Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

OURO PURO

SÃO PAULO (olhem para isso) – No grid, 38 carros. Para guiá-los, 87 pilotos. Depois de quatro horas de corrida, 22 dos que largaram viram a quadriculada. Isso foi a Cascavel de Ouro, a prova de longa duração mais tradicional do Paraná, disputada domingo no oeste do Estado. Não importa quem ganhou — mas se […]

SÃO PAULO (olhem para isso) – No grid, 38 carros. Para guiá-los, 87 pilotos. Depois de quatro horas de corrida, 22 dos que largaram viram a quadriculada. Isso foi a Cascavel de Ouro, a prova de longa duração mais tradicional do Paraná, disputada domingo no oeste do Estado.

Não importa quem ganhou — mas se vocês tiverem muita curiosidade, o resultado está aqui. Em provas como essa, o que importa é entender o que aconteceu. E como aconteceu. E que tipo de sentimento essas corridas provocam (leiam o texto do comunista Luciano Monteiro aqui; escreve muito bem, o garoto, tanto que noto algumas referências literárias contrabandeadas numa frase ou outra).

Grid de 38 carros é coisa rara no Brasil. Com nove modelos diferentes, produzidos por seis fábricas, todos dentro do mesmo regulamento técnico, não existe, simplesmente. Estavam lá a Ford (Ka e Fiesta), a Fiat (Palio), a GM (Celta, Corsa e Classic), a VW (Gol), a Peugeot (207) e a Renault (Clio). Aí eu olho a foto lá embaixo, do Vandré Dubiela, e me pergunto: por que diabos não temos um verdadeiro campeonato de Marcas com a participação das montadoras no Brasil?

Esqueçam esse que hoje é chamado de Brasileiro Marcas. É legal, os carros se parecem com carros de verdade, mas a motorização é a mesma para todo mundo, custa caro, é quase proibitivo para a moçada que bota a mão no bolso para correr. Faz parte de um outro universo do automobilismo nacional, aquele que envolve pilotos e patrocinadores de alguma forma ligados à Stock, é outra história. Falo de algo parecido com o que havia nos anos 80 e 90 — Escort enfrentando Passat, encarando Chevette, desafiando Voyage, brigando com Uno.

Está cheio de fábrica de automóvel no Brasil. Todas elas têm modelos semelhantes, sejam com motores 1.0, sejam com motores 1.6. Fico imaginando um grid com todas elas — VW, Ford, Fiat, GM, Hyundai, Peugeot, Citroën, Renault, Honda, Toyota, Nissan, e devo estar esquecendo alguma. Regulamento simples, preparação limitada, torcidas nas arquibancadas (na Argentina é assim), modelos de rua identificáveis pelo público, TV, pilotos jovens e velhos, automobilismo de raiz.

É papel da CBA pensar nisso com seriedade. Dá para fazer. É só ter vontade. Dá trabalho. Mas é possível.