Blog do Flavio Gomes
F-1

SPANADAS (2)

SÃO PAULO (deu tudo certo) – F0ram necessários 4.060 dias para alguém igualar o primeiro recorde absoluto de Michael Schumacher na F-1. O alemão, que há quase quatro anos sofreu um acidente de esqui e está em estado de saúde desconhecido na sua casa, é detentor de marcas que muita gente julga inalcançáveis, como as […]

pole68lewis

SÃO PAULO (deu tudo certo) – F0ram necessários 4.060 dias para alguém igualar o primeiro recorde absoluto de Michael Schumacher na F-1. O alemão, que há quase quatro anos sofreu um acidente de esqui e está em estado de saúde desconhecido na sua casa, é detentor de marcas que muita gente julga inalcançáveis, como as 91 vitórias e 155 pódios que somou ao longo da carreira. Outras pareciam difíceis de bater. O número de vezes em que largou em primeiro no grid, por exemplo.

[bannergoogle]Pois hoje Lewis Hamilton chegou lá. Dominou o sábado em Spa-Francorchamps e chegou a 68 poles indo às lágrimas, discretamente, quando recebeu, ainda na pista, uma mensagem da família de Schumacher transmitida por Ross Brawn. O engenheiro, hoje à frente das decisões técnicas da F-1, foi o grande nome por trás da incrível trajetória do heptacampeão mundial — tanto na Benetton, quanto na Ferrari. E foi, também, quem convenceu Lewis a trocar a McLaren pela Mercedes, em 2013.

E foi uma linda pole, digna das melhores do alemão, que fez a última das suas no dia 15 de julho de 2006 em Magny-Cours, na França. “Agradeço à família, rezo muito por ele e é uma honra igualar esse recorde, mas Michael continua sendo um dos maiores de todos”, falou Lewis depois de cravar 1min42s553 na sua última tentativa de volta rápida num dia de temperaturas amenas e pista seca nas Ardenas.

Onze anos atrás, Hamilton ainda nem estava na F-1. Chegaria à categoria na temporada seguinte, quando Schumacher tinha decidido se aposentar pela Ferrari. Ficou três anos fora e acabou voltando a pedido de Brawn em 2010, na mesma Mercedes onde brilha o inglês.

O fato de esse recorde ter sido igualado em Spa também tem significados especiais. Foi nessa pista que Michael estreou, em 1991 pela Jordan, e onde venceu pela primeira vez, no ano seguinte, já na Benetton.

Spa é, mesmo, um lugar cheio de magia. Quem já foi sabe do que estou falando. Por isso sempre digo a quem me pergunta sobre corridas fora do Brasil: quer ir a uma, tem de escolher uma só? Vá à Bélgica.

[bannergoogle]Só faltou a chuva para dar uma animadinha. Algo que pode acontecer amanhã, porque lá nunca se sabe. Em todo caso, o tempo firme acabou fazendo com que a classificação para o GP que marca a volta da F-1 das férias foi mais ou menos dentro do que se poderia imaginar. O Q1 eliminou Massa, Kvyat, Stroll, Ericsson e Wehrlein. Considerando a queda de rendimento assombrosa da Williams, seus dois pilotos empacarem na primeira degola não chega a surpreender. Felipe, inclusive, lascou a lenha no time ao microfone da TV Globo: “O carro, em vez de andar pra frente, está andando pra trás”. Seu diagnóstico: todo mundo melhora e a Williams piora. Verdade absoluta.

No Q2, pela ordem, espirraram Alonso, Grosjean, Magnussen, Sainz Jr. e Vandoorne — que está punido com 65 posições no grid por troca de tudo que se pode imaginar, e ajudou Alonso com um vácuo na sua última volta rápida, mas não adiantou muito. Palmer, em sétimo, foi a surpresa. A Renault, aliás, levou os dois carros para o Q3.

E, aí, brilhou Hamilton, que passou parte das férias em Cuba, inclusive. Palmer, coitado, teve problema de câmbio assim que saiu dos boxes — em seu melhor fim de semana na F-1 até aqui. Vettel — de contrato renovado com a Ferrari por mais três anos, oficializado hoje — acabou ficando em segundo, 0s242 atrás de Lewis. Kimi o ajudou com um vácuo esperto, também. Bottas foi o terceiro, 0s541 atrás, com Raikkonen em quarto. Verstappinho, Ricciardo, Hülkenberg, Pérez, Ocon e Palmer fecharam os dez primeiros.

Hamilton é muito favorito amanhã, apesar do bom ritmo de corrida que a Ferrari tem tido neste ano. Se nada acontecer na largada e ele conseguir fazer a Source sem ninguém acertar sua traseira, conseguirá controlar a prova. Há sempre uma chance daquele que vier atrás, logo na primeira volta, embutir no vácuo na Eau Rouge e tentar passar lá no alto da colina. Mas acho que ele saberá se defender. Talvez Vettel arrisque, sei lá.

Os demais serão coadjuvantes, creio. Inclusive Bottas, que não se acertou com o carro no circuito belga. Isso se não chover. Com água, tudo pode acontecer. Inclusive aparecer um Verstappen da vida fazendo loucuras. É o que esperamos. Já vi corridas espetaculares na Bélgica. Mas já vi coisa bem chata, também.