Blog do Flavio Gomes
Indústria automobilística

KARMANN MORRENDO

SÃO PAULO (não é possível) – Já tem algum tempo que a Karmann-Ghia está agonizando. A fábrica de São Bernardo do Campo inaugurada em 1960 para fazer os esportivos da Volkswagen, erguida a poucos quilômetros da montadora na Via Anchieta, tem pedido de falência aberto e cerca de 200 metalúrgicos acampam no local para tentar alguma solução […]

SÃO PAULO (não é possível) – Já tem algum tempo que a Karmann-Ghia está agonizando. A fábrica de São Bernardo do Campo inaugurada em 1960 para fazer os esportivos da Volkswagen, erguida a poucos quilômetros da montadora na Via Anchieta, tem pedido de falência aberto e cerca de 200 metalúrgicos acampam no local para tentar alguma solução para seus casos.

“Ah, tá vendo, é a crise, é culpa do PT!”, alguém vai zurrar.

[bannergoogle] Não, não é. É culpa de quem assumiu a fábrica recentemente, que não se preparou, por exemplo, para o fim da produção da Kombi — anunciada com anos de antecedência — e do Gol G4. A Karmann-Ghia, depois que os modelos da VW deixaram de ser produzidos, em 1971, passou a ser uma das mais importantes empresas brasileiras de estamparia, ferramentaria e montagem de auto-peças, atendendo fábricas de automóveis do mundo inteiro. O Land Rover Defender chegou a ser montado ali entre 1999 e 2006 — entre outros tantos carros.

O problema é que, num determinado momento, grande parte de seu faturamento estava relacionado à existência da Kombi e da geração 4 do Gol. Será que ninguém lá dentro, entre os executivos dos grupos que assumiram o comando da Karmann-Ghia cheios de pompa e circunstância, percebeu que seria necessário encontrar novos caminhos? Grupo Brasil e IPL Industrial são os nomes deles.

Parece que não.

A fábrica da Anchieta continua lá, linda e imponente, com o enorme logotipo “manuscrito” dominando sua fachada. Alguém precisa salvar esse patrimônio da indústria brasileira. Não dá para se conformar tão facilmente com a morte de um negócio tão importante. Na Alemanha, a VW não deixou. Quando a Karmann fechou as portas em Osnabrück, no fim da década passada, o pessoal de Wolfsburg foi lá e comprou.