pois você sempre deixa claro seu posicionamento em quem foi o maior de todos os tempos, Senna x Piquet, etc, e aqui concordo com tudo o que diz! Sobre futebol, tenho pensamentos iguais e distintos de você o que tornaria interessante, mas quero aproveitar melhor minha chance, portanto se me permitir e ninguém tiver perguntado antes tenho 5 questões pra você: 1- De todas suas viagens a trabalho, qual você mais gostou e por que? 2- De suas viagens e aventuras a lazer, qual você mais gostou e por que? 3- A respeito de carros, por que gosta tanto de carros mais antigos? 4- Se você pudesse voltar no tempo, em algum lugar do seu passado, gostaria de reviver que época? 5- Se você não fosse jornalista, gostaria de ter feito o que?
RESPOSTA – Vamos lá. 1) Foram algumas centenas, quase 300 GPs, e depois de um certo tempo as coisas começam a ficar repetitivas. Então, apesar de não gostar do país, elegeria a Olimpíada de Pequim como uma viagem de trabalho interessante. As duas coberturas em Le Mans também foram legais. E uma que não esqueço foi a de Indianápolis em 1992, minhas primeiras 500 Milhas. 2) Não sou um aventureiro contumaz. Nunca pulei de paraquedas, nem desci corredeira de caiaque. Mas minha viagem pelo Leste europeu e pela antiga Alemanha Oriental em 2009, com Gerd, tem um lugar especial no meu coração. Nossa viagem de Kombi até Montevidéu no fim do ano passado também é inesquecível. Adoro o Uruguai. E viajar de carro antigo é o máximo. 3) Já respondi. 4) Do meu passado? Outro dia fiz uma lista disso. Vou escrever sobre o tema qualquer dia desses. Elenquei uns 20 “melhores momentos” que gostaria de viver de novo. 5) Arquiteto. Queria ser arquiteto e fazer prédios modernistas como Abrahão Sanovicz.

Malago – Flavio, se você fosse presidente da CBA, o que mudaria (tanto para pilotos, quanto para os fãs, lembrando dos custos absurdos que temos hoje) para fazer do esporte mais atrativo no Brasil? E se fosse presidente da FIA?
RESPOSTA – Já respondi, não? Apostaria em categorias de base de fórmula, tentaria trazer as montadoras para as pistas e cuidaria dos autódromos. Na FIA, mexeria na Fórmula 1. Acho o regulamento técnico, especialmente esses motores incompreensíveis e silenciosos, um horror.

Leon Neto – hahaha… boa, Gabriel!
RESPOSTA – Outro comentário a alguma pergunta. Do Gabriel Araújo sobre Imola, porvavelmente. Nada a responder.

Em Suzuka, final da temporada de 2000: antes, só Japão e Austrália eram distantes

Rodrigo Correa – Sente falta de viajar o mundo e cobrir as corridas in loco? Por que você deixou de rodar o mundo atrás da F1? Falta de oportunidade dos veículos em que trabalhava ou opção de vida mesmo?
RESPOSTA – Não. Quando comecei a cobrir F-1, o calendário tinha 16 corridas, havia mais espaço entre elas, e longe, de verdade, só Japão e Austrália. Quando começaram a entrar países como Malásia, China, Bahrein, Abu Dhabi, Cingapura, Índia e Coreia do Sul, percebi que meu tempo de viajar tinha passado. Distâncias enormes, muito tempo em avião e aeroporto, filhos crescendo, o Brasil vivendo um momento muito legal com a eleição do Lula, comecei a correr de carro antigo, achei que já tinha dado. Além do mais, cobri F-1 “in loco” num momento muito interessante da categoria, com Senna, Prost, Piquet, Mansell, Schumacher. Vi e conheci o que queria conhecer. Gosto da Europa, e tem cada vez menos corrida lá. Acabaram com os GPs da França, de Portugal, até da Alemanha, neste ano. Entendi que podia tomar outro caminho, em TV, e fui em frente. Mas é claro que mantive um pé no automobilismo, com o site. “Foi. Não será de novo. Lembre.” Já citei a frase. Não fico remoendo ressentimento algum por não ir mais às corridas fora do Brasil. Estou em outra, a fila anda, vamos em frente. Se eu quisesse ter continuado, não teria nenhuma dificuldade.

Aninha Loira – FG, você se lembra de mim?
RESPOSTA – Não.

Rodrigo Correa – Qual o verdadeiro motivo da saída do Rubinho das transmissões da Globo. Foi dito que ele teve problemas com a equipe. Com quem? Qual foi o problema?
RESPOSTA – Quase tudo que sei é de ouvir falar e de ler em sites de fofocas sobre bastidores da TV. Aparentemente, houve alguma saia-justa. Mas não estou autorizado a revelar o que colegas me contaram em conversas privadas. Nem tudo que é notícia em potencial vira notícia. Se pediram para não contar, não conto. Sou leal com os amigos. Em alguns momentos, infelizmente para os leitores, a gente tem de guardar segredos.

[bannergoogle]Ricardo – Acompanho seu blog há anos, mais precisamente quando você postou o clipe da Honda com a música “Impossible Dream”, em 2004/2005, se não me engano. Confesso que o seu blog poderia ser cobrado o acesso e eu pagaria feliz por isso. Faria assinatura eterna dele, feliz da vida. Algumas vezes postei comentário, já fui mal respondido por você, comprei sua camisa (podia fazer mais, hein?), enfim, vivemos, mesmo que você não saiba, uma relação entre tapas e beijos. Tem dia que tenho prazer em te ler, tem dia que fico irritado com seus posts e respostas mal educadas aos comentários, pertinentes ou não, pelo simples fato de divergirem de você. Vejo você como um sujeito que “se acha”, fumante inveterado, que deve ser um chefe insuportável, daqueles que exige muito, que briga com subordinados aos berros e palavrões quando não é atendido. Mas que também é amigo dos amigos, dedicado, companheiro e leal. Acredito que você vive aqui um papel, interpreta uma personagem, pregando uma postura política socialista como sendo certa, mas sobrevivendo a partir de um universo essencialmente materialista e fútil, ante as urgências do mundo. O que você quer da vida, agora e para o futuro? Como é ser “Flávio Gomes”? Sucesso e felicidades.
RESPOSTA – Adoro essas ilações… Bem, não sou fumante inveterado, não sou um chefe insuportável, nunca briguei com nenhum subordinado (só fui chefe na “Folha” e, obviamente, no Grande Prêmio), nunca berrei com ninguém, nunca dei um grito numa redação. Nunca demiti ninguém, inclusive. Não interpreto nada, sou assim, e já falei, em outras respostas, que esse silogismo mequetrefe – “o cara é socialista, socialista não gosta de gente rica, automobilismo é coisa de gente rica, o cara não pode gostar de automobilismo” – não passa de rematada bobagem. Gosto do que quiser, penso o que quiser, sobrevivo do meu trabalho, considero-o digno como qualquer outro, não faço mal a ninguém, me considero uma pessoa justa e honesta, e o que quero da vida é apenas seguir sendo o que sempre fui. “Como é ser Flavio Gomes” parece pergunta da Marília Gabriela. É assim, ó: é acordar cedo, fazer esporte, conviver com os amigos, trabalhar duro, namorar, educar meus filhos, ver jogo da Lusa, andar de carro velho, correr, correr, correr, e no fim do dia, dormir.