Blog do Flavio Gomes
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SÃO PAULO (seguimos, claro) – Quis o destino que este blog fizesse dez anos num sábado. Quis o destino que este blogueiro, que trabalhou praticamente todos os finais de semana de sua vida entre 1988 e 2013, tenha tido uma folga no mesmo sábado. Por isso, respeitando a mim mesmo, simplesmente não abri o computador […]

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Folguinha e viagem de DKW: o blogueiro merece

SÃO PAULO (seguimos, claro) – Quis o destino que este blog fizesse dez anos num sábado. Quis o destino que este blogueiro, que trabalhou praticamente todos os finais de semana de sua vida entre 1988 e 2013, tenha tido uma folga no mesmo sábado.

Por isso, respeitando a mim mesmo, simplesmente não abri o computador sábado, dia 5 de dezembro de 2015, data do décimo aniversário desta página.

E por que o faria? Estava em Serra Negra com amigos, namorada, meus pais e um dos meus irmãos, depois de uma deliciosa jornada na sexta-feira — de DKW e Fusca até o hotel-fazenda onde ficamos para bater papo, tomar umas, falar de carro antigo e pular na piscina.

Viajar de carro antigo, desde que passei a ter alguns finais de semana de folga (quando não tem F-1 ou Fórmula E, ou outra coisa qualquer para a qual me convocam), passou a ser uma das minhas curtições de garotão de meia-idade. Não tenho medo de colocar meus velhinhos na estrada para jornadas não muito longas, no entorno de São Paulo tem bastante coisa para ver e fazer em dois dias.

A Kombi velha de guerra tem sido assídua nessas breves escapadas, e a ela este blog deve sua primeira campanha aberta, de indignação pelo fim dos motores a ar que a VW anunciou justo naquele mês de dezembro de 2005 — foi tema do primeiro dos 19.935 posts (incluindo este) publicados deste então.

E desde então aconteceu muita coisa. Surgiu o #96, e em torno dele pessoas que fazia muito tempo não apareciam em Interlagos voltaram a frequentar o autódromo para ver o bravo DKW correndo. Blogueiros históricos, como o inesquecível Veloz HP, nos deixaram. Minha estranha paixão por carros soviéticos foi exposta e levada ao extremo de fazer um Lada de corrida, o igualmente inesquecível Meianov. Muita gente se conheceu por aqui, saindo da tela para o mundo real. Viajamos o mundo, pegamos carona com Gerd, falamos de futebol, de política, de corridas, de carros, de tudo um pouco. Ganhamos até um prêmio, no ano passado.

Muitos, eu diria que a maioria, dos 19.935 posts publicados o foram a partir de mensagens que vocês me mandam o tempo inteiro. São 4.020 dias escrevendo, uma média de cinco posts por dia, 814.922 comentários publicados — 203 por dia, quase nove por hora, 41 comentários, em média, a cada postagem.

São números expressivos, mas ligo cada vez menos para eles. Se me perguntarem qual a audiência desta página em visitas e pageviews, não sei, já tem um bom tempo que não consulto as estatísticas, elas não me dizem nada. O que me diz alguma coisa é saber que alguns milhares de leitores e leitoras passam por aqui todos os dias, ou de vez em quando, e param por alguns instantes para ler. E perdem alguns minutinhos de suas vidas apressadas para escrever algo — concordar, discordar, opinar, acrescentar alguma informação, trocar experiências, conversar, se relacionar.

São dez anos, já. A vida de nenhum de nós é igual ao que era há uma década. Salvo engano, não existiam outras ferramentas como Facebook e Twitter, que passaram a “concorrer” — e uso as aspas porque não me sinto concorrendo com ninguém, mas do ponto de vista prático isso acontece — com os blogs. Leitores chegaram e foram embora. Outros novos surgiram. Gente que não aguentava mais me ouvir falar de DKW, Lada, Kombi, postos de gasolina e Portuguesa se mandou para nunca mais voltar.

Mas sempre aparece alguém por aqui, todos os dias. E enquanto vocês existirem, enquanto alguém se interessar por aquilo que eu tenho a dizer, o blog existirá.