Blog do Flavio Gomes
Motoland

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RIO (todo apoio do mundo) – Alguém mandou nos comentários, mas não anotei o nome. De qualquer forma, vale a história. A reportagem é de Marco Aurélio Canônico, da “Folha”. Ele encontrou um casal de uruguaios — Serafín Layola, 71, e Shirley Bosc, 70 — que vive no Brasil desde os anos 70 e, agora, […]

RIO (todo apoio do mundo) – Alguém mandou nos comentários, mas não anotei o nome. De qualquer forma, vale a história. A reportagem é de Marco Aurélio Canônico, da “Folha”. Ele encontrou um casal de uruguaios — Serafín Layola, 71, e Shirley Bosc, 70 — que vive no Brasil desde os anos 70 e, agora, resolveu dar a volta ao mundo numa Honda CG Titan 160 cc.

O primeiro passo é descer até o Uruguai, para onde não vão faz tempo, e depois subir pela América do Sul, América do Norte, e ir até onde der. O ponto de partida é a cidade de Pinheiro, no Maranhão.

Eles não têm muita grana, há muitos e óbvios riscos, mas… e daí? Já rodaram 2.500 km, pelo que diz o texto. Se terminar amanhã, tentaram. Se terminar daqui a um mês, idem. Se der certo e conseguirem dar a volta ao mundo, melhor ainda.

Os meninos fizeram um site para relatar a viagem e conseguir recursos, como doações e equipamentos. Se chama “My Big Dream“. Achei sensacional este trecho que escreveram quando descrevem o projeto e falam deles mesmos. Vejam:

Somos um par de ​idosos sem noção, temerários, inconsequentes? Não, não, nada disso! Apenas acreditamos que idade avançada não é empecilho para realizar um sonho!

Por que é que temos que sucumbir aos preconceitos que a sociedade moderna impõe à Terceira Idade? Te dizem que você não pode fazer isto ou aquilo, que aquilo outro não é condizente com a idade, que você não está mais apto para dirigir ou trabalhar apesar da experiência profissional e de vida, e te excluem do mercado de trabalho sem mais nem menos. E se conseguir por acaso algum emprego, te exploram te pagando salários muito abaixo do que você merece, mas te deixam morrer nos corredores dos hospitais por falta de atendimento digno ou na fila da Previdência por causa da sua burocracia, e aí curiosamente ninguém se importa.

A nossa alegria pela vida está acima de tudo isso e vai morrer junto com o último sopro dos nossos corações. Até lá muito chão vai rolar por baixo dos pneus da nossa máquina, pode acreditar.

Sabemos muito bem das nossas limitações e temos consciência do que estamos prestes a enfrentar, e ninguém, ninguém a não ser nós mesmos, tem nos influenciado de alguma forma. Além do mais, não temos pressa, dispomos de todo o tempo do resto das nossas vidas e ainda com o incentivo de muitos outros desafios a serem vencidos pelo caminho onde velocidade, a pressa e o cansaço não estão incluídos.

O que podemos fazer é desejar toda sorte do mundo à dupla e quem quiser, claro, que ajude como puder. Ah, a foto é de Eduardo Anizelli, da “Folhapress”.