Blog do Flavio Gomes
F-1

SHIELDERSTONE (2)

RIO (agora, a E) – Mais de meio segundo para o segundo colocado no grid é o que a gente chama de requinte de crueldade — nunca entendi como pode haver requinte em algo cruel, mas vá lá. Foi o que Hamilton fez em Silverstone, cravando a sexta pole no ano. Raikkonen acabou em segundo […]

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RIO (agora, a E) – Mais de meio segundo para o segundo colocado no grid é o que a gente chama de requinte de crueldade — nunca entendi como pode haver requinte em algo cruel, mas vá lá. Foi o que Hamilton fez em Silverstone, cravando a sexta pole no ano. Raikkonen acabou em segundo e dividirá a primeira fila com ele. Sem Bottas para incomodar, punido, com a Ferrari oscilando muito e a Red Bull distante — na performance e na confiabilidade –, ficou fácil para o inglês festejar em casa. Sua relação com a pista inglesa é muito especial. São cinco poles lá, já. Em casa, Lewis parece extrair um pouquinho mais, mesmo, do talento que tem. Isso acontece com atletas de várias modalidades quando competem diante de seu público.

E por que uma foto de Alonso aí em cima, seu moço?

Leiam os próximos parágrafos, que vocês vão entender.

[bannergoogle]O fim do terceiro treino livre, com chuva, deu o tom do que viria depois, na classificação. Um sábado deliciosamente típico de Inglaterra, nublado, cinzento, úmido, frio. Quando os boxes foram abertos para o Q1, teve gente de intermediários e gente de slicks na pista, que não foi declarada “wet” pela direção de prova — o que obrigaria todos a usar pneus de chuva.

A turma dos slicks não insistiu demais. Depois do reconhecimento das condições do asfalto, os mais ousados voltaram aos boxes e colocaram intermediários, também. Escorregava muito e a finíssima lâmina d’água levantava algum spray. A temperatura era baixa, 17°C. Os tempos começaram a ser fechados a partir da casa de 1min42s966 (Ricardão), contra 1min28s e alguma coisa de Bottas ontem, no seco.

E foi Ricciardo o primeiro a sentir a pesada mão do azar na classificação. Depois de trocar o câmbio e começar o dia sabendo que perderia cinco posições no grid, seu carro quebrou após a primeira volta rápida completada. Voltou a pé para os boxes. Aparentemente, algo no motor. Bandeira vermelha, treino parado, resgate acionado.

A interrupção foi breve. Como a chuva era intermitente, voltaram todos à pista rapidinho antes que a coisa piorasse. Mas a garoa foi parando, parando, e os tempos, baixando, baixando. Até que parou a água de vez. Hamilton entrou na casa de 1min41s. Vettel deu o troco e virou uma volta em 1min40s. O negócio era mesmo ficar na pista andando, andando, porque o asfalto começou a secar e os melhores tempos viriam no final da primeira parte da classificação.

Lá na ponta, Verstappinho já tinha virado na casa de 1min38s. Então Alonso, doidão, resolveu colocar slicks para tentar algo quase suicida.

E o cara é mesmo um fodão. El Fodón del Asfaltón Complicadón. Virou 1min37s598 e fez o melhor tempo do Q1. Abriu a volta, sei lá, microlésimos de segundo antes de zerar o cronômetro. McLaren em P1. Desde o GP da Índia de 2013 que a equipe não liderava uma fase de treino de classificação. No caso, com Button também no Q1. Como pode? Basta ter um Fernando Alonso, eu responderia. Stroll, Magnussen, Wehrlein, Ericsson e Ricciardo foram os eliminados.

Os aplausos do público deram bem a medida do que mais importou numa reles fase inicial de classificação: ver um showzaço do espanhol, que nem precisaria ter saído dos boxes por conta das punições previstas após a troca de vários componentes de seu motor — iria perder 600 posições no grid, de qualquer forma. Ocon, em sexto, foi outro que fez seu tempo com slicks, seguindo o mestre.

No Q2, já sem chuva, pista apenas úmida, a escolha foi por supermacios — exceto Bottas, já punido por troca de câmbio, que foi de macios para poder largar com eles e fazer um primeiro stint longo, amanhã. O asfalto secou de vez. E a receita era mesmo ficar na pista para tentar tempo no finalzinho, o que fizeram Hamilton (1min27s893), Bottas, Vettel, Raikkonen, Hülkenberg, Verstappen Ocon, Pérez, Grojã e Vandoorne.

[bannergoogle]Surpresas? O belga, claro. E Hulk em quinto, piloto sempre muito bom nessas condições. Palmer, Kvyat, Alonso, Sainz e Massa ficaram na degola. Felipe e a Williams foram um desastre. O brasileiro vai muito mal em pista molhada/úmida/secando. A equipe, idem. “Quando a pista estava mais rápida eu fiz a volta inteira atrás de um carro da Toro Rosso. Foi um sofrimento para fazer os pneus aquecerem e no fim peguei muito trânsito”, explicou o piloto à repórter Mariana Becker, do Sportv. Não convenceu muito. Todos pegaram tráfego.

O Q3, foi mais ou menos “standard”, sem muitas surpresas. No seco-seco, Hamilton não teve adversários, como se previa, e cravou a pole — 67ª da carreira, ficando a uma do recorde absoluto de Schumacher. Foi a quinta dele em Silverstone — outro recorde, superando as quatro de Jim Clark no mesmo circuito (o escocês tem cinco poles em GPs da Inglaterra, mas uma delas foi em Aintree). Seu tempo, 1min26s600, veio numa volta realmente fenomenal. Kimi ficou em segundo, 0s547 atrás. É muita coisa. O finlandês deixou Tião Italiano para trás em terceiro. Bottas foi o quarto, mas larga em nono. Na sequência vieram Verstappinho, Hulk, Pérez, Ocon, Nãodoorme e Grojã.

Resumo da opereta britânica até aqui: Lewis é muito favorito para a vitória amanhã.