Blog do Flavio Gomes
Dica do dia

DICA DO DIA

SÃO PAULO (longa vida) – É bom quando surge algum sinal de que o jornalismo, nestes tempos digitais, está encontrando caminhos. “Calle 2” é uma revista eletrônica com narrativas da América Latina, que acaba de entrar no ar. De cara, uma entrevista excepcional com Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Cada resposta é uma aula. Essencial. […]

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SÃO PAULO (longa vida) – É bom quando surge algum sinal de que o jornalismo, nestes tempos digitais, está encontrando caminhos. “Calle 2” é uma revista eletrônica com narrativas da América Latina, que acaba de entrar no ar. De cara, uma entrevista excepcional com Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Cada resposta é uma aula. Essencial.

O tratamento gráfico das páginas é muito elegante, as fotos são lindas, os textos, exemplares. Aqui, os criadores Ana Magalhães, Guilherme Soares Dias e Julio Simões falam do projeto, que nasceu da paixão pelo ofício e, sobretudo, da necessidade de conhecermos melhor nossos vizinhos.

E por que “Calle 2”? A resposta está na apresentação do site, que reproduzo:

A Calle2 não é uma rua qualquer. É o ponto mais ao norte da América Latina. Fica no povoado de Los Algodones, na fronteira do México com os Estados Unidos, a 241 km de Tijuana.
É uma rua árida e empoeirada, mas simpática. Em quatro quarteirões, a calle 2 tem placas – todas em inglês – de 25 dentistas e nove óticas, que atraem gringos para consultas baratas. Tem um carrinho de cachorro quente, terrenos baldios usados como estacionamento e um moço de chapéu de palha. Tem caminhonetes antigas, uma agência do HSBC, uma padaria e três farmácias. Tem um mercadinho que vende tapetes coloridos, casinhas caindo aos pedaços e três senhoras entediadas sentadas na calçada.
Não visitei a calle 2 (só a vi virtualmente até onde os furgões do Google conseguiram fotografar), mas tenho a impressão de que naquele vilarejo de cinco mil habitantes as pessoas caminham num outro ritmo. O ritmo do deserto.
A calle 2 termina em um posto fronteiriço. Do lado de lá, vira a Algodones Road, ganha uma faixa amarela no meio do asfalto e percorre vários quilômetros no vazio do deserto até chegar à cidade de Phoenix, nos Estados Unidos.

É muito simbólico. É na calle 2 que começa (ou termina) a América Latina. Ela pode ser uma síntese do que somos, ou do que não queremos mais ser. “Calle 2” vai discutir todos os temas relevantes do nosso continente com a profundidade que eles exigem.

O jornalismo respira.