Blog do Flavio Gomes
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INTRIGANTE

[bannergoogle] SÃO PAULO (mas tudo bem) – Agora que os três Impalas foram recuperados, restam algumas dúvidas. – Quem roubou sabia o que estava roubando. Foi atrás de carros específicos, todos do mesmo modelo e marca, em poder de pessoas que tinham em comum o fato de alugá-los para casamentos. – Quem roubou preparou bem […]

[bannergoogle] SÃO PAULO (mas tudo bem) – Agora que os três Impalas foram recuperados, restam algumas dúvidas.

– Quem roubou sabia o que estava roubando. Foi atrás de carros específicos, todos do mesmo modelo e marca, em poder de pessoas que tinham em comum o fato de alugá-los para casamentos.

– Quem roubou preparou bem o terreno e envolveu outras pessoas. Produziu crachás, credenciais e cartas em papel timbrado. Sabia como essas coisas funcionavam na imprensa, quando é preciso um tipo de autorização para uso de imagem etc.

– A coisa foi planejada com antecedência, para dar tempo de fazer os impressos, entregá-los aos proprietários por motoboy e alugar um galpão em Interlagos por um dia.

– Todos os carros eram da mesma região geográfica: Vinhedo, Mogi Mirim e Campinas.

– Portanto, é gente familiarizada com carros antigos, operou naquela região (porque mandou entregar os “documentos” por motoboy) e conhece os procedimentos que a imprensa usa para requisitar veículos para sessões de fotos.

– Com esse perfil, por que é que o ladrão, ou ladrões, levou essa operação a cabo? Se o cara conhece o meio de clássicos, sabe muito bem que ninguém compraria esses carros, e portanto eles não teriam liquidez. A chance de fazer dinheiro com eles era zero. Desmanchá-los? Para vender as peças para quem, e onde? Elas não têm mercado. Tem bastante Impala por aí, é certo, mas quem tem esses carros sabe onde encontrar peças originais e se relaciona com outros “impaleiros” e colecionadores. Desconfiaria imediatamente de algum lote de peças surgido do nada de repente.

– Encomenda de alguém? Não faz sentido. Quem tem um carro desses quer exibi-lo ou usá-lo de alguma forma. Sabe que não poderá fazê-lo se o carro for roubado.

– Levar os carros para fora do país? Impossível chegar em tempo, numa madrugada, às divisas com Argentina, Uruguai ou Paraguai, por exemplo. O alerta estava dado e carros assim são difíceis de ocultar num caminhão, ainda que fechado. Na fronteira, alguém vai pedir para ver o que tem dentro. Ainda que haja a chance de passar batido, o risco é muito grande. Mandar para fora do país por algum porto? O risco é igualmente alto.

– Sendo assim, é incompreensível a ação dos ladrões. De novo: o cara que orquestrou isso conhece o meio e, portanto, sabia que não teria o que fazer com os carros. A não ser que seja um colecionador excêntrico que se satisfaça em escondê-los em algum lugar, longe dos olhos de todo mundo, para admirá-los solitariamente. Ainda assim, três Impalas? São carros relativamente comuns, de valor relativamente baixo, e não faz sentido algum montar uma operação tão sofisticada sabendo que o fruto do roubo não pode ser convertido em dinheiro, ou em objeto de exibição e uso.

É tudo muito louco. Mistério que só será desvendado se os bandidos forem encontrados. E, por enquanto, só quem sabe quem são eles são os Impalas.

E eles não falam.