SÃO PAULO (muito respeito) – No dia 16 de fevereiro de 2005, Hubert Kriegel montou numa moto com sidecar em Nova York e saiu para dar uma volta.
Ao mundo.
Amanhã faz 11 anos que ele partiu.
Foram anos como dono de gráfica, corretor de imóveis e proprietário de clube noturno, até um jantar no fim de 2004 com um amigo. Na conversa, a conclusão: se eu continuar vivendo aqui e trabalhando desse jeito, daqui a dez anos estarei pobre igual e dez anos mais velho. Mas se vender o que tenho e sair para uma viagem de dez anos, daqui a dez anos estarei dez anos mais velho e pobre do mesmo jeito. E terei na minha história dez anos rodando o mundo de moto.
Ele foi. Com sidecar, sempre. O barato dele é o side. Depois, descobriu que tinha direito a uma aposentadoria de dois mil dólares, e resolveu continuar andando por aí, sem data para terminar. Mais de 100 países visitados, pausas de vez em quando para pegar um avião e ver a família espalhada pelo mundo, e depois avião de volta até onde deixou a moto para botar o pé na estrada de novo. Essa é a vida de Hubert Kriegel, o cara dos óculos vermelhos, para quem tiro respeitosamente o chapéu.
Pelo que entendi, ele começou a viagem com uma BMW e hoje rasga o planeta de Ural. Leva um laptop e mantém um site que parece ter sido desenhado em 1995 com suas fotos, vídeos e histórias — que ficamos conhecendo graças à dica de Dom Pedro Von Wartburg.
Figura ímpar, que quando perguntado se teve algum perrengue nesses dez anos, responde, com um sorriso: “Não”.
Boa viagem, homem dos óculos vermelhos.