Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

SÃO PAULO (vai dar tudo certo) – Vendo e revendo a batida de Rosberg e Hamilton ontem em Spielberg, fiquei com uma certeza. Aliás, duas. A primeira, que Nico-Nico não fez a curva e, inexplicavelmente, bateu mesmo no inglês. A segunda, que se fizesse a curva, era capaz de ganhar a corrida, porque deu o […]

SÃO PAULO (vai dar tudo certo) – Vendo e revendo a batida de Rosberg e Hamilton ontem em Spielberg, fiquei com uma certeza. Aliás, duas. A primeira, que Nico-Nico não fez a curva e, inexplicavelmente, bateu mesmo no inglês. A segunda, que se fizesse a curva, era capaz de ganhar a corrida, porque deu o lado de fora a Hamilton, que teve de retardar a freada e teria uma saída de curva mais lenta que o alemão. A volta na Áustria é curta. Na pior das hipóteses, terminaria em segundo — ah, só para constar, os comissários consideraram Rosberg culpado, acresceram 10s ao seu tempo total de prova (não mudou a posição) e deram dois pontos na carteira como reprimenda por fazer uma volta quase inteira com o carro destroçado, colocando outros pilotos em risco.

[bannergoogle]O irônico nisso tudo é que Rosberguinho fazia uma de suas melhores corridas do ano, tendo tirado a liderança natural de Hamilton, o pole, com uma estratégia difícil e cuidando bem dos pneus no longo stint que fez depois da primeira parada.

Vejam abaixo na análise de Anthony Davidson para a Sky Sports como seria fácil fazer a curva para a direita pouco antes de tocar Hamilton. Lewis, que foi lá fora e freou no deus-nos-acuda, acabou usando o carro do rival como apoio. Numa das grandes vaciladas da história, querendo provar não sei o quê a quem, Rosberg deu a vitória a Hamilton.

“Ah, a Mercedes tem de fazer alguma coisa!”, gritarão os puristas. Acho que não tem de fazer nada. Um dos dois vai ganhar o título. Tanto faz, como tanto fez. Detestaria algo como determinar que quem estiver na frente depois da segunda parada tem prioridade da vitória — política que a Ferrari adotou por anos. É algo que o time parece considerar.

Mas todos nós imploramos: deixem os meninos brincarem, a gente se diverte por aqui.

– A festa acima, merecidíssima, é para Pascal Wehrlein, décimo colocado na Áustria. Ele saiu do segundo pit stop em último, um azar danado por conta do safety-car. Foi buscar. Palmas para a Manor.

– E o alemãozinho quase botou tudo a perder no grid. Parou o carro no lugar deixado vago por Massa, que iria largar dos boxes. Engatou a marcha-à-ré voando e, por frações de segundo, não foi punido.

[bannergoogle]- Apesar da grande façanha, Wehrlein não ganhou o simbólico título de “Piloto do Dia” que os fãs escolhem pela internet. Deu Verstappen, segundo colocado — com uma corrida excelente, diga-se.

– Número não muito relevante, porque o sistema de pontuação mudou muitas vezes na história, mas curioso: Hamilton se tornou o primeiro piloto a quebrar a barreira dos dois mil pontos na carreira. São precisamente 2.009, depois da vitória de ontem. O inglês fez seu décimo “hat trick”, pole, melhor volta e vitória. Agora, só perde no quesito para Jim Clark (11) e Schumacher (22).

– Lewis estava muito calmo ontem depois da refrega com Rosberg. Claramente as coisas seriam diferentes se não tivesse vencido a corrida. E, lá pelas tantas, elogiou a Mercedes por liberar seus pilotos para a disputa. Disse que erros acontecem, que automobilismo é assim mesmo, e que não gostaria de viver o que Barrichello viveu na mesma pista em 2002. “Como fã, fiquei frustrado”, contou, lembrando a clássica marmelada protagonizada pela Ferrari.

– Falando nela, a equipe italiana e a Pirelli ainda não sabem o que aconteceu no pneu de Vettel.

– Rob Smedley disse que o desempenho da Williams na Áustria foi “medíocre”. Foi mesmo. A equipe andou para trás.