Blog do Flavio Gomes
F-1

SUZUKA NA CUCA (2)

SÃO PAULO (vai levar) – Foi com sustinho. Mas Nico Rosberg confirmou que vive um grande momento — na pista, na vida e na conjunção astral — e cravou a pole para o GP do Japão. O sustinho foi só na primeira saída do Q3. No mais, o líder do Mundial foi o mais rápido […]

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SÃO PAULO (vai levar) – Foi com sustinho. Mas Nico Rosberg confirmou que vive um grande momento — na pista, na vida e na conjunção astral — e cravou a pole para o GP do Japão. O sustinho foi só na primeira saída do Q3. No mais, o líder do Mundial foi o mais rápido em todos os treinos realizados em Suzuka. E como “primeira saída no Q3” vale tanto quanto uma vitória parcial no primeiro tempo de um jogo de futebol, certeza que ninguém vai lembrar que Hamilton quase fez a pole. Porque no fim das contas, não fez.

Foi a oitava de Rosberguinho no ano, 30ª na carreira. A marca é importante. Ele se tornou o oitavo maior “poleman” da história, deixando para trás ninguém menos do que Juan Manuel Fangio. Se fizer mais quatro, entra no “top-5” dessa estatística. Não é pouco. Mas é muito para quem ainda não foi campeão. Melhor que seja, para justificar números tão bons.

Quando Rosberguinho virou 1min31s858 com pneus médios e cometendo um erro logo em sua primeira volta no Q1, deu para ver que o sábado seria do alemão. Todos saíram logo para a pista por conta da ameaça iminente de chuva. O céu carrancudo, como diria Fiori Gigliotti, podia desabar a qualquer momento.

[bannergoogle]Mas não desabou, e pouco depois de Nico-Nico fazer seu temporal, veio Raikkonen para baixar em alguns décimos, com uma volta em 1min31s674. Vettel fez seu brilhareco logo na sequência, virando 1min31s659, 0s199 mais rápido que Rosberg. “Ooooh”, fizeram os japinhas nas velhas arquibancadas de Suzuka. Bom, os dois moços da Ferrari estavam com pneus macios — bem mais velozes. A Mercedes preferiu poupar a borracha mais rápida para qualquer eventualidade na corrida.

Na ponta de baixo, como de costume, o pega-pra-capar estava mais divertido, com uma briga por décimos envolvendo potenciais degolados de Renault, Sauber, McLaren e Toro Rosso. Como McLaren, leia-se Button, porque Alonso já tinha passado sem grandes problemas. Button conseguiu fazer um tempo pouco melhor que medíocre no último instante, mas não foi o suficiente. Ficou em 17º, vexame horroroso na casa da Honda. Magnussen, Ericsson, Nasr, Ocon e Wehrlein fecharam a turma decepada.

O Q2 começou com a Mercedes rapidinho saindo dos boxes de novo, e já com pneus macios, obviamente. Rosberguinho enfiou logo de cara uma trolha de quase meio segundo em Hamilton, 1min30s714 — 0s415 à frente do abatido companheiro de equipe. Ferrari e Red Bull vinham tranquilas logo atrás, ainda que a punição de Tião Italiano desde domingo passado, na Malásia — três posições no grid por ter feito a cagada da largada que quase tirou Rosberg e Verstappen da corrida –, apontasse para um desfecho não tão feliz para o time vermelho.

A briga no pelotão intermediário era mais interessante, com a adição da Haas à condição de pretendente ao Q3. E deu para ambos do time ianque. Gutierros fez o sétimo tempo e Grojã, o oitavo. Com isso, dançaram as duplas da Williams (Sapattos em 11º e Massacrado em 12º) e da Toro Rosso (K-Vyado em 13º, Sainz Idade em 14º), além dos avulsos Alonso e Palmer. Fernandinho, no fim das contas, também decepcionou um pouco, depois da boa sexta-feira. Harakiri à vista na Honda, se não rolar nem um pontinho amanhã.

A chuva não veio, e o Q3 seria uma disputa cabeça a cabeça entre Rosberg e Hamilton. E foi aí que veio o sustinho. Na primeira saída, Lewis virou 1min30s758, contra 1min30s953 de seu companheiro. A diferença, de 0s195, acabou surpreendendo. Será que o cara iria perder justo na hora que valia? O que fazer com aquele monte de P1 em todas as sessões até então? Enrolar as papeletas de tempo e transformá-las em objetos fálicos?

Ah, não. Nico-Nico no Fubá não estava a fim. Saiu para a segunda tentativa com sangue no zoio, como de diz, e conseguiu uma volta espetacular em 1min30s647, tirando 0s111 do tempo que Hamilton tinha registrado. O inglês ainda se esforçou, e não foi pouco. Com uma volta quase tão espetacular quanto, fechou o cronômetro 0s013 atrás. Segundo a Mercedes, a diferença representa, num circuito como Suzuka, apenas 82 cm. Foi a terceira pole seguida de Rosberguinho em Suzuka.

Atrás da dupla prateada ficaram Raikkonen, a 0s302 da pole, e Vettel, a 0s381. Sebastian, no entanto, larga em sétimo por conta da punição de Sepang. Verstappinho herdou o quarto lugar, Ricardão ficou com o quinto e Maria do Bairro parte em sexto. Depois de Vettel o grid terá Grosjean, Hülkenberg e Gutierrez.

E Palmas para a Haas que ela merece. Foi a primeira vez que o time colocou os dois carros no Q3 e, com o francês, obteve a melhor posição de largada de sua curta existência — superando o nono que ele mesmo obtivera no Bahrein, no começo do ano. Mais do que merecido o desenhinho acima para festejar. Aliás, vi vários desenhinhos nos boxes mostrados pelas câmeras de TV. Alguém sabe o que é isso? Perdi algo?

Bem, voltando à vaca fria, li em algum lugar que há 90% de chances de chuva na corrida, amanhã. Pela cara do tempo em Suzuka, pode ser, mesmo. Se chover, a prova começa com safety-car — já conhecemos o nível de frescura da FIA nessas coisas. Se a água vier no meio da prova, melhor. Confunde todo mundo e tudo pode acontecer. Se não vier, dá Mercedes. Sem dificuldades. E acho que Rosberg leva. Lewis está nas cordas.

Para fechar este plantão da madrugada, fiquemos com o sorriso nos olhos de Grosjean, oitavo no grid para alegria do time estreante mais competente dos últimos tempos. E foi por pouco que não pintou um sétimo lugar. Seu tempo foi idêntico ao de Pérez, que larga na frente porque registrou sua volta antes. Seria ainda mais legal para a Haas. Mas uma quarta fila, ao lado de uma Ferrari, já está de ótimo tamanho. Tomara que pelo menos um dos dois chegue nos pontos amanhã.