Mas já falamos da classificação. Antes, tiremos o chapéu para o torcedor mexicano. O que era aquele autódromo lotado até a tampa, bicho? Alguém ainda fala “bicho”? As imagens das arquibancadas do velho estádio de beisebol, onde ficava a Peraltada, eram impressionantes. Não cabia mais ninguém, gente saindo pelo ladrão. Bonito de ver. E quando Pérez passava, “oooohhhhh!”. Maior barato. Os mexicanos estavam com saudades. Fazia 23 anos que a F-1 não passava por lá. Estão tirando o atraso.
364,4 km/h. Foi o que Massa alcançou no fim da reta dos boxes no Q1, a maior velocidade da F-1 na temporada, superando a marca de Hamilton ontem. Já expliquei, explico de novo. O ar mais rarefeito, por causa da altitude da Cidade do México (2.250 m acima do nível do mar), ajuda nessas horas, já que sua resistência é menor. Mas apesar disso, o brasileiro passou no sufoco. Eliminados: Button, que nem treinou, Alonsito, Stevens, Rossi e Felipe II, que amargou mais uma derrota para o espevitado Sonyericsson. Nenhuma surpresa. São sempre os dois da Manor-Marussia, a dupla da McLaren e um da Sauber. Desta vez, coube a Nasr ficar pelo meio do caminho.
[bannergoogle] Detalhe que me parece relevante. Button trocou tudo que tinha direito no carro, menos o carro propriamente dito. Foi motor, foi câmbio, foram os dois motores elétricos, o turbo, os instrumentos, o filtro de óleo, o cinto de segurança, o CD (por um MP3 mais moderno), o vidro elétrico, o ar-condicionado, o extintor e o triângulo. Perdeu 50 posições no grid. Cinquenta. Larga de Cancún.
No Q2, Hamilton deu uma animadinha e conseguiu ficar em primeiro. A decepção foi Kimi Deu Essa Pimenta, 13º depois que um problema no último treino livre levou a Ferrari a trocar motor e câmbio de seu carro — por isso perdeu cinco posições no grid e larga em 18º; o finlandês completou 100 GPs desde sua última pole, em 2008. Caíram a dupla da Lotus, Maldanado e Grojã, Sainz Idade e Marânus, o sueco da Sauber. Tudo normal de novo.
E Rosberg, no Q3, retomou as rédeas da brincadeira mexicana e não deu chances a Hamilton, que fez cara de quem comeu guacamole e não gostou. Vettel ficou em terceiro, seguido pela dupla da Red Bull que andou surpreendentemente bem no Hermanos Rodríguez, com K-Vyado em quarto e Ricardão em quinto. Sapattos, Massacrado, Verstappinho, Maria do Bairro (para alegria dos muchachos) e o Poderoso Hulk fecharam a lista dos dez primeiros no grid.
Bem, a corrida não vale nada, porque o título está decidido e na F-1 não tem G4 que classifica para a Libertadores, nem zona de rebaixamento. Os pilotos tendem a se divertir em corridas assim. Mas para um deles em especial este GP tem importância acima do normal: Rosberg. Desprezado, humilhado, engolido e zoado por Hamilton há meses, está na hora de o alemão mostrar algum brio. Mostrar para a Mercedes que não é um zé-ninguém condenado a ser trucidado por um companheiro de equipe que chegou ao time depois dele. Mostrar para o público em geral que merece alguma admiração e respeito.
E, sobretudo, mostrar a si mesmo que é capaz de bater Hamilton.
Ah, a foto de hoje é da Toro Rosso, que também quase nunca aparece aqui, coitada. Manja a multidão no estádio. Demais.