Blog do Flavio Gomes
F-1

CARS & COWS (2)

RIO (sem internet, mas todas as luzes do modem piscando) – Algumas coisas chamaram a atenção na classificação de hoje em Spielberg. Primeiro, o calor de 29°C quando tinha-se falado da possibilidade de chuva. Frustrou os que gostam do caos (eu). Segundo, o desempenho pífio da Williams. Comecemos por ele. Massa disse que com o […]

carcow2RIO (sem internet, mas todas as luzes do modem piscando) – Algumas coisas chamaram a atenção na classificação de hoje em Spielberg. Primeiro, o calor de 29°C quando tinha-se falado da possibilidade de chuva. Frustrou os que gostam do caos (eu). Segundo, o desempenho pífio da Williams.

Comecemos por ele. Massa disse que com o carro leve os pneus não atingem a temperatura ideal. Portanto, não terá problemas no início da corrida, mas terá no fim. Portanto, vai acabar lá atrás.

Incrível isso acontecer justo na pista onde a equipe, em 2014, conseguiu uma pole com Massa e, no ano seguinte, um pódio com o terceiro lugar do brasileiro. Era um lugar onde a Williams andava bem. Andava.

Palmer, assíduo da degola, Massa, Stroll, Ericsson e Wehrlein, igualmente assíduos, foram os eliminados no Q1, nessa ordem. Um vexame para o time de Grove.

Calor e Williams à parte, surpresas do sábado, o Q2 não teve grandes novidades. Sabia-se que um décimo aqui e outro ali seriam fundamentais pela extensão da pista, muito curta, e assim o segundo pelotão de exterminados foi formado por Hülkenberg, Alonso, Vandoorne, Kvyat e Magnussen. Tudo normal, um esboço de reação da McLaren — que parece ter se fixado em tais posições intermediárias e não perderá posição alguma por trocas de componentes do motor, coisa rara –, uma escorregada de Hulk, que costuma passar ao Q3, e nada de muito especial.

As duplas de Ferrari, Mercedes, Force India e Red Bull foram para a parte final da classificação, recebendo como convidados no grupo um carro da Haas, de Grojã, e outro da Toro Rosso, de Sainz Idade. Ninguém esperava nada que não fosse uma disputa entre ferraristas e mercêdicos para as quatro primeiras posições, com favoritismo destacado para os prateados alemães.

E assim foi. Bottas cravou a pole, a segunda de sua carreira, com 1min04s251, baixando em quase 2s o recorde da pista — outro fato que chamou a atenção, porque tirar 2s num circuitinho desses mostra como os carros estão mais rápidos neste ano em relação às três primeiras tempradas híbridas da F-1. Hamilton já começara o dia punido com cinco posições no grid e partiu para uma estratégia diferente: fez seu melhor tempo no Q2 com pneus supermacios, para usá-los na primeira parte da prova amanhã.

Comandante Hamilton acha que a escolha pode ajudar em alguma coisa, mas não será decisiva. É uma aposta, para fazer um primeiro stint mais longo e torcer por alguma coisa esquisita — como um safety-car, chuva, vaquinhas na pista, tiroleses protestando no grid. Ele falou que só quer minimizar os prejuízos, já que fez o terceiro tempo depois de um errinho na sua segunda volta voadora e, com a punição por troca de câmbio, parte em oitavo.

[bannergoogle]Mais importante do que suas previsões para a prova, porém, foram as declarações sobre um suposto jogo de equipe em algum momento da corrida. Para ele, não fariam sentido. “Valtteri tem carro para ganhar e tem de correr para ganhar”, afirmou.

Justo. Sapattos, de fato, fez uma ótima classificação e, com a outra Mercedes distante, tem mais é de ditar o ritmo e partir para a vitória. É favorito, desde que largue bem e não permita que Vettel, que tem sido esperto em largadas e em estratégias, perceba uma chance de ganhar. Se der brecha, o finlandês pode ser surpreendido.

Chamou a atenção também a recusa de Hamilton em apertar a mão de Tião Italiano no meio da pista, ao final da já tradicional entrevista no asfalto, diante do público, com os três primeiros no grid (Lewis foi porque, apesar da punição, são sempre os três que fazem os melhores tempos que são escalados para as coletivas obrigatórias).

O ex-piloto Davide Valsecchi, contratado da Liberty como mala oficial para fazer as entrevistas — e as faz gritando como se fosse um animador de aulas de axé em Porto Seguro –, pediu que eles se cumprimentassem e Lewis fez que não era com ele. Foi uma situação meio constrangedora.

[bannergoogle]Vettel foi o segundo e ficou meio chateado por não ter tido a chance de fazer uma última tentativa de volta rápida, quando Grosjean parou na pista causando uma bandeira amarela a poucos segundos do fim da sessão. Talvez pudesse bater Bottas, já que a diferença final foi de ridículos 0s042, quase nada.

Com o pênalti a Hamilton, Raikkonen subiu para terceiro. Ricardão larga em quarto, com Verstappinho (que errou bastante) em quinto. Grojã surpreendeu e enfiou a Haas em sexto. Aparentemente, resolveu seus problemas com os freios. O sétimo é Pérez, que terá Hamilton entre ele e o desafeto íntimo Ocon. Sainz Jr. fechou o grupo dos dez primeiros.

Eu deveria apostar em Bottas para a vitória, como fiz ontem acertando na mosca — raríssimo acerto, diga-se. Mas vou numa alternativa bem diferente. Jogarei as fichas em… Raikkonen! Sei lá, acho que alguma coisa vai acontecer com esses dois, Vettel e Bottas. Quero ver Kimi vencer uma corrida, e com Lewis mais para trás, há uma chance. Quanto ao inglês, duvido que não chegue no pódio.

Agora, se chover, sei lá eu. Em Baku não choveu e aconteceu de tudo. Com água, sempre tem um Verstappinho para exibir seus dotes. E parece que, pelo menos de noite e de madrugada, vai chover bastante — o que muda drasticamente as condições do asfalto e de temperatura durante o dia.

Então, vou de Kimi. Com Verstappen e Hamilton no pódio. E vós?