Blog do Flavio Gomes
Colunas Apex

ANDRE, 250

SÃO PAULO (faltam umas caipirinhas) – Falo menos do que devia, aqui, das colunas “Apex” do Andre Jung. É que a velocidade da vida anda passando um pouco dos limites. A gente fica com tantos “compromissos” (já explico as aspas) que acaba eliminando alguns porque simplesmente não cabe mais tudo em 24 horas. As aspas, […]

250d0andreSÃO PAULO (faltam umas caipirinhas) – Falo menos do que devia, aqui, das colunas “Apex” do Andre Jung. É que a velocidade da vida anda passando um pouco dos limites. A gente fica com tantos “compromissos” (já explico as aspas) que acaba eliminando alguns porque simplesmente não cabe mais tudo em 24 horas.

As aspas, porque incluo na lista dos atuais “compromissos” diários — além do óbvio escrever & publicar — colocar o link no Twitter e no Facebook, se possível postar uma foto sobre o assunto no Instagram, quem sabe um vídeo, fazer um “live”, mandar para algum grupo de WhatsApp, e só depois de tudo isso feito é que se pode considerar que o que você produziu vai chegar a todos que gostaria. Não basta escrever, meu filho — é o que minhas diversas telas parecem me dizer o tempo tido. Tem de compartilhar.

Mas é um exagero total. Por isso as aspas, porque o compromisso de verdade é o original. No caso, escrever. Sentar, refletir, pensar, rabiscar, ensaiar, chegar a um texto final. Uma vez publicado — no caso das colunas do Andre, num site do porte do Grande Prêmio –, deveria ser suficiente. Mas a loucura das redes faz com que entendamos como “compromisso”, agora com aspas, todos os acessórios que resultam em “likes”, “curtidas”, “visualizações”. Um porre.

Aí que há muito tempo não coloco o link da coluna do Andre em lugar algum além da minha cabeça, porque leio religiosamente depois de cada GP há 13 anos e gostaria que todos lessem também sem que fosse necessário “compartilhar” por todos os cantos. A ele, por essa preguiça atávica, peço desculpas. E tenho certeza que vai me desculpar, porque nem os meus próprios textos tenho o hábito de espalhar por aí. Raramente me lembro de jogar um link nas tais redes sociais. Escrevo, publico no blog e pronto. Quem quiser ler, que venha aqui e leia.

Mas sei que do ponto de vista “estratégico” é um erro. As pessoas recebem nossos “conteúdos” (estou cheio das aspas hoje) por vários caminhos, a maior parte delas pelo celular, e para o cara ler o Andre (ou eu) no celular, é mais provável que o faça depois de receber um link nas redes que acessa do que esperar que ele abra o Grande Prêmio, ou meu blog. Meu blog, mesmo, perdeu bastante audiência de uns dois anos para cá — período que coincide com a rápida substituição dos computadores e tablets pelos smartphones. As coisas precisam ser jogadas nas pessoas, e quem produz tem de torcer para ter a sorte de que seu produto acerte a fuça do usuário. Ele não vai te procurar. Você tem de encontrá-lo.

Bem, é assim, não há muito a fazer a não ser tentar lembrar, a cada texto publicado, do “compromisso” de replicá-lo por todas as redes sociais do universo conhecido, rezando para que os algoritmos te façam o favor de levar seus escritos a alguém que se disponha a lê-los. Farei isso com este post aqui, porque depois de dar toda essa volta a única coisa que queria dizer, mesmo, é que ele foi escrito para festejar — e sobretudo agradecer — as 250 colunas publicadas pelo nosso batera Andre Jung, um amigo querido que, igualmente, vejo menos do que deveria. Esse, sim, deveria ser um compromisso sem aspas.

E agradecer também, evidentemente, o privilégio de poder publicar as ilustrações da queridíssima Marta Oliveira, uma artista excepcional que empresta seu talento ao Grande Prêmio depois de cada corrida de F-1 para acompanhar os textos junguianos.

As colunas do Andre são um oásis na enxurrada de informações que circula por aí numa velocidade impossível de acompanhar. Por isso, sugiro que nossos leitores se lembrem sempre, após cada etapa do Mundial de F-1, de passear pelo Grande Prêmio para ler o que ele escreve.

Escrever bem é para poucos. Jung é um desses poucos, pouquíssimos.