Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

RIO (tirando coisa da frente) – Foi uma vitória tão clara, límpida, cristalina, dominante, incontestável, que sobraram poucas coisas para se falar sobre o GP da Inglaterra. Porque lá, naquela ilha gelada, até há uma polêmica em curso: a história de Hamilton não ter ido para o “F1 Live” em Londres para se concentrar na […]

ding171
Nos braços do povo: festa mais do que merecida para um dos maiores de todos os tempos

RIO (tirando coisa da frente) – Foi uma vitória tão clara, límpida, cristalina, dominante, incontestável, que sobraram poucas coisas para se falar sobre o GP da Inglaterra. Porque lá, naquela ilha gelada, até há uma polêmica em curso: a história de Hamilton não ter ido para o “F1 Live” em Londres para se concentrar na prova, quando na verdade estava dando uma festa na Grécia, ou algo do tipo.

[bannergoogle]Bom, esse tipo de fofoca não me interessa muito (mentira, interessa sim!) e o cara que se entenda com seus torcedores e com a imprensa local, ela que fica pegando no pé de qualquer um que seja minimamente conhecido naquele país onde as pessoas dirigem do lado errado. A imprensa britânica é insuportável com algumas coisas, se mete na vida de todo mundo, leva as celebridades, sub-celebridades, ante-celebridades, pós-celebridades, ex-celebridades e parentes de celebridades à loucura.

Hamilton disse que responde na pista e encerrou o assunto. A Mercedes também não deu a menor bola. Também, só faltava…

Outro episódio sobre o qual se poderia polemizar foi seu mergulho no povo para comemorar que deixou Bottas e Raikkonen esperando na sala de entrevistas coletivas. Mas querem saber? Pô, dane-se o protocolo! Danem-se os horários! O cara da FOM/Liberty, se estivesse apurado, que começasse as entrevistas sem ele. E nem foi o caso, deixem os meninos comemorarem, sejam quem forem os meninos e os motivos. Essa rigidez de regras, procedimentos, agendas e que tais enche bastante o saco.

Além do mais, Hamilton tinha todos os motivos do mundo e mais alguns para festejar como bem entendesse. O que ele fez ontem é raro — dominar uma corrida no seu quintal desse jeito, quase empatar o campeonato, quebrar mais recordes. Alegria nunca é demais.

No pódio, ontem, Lewis foi entrevistado por Jenson Button — que se saiu muito melhor que aquele mala do Davide Valsecchi. Foram companheiros de equipe, são contemporâneos, o papo flui melhor. Até porque Jenson é gente boa. E por ser quem é, um gente boa, será dele a…

FRASE DE SILVERSTONE

Button: pódio inédito

“Esta é a primeira vez que consigo subir neste pódio!”

Button disputou 17 GPs da Inglaterra por Williams (2000), Benetton (2001), Renault (2002), BAR (2003 a 2005), Honda (2006 a 2008), Brawn (2009) e McLaren (2010 a 2016), e teve três quartos lugares como melhores resultados (2004, 2010 e 2014). Nenhuma pole, tampouco. Um segundo lugar no grid, em 2005, foi o melhor que conseguiu. Semelhante à “maldição de Interlagos” para Barrichello.

Como se vê, tive de escolher um cara que não correu para selecionar a melhor frase do fim de semana. Mas deve ter havido outras, certamente. É que eu tinha separado a foto e achei realmente curiosa essa trajetória fracassada do ex-piloto inglês (que ainda está sob contrato da McLaren) em casa.

Mas voltemos a quem disputou a prova. Bottas merece algumas palavras, pela incrível consistência que vem apresentando nesta temporada — a ponto de receber de Hamilton um largo elogio dia desses (“Seu campeonato tem sido melhor que o meu”, disse o inglês. São sete pódios em dez corridas, e nas últimas quarta etapas ele venceu uma e chegou em segundo em três. Hamilton, só para comparar, tem seis pódios neste ano.

O resultado disso é que Valtteri, quietinho, quietinho, entrou na briga pelo título. O que nos leva ao…

NÚMERO DA INGLATERRA

…pontos é a diferença agora entre Bottas (154) e Vettel (177), o líder do Mundial. Entre eles está Hamilton, com 176. Ou seja: a diferença para ambos é menor do que a pontuação destinada ao vencedor de um GP. Isso, reforço, coloca o finlandês, sim, na condição de brigar forte pela taça. Algo que, sinceramente, eu não esperava que fosse acontecer. E que, honestamente, acho que no fim das contas não vai acontecer.

Bom, Bottas não foi o único destaque da corrida, e acho que este GP não pode passar sem uma menção a Hülkenberg, sexto colocado, igualando o resultado da Espanha — o máximo que a Renault conseguiu até agora.

É pouco? Longe disso. Nico marcou 26 pontos no campeonato até agora, todos os da equipe francesa, e passou Massa na classificação, assumindo o décimo lugar entre a pilotaiada. E digo mais. Se a Renault tivesse mais um piloto — Palmer é algo que lembra remotamente aqueles profissionais pagos para dirigir carros –, estaria na briga com Williams, Toro Rosso e Haas pelo quinto lugar entre os construtores. Está atrás de todas, mas já chegando. E tudo graças ao bom alemão.

[bannergoogle]Que, segundo a imprensa europeia (genericamente, isso saiu em vários países), poderia ter um novo companheiro de equipe já a partir do GP da Hungria. Sainz Jr., que andou falando mal da Toro Rosso, da Red Bull e dos energéticos em geral, não quer ficar no time no ano que vem e começou a mexer seus pauzinhos. Estaria prestes a vestir amarelo e a surpresa viria em Budapeste.

Sabe-se que a Red Bull, dona de seu passe, não gosta muito dessas demonstrações de falta de gratidão e de apreço pelas latinhas e seu programa de formação de pilotos que tantas chances dá a tantos jovenzinhos como o espanhol, e por isso estou achando que ele acaba saindo, mesmo. Mas já na Hungria? A Renault diz que não. Ainda tem o fator Kubica para se levar em consideração. Aguardemos. Agora, que seria ótimo para a Renault, seria. E para a Toro Rosso? A substituição seria tranquila, era só chamar Gasly. Duro é ficar com Kvyat, cada vez mais atrapalhado.

Falando na Toro Rosso, rolou boato forte sobre uma possibilidade de a Honda, diante dos impasses envolvendo Sauber e McLaren para 2018, estaria disposta a comprar o time — ou a fazer uma parceria que a tornasse equipe oficial de fábrica dos japoneses. Deu na imprensa alemã, e é bom ficar atento.

Bem, vamos à visão do Maurício Falleiros sobre o GP? Vamos nessa.

Falle1ros

Realmente, que coisa os pneus da Ferrari, principalmente. A Pirelli, contei ontem, falou que foi furo no caso de Vettel e desgaste, mesmo, no de Raikkonen. Kimi deu sorte de perceber na entrada dos boxes. Não perdeu muita coisa — o segundo lugar para Bottas, OK, mas pelo menos foi ao pódio. Sebastian, esse sim, tomou na tarraqueta. A gomma se foi quando ele passava pelos boxes antigos, coitado. Agora, como ele furou esse pneu, não sei.

Fechando o balanço do fim de semana, vamos à consagradíssima sub-seção que mais discussões de boteco provoca no país:

GOSTAMOS

Alonso: P1 com estilo

…do primeiro lugar de Alonso >>> no Q1, sábado. Desde o GP da Índia de 2013 que a McLaren não conseguia P1 em picas. Nem em campeonato de pit stop. Uma lástima. Aí o cara mete slick no úmido e arregaça os tempos de todo mundo. Valeu pela diversão e pelos aplausos do público comovido com o esforço do espanhol e com a tristeza que assola o time inglês.

NÃO GOSTAMOS

Toro Rosso: vexame

…de ver dois pilotos talentosos como <<< Sainz Jr. e Kvyat batendo na primeira volta. Sim, eu acho que Kvyat tem salvação, não é nenhum beócio, tem qualidades. Assim como o espanhol — que é ainda melhor. E gosto da Toro Rosso, equipe simpática, a Minardi dos novos tempos. Só que todos eles precisam se aprumar. Esse tipo de acidente beira o ridículo.