Blog do Flavio Gomes
Autódromos

NA PARAÍBA

SÃO PAULO (por que não?) – Bem, sempre faço as ressalvas de praxe quando se trata de projeto de autódromo no Brasil. Quantos já foram anunciados aqui que nunca saíram do papel? Em compensação, teve coisa que virou realidade, sim. O Circuito dos Cristais, em Curvelo, é o maior exemplo. Agora, a Paraíba. Quando eu […]

SÃO PAULO (por que não?) – Bem, sempre faço as ressalvas de praxe quando se trata de projeto de autódromo no Brasil. Quantos já foram anunciados aqui que nunca saíram do papel? Em compensação, teve coisa que virou realidade, sim. O Circuito dos Cristais, em Curvelo, é o maior exemplo.

Agora, a Paraíba.

Quando eu estava lá, semana passada, recebi um e-mail do leitor Carlos Ribeiro com informações sobre um autódromo que está sendo construído a 30 km da capital, na direção de Campina Grande. Não tive tempo de ver nada de perto, mas agora dei uma pesquisada e, sim, tem mais um autódromo saindo do forno, ainda que em silêncio.

[bannergoogle] O Autódromo Internacional da Paraíba já existe, de certa forma, como se pode ver pela foto mais abaixo. Há uma reta já asfaltada, e um edifício de boxes sendo construído. No dia 24 de janeiro haverá uma prova de arrancada, como se lê aqui, dando início às atividades no local.

O empresário Fernando Monteiro é o responsável. Não o conheço, mas encontrei esta entrevista com ele aqui, de 2011, e por ela é possível traçar um breve perfil dele. Entusiasta de corridas desde os anos 60, pioneiro do kart no Nordeste, o ex-piloto de família abastada construiu uma pista de terra há alguns anos numa região que acabaria se transformando numa das mais valorizadas de João Pessoa. Essa área fica no chamado Altiplano, que virou bairro rico da cidade, repleto de edifícios enormes com vista para o mar (mas afastados da orla) e de condomínios residenciais. Monteiro deve ter feito muito dinheiro com esses terrenos.

Ali ficava um autódromo/barródromo/kartódromo chamado Mario Andreazza, bajulação que não me agrada muito. Andreazza, militar gaúcho, foi um dos mais proeminentes ministros da ditadura, tendo servido aos governos de Costa e Silva, Médici e Figueiredo. Na pasta dos Transportes, cometeu a aberração da Transamazônica e foi o responsável pelas obras da Ponte Rio-Niterói.

Posso estar sendo tremendamente injusto, mas a impressão que tive ao ler a entrevista de Monteiro foi a de estar ouvindo um daqueles coronéis nordestinos que fizeram a má fama da elite local. Mas repito: posso estar sendo tremendamente injusto. Não conheço sua história e me baseio apenas no que ele mesmo conta, o que inclui relações muito íntimas com o poder político do Estado e projetos mirabolantes como levar a Indy para a Paraíba com a ajuda de Emerson Fittipaldi — a quantidade de “iniciativas” envolvendo Emerson nos últimos anos é gigantesca.

 

Bom, são apenas ilações, e neste momento o que mais me importa é ver se esse negócio sai mesmo, como parece que vai sair — a promessa é de que fique pronto em meados do ano que vem. Há um vídeo de apresentação no fim do texto, que informa que a pista terá três traçados distintos, o maior deles com cerca de 3,5 km de extensão, mais hotel, restaurante, torre de controle, 30 boxes e tudo mais. O vídeo não é grande coisa — uma animação por computador meio simplória, sem detalhes relevantes, meio tosca, até. Mas isso é o de menos se o autódromo virar realidade e se tudo for feito, como se diz, “nos conformes”.

Monteiro parece ser um milionário disposto a levar o automobilismo para a Paraíba, e não há mal nenhum nisso. Tomara que dê muito certo e que o país ganhe mais um circuito em condições de receber todas as categorias que quiserem correr lá. Tem uma página sobre o autódromo no Facebook para quem quiser se manter atualizado, mas o site do empreendimento não está ativo ainda.

Vamos acompanhar de perto, e peço aos nossos blogueiros paraibanos que nos mantenham informados. Porque se eu já estava pensando em morar em João Pessoa num futuro próximo, a ideia acaba de ganhar um grande aliado chamado Autódromo Internacional da Paraíba. Não vivo sem uma pistinha de corrida…