Blog do Flavio Gomes
F-1

NIPÔNICAS (3)

ILHABELA (não tem milagre) – Cingapura foi o tal de ponto fora da curva, expressão que todo mundo usa hoje em dia, mas foi inventada, de verdade, por Vicente Matheus. Japão foi ponto na curva de novo. Ô corridinha chata. Ô corridinha previsível. Ô como a chuva só vem no dia errado. A passividade de Rosberguinho […]

jap015gggILHABELA (não tem milagre) – Cingapura foi o tal de ponto fora da curva, expressão que todo mundo usa hoje em dia, mas foi inventada, de verdade, por Vicente Matheus. Japão foi ponto na curva de novo. Ô corridinha chata. Ô corridinha previsível. Ô como a chuva só vem no dia errado.

A passividade de Rosberguinho em Suzuka foi irritante. O cara na pole, a chance de reduzir um pouco a diferença para Hamilton, mas que nada… Na largada, Lewis foi à luta e antes de terminarem os “S” já estava em primeiro. Nico deu uma esparramada e ainda foi ultrapassado por Vettel e Bottas. Caiu para quarto. Acabou a corrida.

A largada alijou da disputa Massa e Ricciardo. O australiano lambeu com seu pneu traseiro esquerdo o dianteiro direito do brasileiro. Ambos furaram. End of story para os dois.

O saldo do início de prova foi bom para Grojã e Maldanado, em sexto e sétimo. O venezuelano tinha largado em 11º. Estava de bom tamanho. Outro que apareceu bem foi Alonso, em nono. Isso tudo na terceira volta. Mas aí todo mundo começou a passar o espanhol, coitado. Sainz, Ericsson, Nakajima, Katayama, Suzuki, Sato, Kobayashi, Nissan, Yamaha, Subaru, Sanyo, Toshiba, o que começou a irritar Fernandinho.

[bannergoogle] Na volta 10, Hamilton já tinha 12s de vantagem para Rosberg, em quarto. Tudo muito fácil. Mesmo se o alemão conseguisse se colocar em segundo, em algum momento, a distância seria intransponível. Vettel, que escoltava o líder, também não ameaçava, 5s8 atrás.

Começam os pits na volta 10. Bottas vai na 12ª e a Mercedes, pelo rádio, manda Rosberg acelerar com gosto. No fundo, a burocracia de sempre para recuperar, com o carrão que tinha nas mãos, aquilo que perdera na largada. Vettel parou e nada de Mercedes nos boxes. Raikkonen veio logo depois. Na volta 15, a dobradinha prateada se desenhava, quando a equipe chamou Nico, na passagem seguinte. Ele voltou em quarto de novo, atrás de Vettel e Bottas. Não adiantou muito atrasar um pouco a parada. Um pouco de paciência para tentar de novo na segunda janela de pit stops, talvez.

Hamilton tinha 28s sobre Vettel quando parou, na 17. Na 18, Rosberguinho, decidiu resolver na pista o que não funcionara nos boxes, num raro momento de disposição. Passou por Bottas como se ele estivesse parado e assumiu a terceira posição. Fácil como cortar manteiga com faca quente. Aí, mirou no carrinho vermelho na frente dele. Vettel era o objetivo.

Mas era Vettel. Com ele, não tem nem aquele negócio de chegar é uma coisa, passar é outra. Rosberg nem chegou. Nesse caso, achou por bem esperar um pouquinho, até o pit stop. Burocrático. Sem assumir riscos.

Enquanto isso, a irritação de Alonso com a tranqueira da McLaren só aumentava. Quando foi ultrapassado por Verstappinho, na volta 26, disparou pelo rádio: “GP2, GP2 engine!“, e foi dizer isso no Japão, na casa da Honda. Precisa tanta humilhação?

Precisa. Mas não sei quais serão as consequências. Há quem considere que foi deselegante, que não precisava dizer o que disse publicamente. Ocorre que quem escolhe o que vai para o ar dessas comunicações via rádio entre piloto e equipe é a FIA. Falam-se coisas do arco da velha durante a prova inteira, em todos os times. Alonso não esculhambou seu motor publicamente. Ele reclamou com sua equipe. Se a queixa foi para o ar, não é problema dele. Não coloquem na conta do cara. Fernandinho tem motivos de sobra para estar puto dentro do macacão.

Na 28ª volta, segunda parada de Raikkonen. Nico foi para os boxes na volta seguinte. Bottas idem, mas a parada foi lerda, para variar, e Kimi ganhou a posição do piloto da Williams. Na volta 31, Sebastian fez seu pit stop e Rosberguinho, que vinha voando, finalmente levou o ferrarista de roldão e assumiu o segundo lugar, onde ficaria até o fim dos tempos, se deixassem.

Tranquilo, Hamilton parou na 32, depois de acompanhar todo o trabalho dos demais. Voltou em primeiro, sem sustos. As posições se acomodaram. A diversão era ouvir o rádio de Alonso. “The drivers we are racing with, unbelievable…”, resmungou, quando se deparou com Stevens, Rossi, Nasr… “Até o Yoong me passou. Olha lá o Rosset. E o Baumgartner? Só falta o Rubinho!”

Na volta 45, Verstappinho passou Sainz sem pedir autorização e assumiu o nono lugar. Max tinha largado em 17º. Carlos, em décimo. De novo o jovem holandês, prestes a completar 18 anos, foi o showman do domingo. O menino é um fenômeno. Mas a corrida era ruim, tanto que a direção de imagens resolveu se concentrar no terceiro escalão, a partir do 12º colocado. Sonyericsson segurava um monte de gente, sendo Pérez o primeiro da fila. Demorou bastante, até que Maria do Bairro passou o sueco da Sauber, na volta 50. Muito esforço por nada. Depois do décimo ninguém não marca ponto.

Fim de prova, Hamilton, Rosberg, Vettel, Raikkonen, Bottas, Hülkenberg, Grosjean, Maldonado, Verstappen e Sainz fecharam o top 10. Foi a oitava vitória do inglês no ano, 41ª na carreira, igualando, por fim, seu maior ídolo Senna.

Se emocionou? Provavelmente. Mas a festa do pódio foi rigorosamente “standard”, com alguma frieza entre os pilotos da Mercedes. Nico não está nem aí com a rapadura. Lewis foi a 277 pontos, abrindo 48 para seu companheiro de equipe. Sebastian, que tinha ficado animadinho em Cingapura, se afastou novamente e tem 218. Raikkonen foi a 119 e Bottas ampliou a vantagem para Massa na quinta colocação — 111, contra 97 do brasileiro que nada pôde fazer em Suzuka depois de cair para último e perder volta com o pneu furado da largada.

As coisas voltaram aos seus lugares. O pequeno susto que a Mercedes levou em Marina Bay não durou uma semana.