Blog do Flavio Gomes
F-1

BÁ O QUÊ? (3)

SÃO PAULO (só derrota) – Ruim, ruim demais esse GP da Europa. Gozado como são as coisas. A gente aposta num corridão, Hamilton largando atrás tendo de remar um monte, pista de rua, retona de 350 km/h, castelo, Mar Cáspio, ultrapassagens aos montes, o diabo a quatro e… E foi um porre. Rosberguinho largou bem, […]

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SÃO PAULO (só derrota) – Ruim, ruim demais esse GP da Europa. Gozado como são as coisas. A gente aposta num corridão, Hamilton largando atrás tendo de remar um monte, pista de rua, retona de 350 km/h, castelo, Mar Cáspio, ultrapassagens aos montes, o diabo a quatro e… E foi um porre.

Rosberguinho largou bem, manteve a pole, lá ficou, acabou. Quinta vitória no ano, 19ª na carreira. Estancou a sangria. Depois de três provas ruins, em Barcelona, Mônaco e Canadá, o terreno que perdeu para Hamilton na classificação foi parcialmente recuperado. Lewis terminou em quinto. De nove, a diferença na classificação passou para 24 pontos. Pode ter sido a corrida mais importante do ano para o líder do Mundial. Uma nova lanhada seria fatal, acho.

Muita gente achava que na largada poderia rolar alguma coisa legal, tipo bater todo mundo e alguns carros caírem no fosso do castelo, mas não aconteceu nada. Nico-Nico pulou na frente, seguido por Ricardão, Tião Italiano e Kimi Dera Um Castelinho Desses Pra Fazer Umas Festinhas. Hamilton se manteve em décimo, onde estava.

A Red Bull tinha problemas com os pneus. Verstappinho parou na volta 6 e Ricciardo, na 7. Com a parada do australiano, Pérez, a surpresa do fim de semana, já aparecia em quarto. Nesse momento, o drama ferrarista eram os sacos de lixo presos na carenagem de Vettel, já em segundo.

Sebastian foi chamado na volta 9, mas não parou. “O ritmo está bom”, avisou. Kimi, no seu lugar, foi para os boxes. Rosberguinho passeava. Na volta 11, tinha 13s3 de vantagem para o alemão da Ferrari. Na 13, a diferença para Hamilton, o quarto, era de 26s8.

Lewis parou na volta 16, depois de estragar seus pneus em várias travadas de roda. Voltou em nono, mas naquele cenário um pódio era possível se Raikkonen parasse de novo e conseguisse brigar com Pérez. Um quarto lugar, bem provável — de novo, no caso de um segundo pit stop da Ferrari #7.

Só na 21ª volta Vettel foi para os boxes. Rosberguinho parou na 22ª. Tião Italiano voltou atrás de Raikkonen, mas lá pela volta 27 chegou no finlandês — que estava punido com 5s por ter cortado a linha de entrada dos boxes algumas voltas antes. Nem teve briga. Kimi, que fizera seu pit stop na nona volta, saiu da frente e Vettel passou, assumindo o segundo lugar. Rosberg estava 18s6 à frente. Zzzz.

[bannergoogle]Na volta 32, um sustinho. Nico virou 4s mais lento que Vettel. O problema: dois retardados/retardatários na sua frente: Ericsson e Wehrlein disputando alguma coisa sem importância. Problema, mesmo, tinha Hamilton. Em quinto, começou a perder terreno para Pérez, o quarto. Reclamava de falta de potência. Te vira aí, negão, foi o que ouviu pelo rádio. Porque, como se sabe, algumas orientações não podem mais ser dadas pelo rádio. Lewis deve ter mexido nos botões errados. Tipo ligar o limpador de para-brisa em vez do rádio. Ou acender o farol de milha em vez de ligar o ar-condicionado.

Vivia um drama, Hamilton. Sem saber o que fazer para seu carro melhorar, ia dizendo no rádio: vou fazer isso! E respondiam para ele: acho melhor não… Vou fazer aquilo! Olha, creio que não seja uma boa ideia… E, com isso, Pérez já abria mais de 10s para ele. Diferença que, cinco voltas antes, era de menos de 3s.

Sem saber qual botão apertar, Hamilton se estabilizou em quinto. Bottas, o sexto, estava um ano atrás. Aqui, faz-se necessário dizer que, depois da corrida, Toto Wolff contou que Rosberg teve os mesmos problemas com os botões. “Mas ele soube resolver rapidamente e ‘resetou’ o carro”, disse. Hum… Hamilton precisa ler o manual de instruções com mais atenção. Anda saindo demais e estudando de menos.

Na fase final da prova, com quase todo mundo separado por léguas azeris, a TV resolveu mostrar a emocionante disputa pelo 12º lugar entre Alonso e Button. O inglês passou e foi embora. O rendimento de El Fodón era tão ruim que logo depois levou um passão de Nasr. Deprimente, isso. Acabaria abandonando, com problemas no câmbio.

Voltemos à ponta. Rosberg passeava pelas vielas medievais sem ser incomodado por nada, ou ninguém. Fez um city-tour por dez manats, estava em promoção, voltou e seguiu rumo a mais uma vitória.  Vettel, igualmente solitário, caminhava para um segundo lugar sólido e seguro. Raikkonen, em terceiro, precisava ter mais de 5s de vantagem para Pérez para fechar o pódio — estava punido, lembrem-se. O mexicano, que não é bobo, nem nada, sabia que a borracha de Kimi estava no bagaço, encostou e ficou por perto. A quatro voltas do fim, espiava a traseira do finlandês a menos de 2s de distância, margem suficiente para subir ao pódio.

Àquela altura, já estava claro fazia algum tempo que Kimi não faria um segundo pit stop. Sobrou uma briguinha legal entre Ricciardo e Hülkenberg pelo sétimo lugar — o que, convenhamos, não é de emocionar ninguém. Deu Ricciardo, só para constar. Uma volta depois, na penúltima, Verstappinho também passaria o alemão force-índico para ficar em oitavo.

E o Massa? Décimo, numa prova apagadíssima, para não dizer horrível. Seu companheiro de Williams, Bottas, estava em sexto. Felipe largou em quinto. Não se justifica uma atuação tão pobre. Assim como da Red Bull — o sorridente canguru largou em segundo e terminou em sétimo. Ambas as equipes, Williams e Red Bull, tiveram de parar duas vezes. Nota zero pra elas.

Na última volta, com Raikkonen se arrastando com pneus velhos, Pérez acabou passando. O terceirão que seria dele mesmo chegando atrás, por conta da punição ao finlandês, estava garantido também na pista. Justo. Justíssimo. Foi, de novo, o melhor do dia. Sétimo pódio dele na carreira, segundo no ano. O outro, em Mônaco. Bom para os pobres mexicanos, que ontem à noite tomaram de 7 do Chile. Vexame da porra.

Rosberguinho, Vettel, Pérez, Raikkonen, Hamilton, Bottas, Ricciardo, Verstappen, Hulkenberg e Massa ficaram nos pontos do primeiro GP da Europa disputado no Azerbaijão.

Cenário bonito, corrida fraca. Nenhuma batidinha… Aliás, Vettel até elogiou isso, a qualidade dos pilotos. Sei. Para Nico-Nico, no entanto, foi a salvação da lavoura. Ele nunca mais vai esquecer do castelinho de Baku. E poderá respirar tranquilo até a próxima, daqui a duas semanas, na Áustria.