Blog do Flavio Gomes
F-1

CAMPONESAS (3)

SÃO PAULO (uau!) – Que corridaça, essa de Spielberg! E que volta final espetacular! E que presepada do Rosberg. Quer dizer… OK, tem de tentar defender a posição, última volta, tal e coisa, coisa e tal. Mas quando Hamilton colocou por fora, Nico tinha a preferência da curva para a direita, inclusive. Esqueceu a tangência, […]

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SÃO PAULO (uau!) – Que corridaça, essa de Spielberg! E que volta final espetacular! E que presepada do Rosberg.

Quer dizer… OK, tem de tentar defender a posição, última volta, tal e coisa, coisa e tal. Mas quando Hamilton colocou por fora, Nico tinha a preferência da curva para a direita, inclusive. Esqueceu a tangência, deixou o carro esparramar para a esquerda para empurrar o colega, era meio que tudo ou nada. O toque poderia ser fatal para qualquer um dos dois. Foi para ele. A asa dianteira quebrou, Lewis passou, e nos últimos metros o alemão ainda foi ultrapassado por Verstappinho e Raikkonen. Ficou em quarto. A diferença de pontos, que era de 26 pró-Nico antes do GP da Áustria, caiu para 11. Foi a terceira vitória de Hamilton no ano. Nico-Nico no Fubá, hoje, saiu no prejuízo total.

Bom, não choveu, o que ajudou a desembaralhar um pouco o grid zoado de ontem com punições e surpresas por conta da água no Q3 — as maiores delas, Hülkenberg em segundo e Button em terceiro. Na largada, Jenson fez sua parte e pulou para segundo, lembrando os bons tempos em que corria em times que andavam na frente. Hulk não foi bem. Caiu para quarto. E Rosberg, que teria de caçar Hamilton por conta da punição por troca de câmbio, fechou a primeira volta em quinto.

[bannergoogle]O início da prova foi divertido, e Bonitton se sustentou o quanto pôde em segundo. Até a sétima volta, quando Raikkonen passou por ele. Rosberguinho veio na balada e já pulou para terceiro duas voltas depois. Precisava manter Lewis na mira. Vinha conseguindo, até parar precocemente para a primeira troca de pneus, na 11ª volta. Colocou macios.

Nico-Nico caiu para nono e quando a turminha da frente, especialmente a dupla da Red Bull, foi para os boxes, o alemão começou a reconquistar terreno. Era quarto na volta 16, e Hamilton lá na ponta, sem trocar pneu. A impressão que passava era que estava esperando chover, para economizar um pit stop. Mas não veio água nenhuma.

E, então, com a borracha nas últimas, Lewis perdeu ritmo. Rosberg fazia tempos 1s melhores por volta. Na volta 21, já estava a 21s do inglês, em quarto. Na parada, Hamilton só não perderia a posição se o pit fosse perfeito. Não foi. Parou na volta 22, o pneu traseiro esquerdo enroscou e, quando voltou para a pista, viu Rosberguinho passar à sua frente. E bem à frente, coisa de 5s.

Raikkonen assumiu a liderança, mas por pouco tempo. Na volta 23, parou. Vettel, então, ganhou a ponta. Também por pouco tempo. Seu pneu traseiro direito explodiu no fim da reta. E, finalmente, Rosberg viu-se em P1. Os restos mortais da borracha de Vettel forçaram a entrada do safety-car das voltas 27 a 32. Nico primeiro, Hamilton segundo. Sem diferença entre eles, apenas no tempo de pneu. O de Nico tinha 21 voltas de vida. O de Lewis, 11.

Mas Rosberg manteve o inglês a uma distância segura, coisa de 2s, sem ser muito ameaçado. A batalha ficaria para o stint final. Às vezes, Nico abria. Às vezes, Comandante Amilton encostava. Os dois Mercedes sumiram dos demais. Rosberg lutava contra um carro meio estropiado, cheio de pedaços de borracha enganchados no assoalho e um defletor solto. Mesmo assim, seguia em frente.

A coisa começou a se decidir na volta 55, quando Hamilton fez sua segunda parada e colocou pneus macios. Na volta seguinte, veio Rosberg, e colocou supermacios. “Que história é essa?”, reclamou o britânico pelo rádio. “Por que ele é mais macio do que eu?” Faltavam só 16 voltas e o novo líder era Max Verstappen, com pneus de mais de 40 voltas de uso. Não ia segurar a onda. Na volta 63, ambos já tinham passado pelo holandês. Rosberg chegou a ter 1s6 de frente para Hamilton. Mas o inglês vinha babando. Os pneus mais duros, no fim das contas, foram a melhor escolha. Os supermacios do alemão acabaram rapidinho.

E foi babando que Lewis passou Rosberg na última volta, com um ligeiro esfrega-esfrega entre os dois — o que levou ao toque, à quebra da asa de Nico, ao quarto lugar fora dos planos. Na Mercedes, a turma não curtiu muito. Toto Wolff quase teve um ataque do coração e falou até em usar as ordens de equipe se seus dois pilotos continuarem batendo um no outro.

Mas o frame acima não me parece deixar dúvidas. E vejam, nas marcas de pneu, o traçado normal para a curva à direita. Agora notem onde está Rosberg e sua posição em relação à curva. Em linha reta, praticamente, esquecendo que tinha de virar o carro. Hamilton, por fora, aponta para fazer a curva, deixando muito espaço para o alemão. Lewis não pode ser acusado de rigorosamente nada.

E ele se defendeu de qualquer polêmica antes que começasse. “Estou aqui para vencer. Dei espaço, acho que ele teve problemas de freios e nos tocamos”, falou, evitando alimentar o assunto. “Este esporte é inacreditável às vezes”, falou Rosberg, também sem mostrar muita disposição para atacar o companheiro de equipe, até porque sabe que fez besteira.

Hamilton, Verstappinho (que bela corrida, no fim) e Raikkonen formaram o pódio. Rosberguinho amargou o quarto lugar, Ricardão ficou em quinto (mais uma lapeada do jovem Max e ele vai começar a pirar), Button fechou com um lindo sexto lugar, Grojã voltou a pontuar com a Haas, Sainz Idade foi o oitavo, Sapattos e nono e, vejam só, Wê Lá, Hein? ficou em décimo, marcando o primeiro ponto da vida da Manor — e o primeiro do grupo desde o nono lugar de Bianchi em Mônaco/2014, quando ainda se chamava Marussia. Legal demais. Verdade que o alemãozinho se beneficiou de quatro abandonos no final, de Massa, Alonso, Pérez e Hülkenberg. Mas estava lá para receber a bandeirada. Assim, parabéns ao jovem Pascal, que é muito bom piloto. Muito bom.

Os brasileiros? Massa, como já dito, parou no fim depois de largar do pitlane e fazer uma corrida bem irregular. Chegou a andar nos pontos, mas parou com os freios superaquecidos em pandarecos. Nasr fez uma boa corrida, conseguiu em determinado momento se colocar em sétimo sem trocar pneu, fez várias ultrapassagens, mas no fim sucumbiu com o fraco carro da Sauber e terminou em 13º.

Como estamos no “julho insano”, com quatro GPs em cinco finais de semana, não vai dar tempo de Rosberg se lamentar demais, nem para Hamilton festejar muito — embora, claro, uma festinha ou outra no meio da semana sempre faça parte dos planos. Domingo tem Silverstone, depois é folga, dia 24 tem Hungria, dia 31 é na Alemanha.

E assim vamos, acelerando sempre, que é o que nos resta.