Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE (ANTE)ONTEM À TARDE

RIO (leva tempo, mas o tempo leva) – Bueno, aqui estamos com o prometido rescaldo do GP do México. Já pedindo desculpas pelo novo atraso, mas essas corridas que terminam tarde encurtam o meu tempo. Ainda mais para escrever às segundas-feiras, meu dia mais atrapalhado da semana. [bannergoogle]De cara, o reconhecimento da derrota, sem chororô, […]

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Vettel cumprimenta o tetracampeão: reconhecimento merecido

RIO (leva tempo, mas o tempo leva)Bueno, aqui estamos com o prometido rescaldo do GP do México. Já pedindo desculpas pelo novo atraso, mas essas corridas que terminam tarde encurtam o meu tempo. Ainda mais para escrever às segundas-feiras, meu dia mais atrapalhado da semana.

[bannergoogle]De cara, o reconhecimento da derrota, sem chororô, merece aplausos. Vettel foi um bom perdedor. “Hoje é o dia dele”, resumiu. A disputa entre ele e Hamilton até que durou bastante, com alguns pontos de atrito — Baku foi o auge — e muito respeito mútuo. Serão dois tetracampeões correndo no ano que vem. Isso nunca aconteceu antes. Quando Prost chegou ao quarto título, Schumacher não tinha nenhum. Fangio, em seu tempo, não teve adversários que chegassem perto de suas conquistas. É um momento especial para a F-1, deve-se admitir.

Lewis assumiu um discurso de gratidão aos fãs e não se furtou a disparar frases de autoajuda na linha “não desista nunca“, o que acho uma chatice. Mas nessas horas vale tudo. O cara chegou ao quarto título mundial, não é todo dia que isso acontece. Só que foi de um jeito, para ele, esquisito. Chegando em nono, depois de cair para último na primeira volta, com um pneu furado. Para quem só andou na frente o ano todo — a vida toda, eu diria –, é, realmente, estranho.

A FRASE MEXICANA

Nos boxes: hora do desabafo solitário

“Estar 40 segundos atrás de todo mundo é horrível. É como estar numa terra de ninguém.”

Bem-vindo ao mundo real, Lewis! Nem todo mundo tem uma Mercedes nas mãos… Para o inglês, as tentativas de passar “o pessoal”, como ele chamou a turma que raramente vê na pista, foram “um desastre”. Mas no fim tudo deu certo.

Claro que não faltou quem mandasse mensagens para o tetracampeão, e entre a turma que se manifestou acho que vale a menção a Rosberg. Deu os parabéns, disse que achou a disputa “incrível”, elogiou a Mercedes e não demonstrou nenhum tipo de ressentimento com o ex-companheiro de equipe. Nico, campeão do ano passado, o derrotou linda e limpamente na pista. Depois resolveu parar, dizendo que “minha montanha eu já escalei”. Achei bonito de sua parte. É um cara que está de bem com a vida.

E qual o limite para Hamilton? Vai parar no tetra? Vai buscar os sete de Schumacher? Suas 91 vitórias? Ele diz que ainda tem coisa para vir por aí e que não pensa em parar. Muita gente acha que os recordes do alemão, ao menos alguns deles. são impossíveis de bater. Eu sempre pensei assim em relação à maioria. Mas… Bom, Maurício Falleiros, nosso cartunista oficial, tem uma leitura bem particular sobre o que o futuro reserva para o inglês:

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A hegemonia da Mercedes já está durando bastante. São quatro anos de domínio, desde o início da era turbo-híbrida. Uma hora acaba, como acabaram os períodos de soberania da McLaren, da Williams, da Ferrari e da Red Bull. é a graça da coisa. Nada é para sempre. Aguardemos a próxima temporada. Gosto de imaginar um 2018 com Mercedes, Ferrari, Red Bull e até McLaren fortes. Pode ser otimismo demais, mas não custa sonhar. Aliás, já falei disso outro dia num “GP às 10”.

[bannergoogle]A esperança em relação à McLaren reside no fato de que a equipe terá motores Renault no ano que vem, que podem não ser os melhores do mundo, mas têm sido bons o bastante para vencer corridas. Verstappen ganhou no México, não se esqueçam — embora tenha ficado “entediado” na prova. Em compensação, foi um festival de motores quebrados na própria Renault, na Toro Rosso e na Red Bull, com Ricciardo.

A montadora francesa admitiu que pode ter exagerado na dose na altitude da capital mexicana, despejando mais potência em suas unidades de força do que a prudência recomendaria nas condições de ar rarefeito da cidade. Claro que no fim das contas parece ter valido a pena, graças a Max. Mas muita gente ficou com a pulga atrás da orelha ao ver tanta fumaça saindo dos carros que não chegaram ao fim da prova.

Dúvidas sobre a Renault: quebaram muitos, mas um deles venceu…

Para mim, porém, a ideia da Renault foi muito clara: testar o que for possível para ver até onde pode chegar, mesmo correndo o risco de quebra. O importante para os caras, agora, é experimentar o que der para começar o próximo campeonato mais perto das rivais. Mesmo que a Red Bull reclame das falhas, como faz sempre com Helmut Marko.

Para ele, inclusive, a equipe já tem o melhor chassi do grid. E só não vence mais porque os motores franceses ainda têm um déficit de potência, algo que os mais de 2.200 m acima do nível do mar da Cidade do México atenuaram um pouco. Tanto que a Mercedes sofreu para passar carros bem mais lentos, como se viu com Hamilton nas primeiras voltas. Falando nele…

O NÚMERO DO HERMANOS RODRÍGUEZ

…volta atrás de Verstappen chegou Hamilton no México, fazendo com que, pela primeira vez no ano, ele não completasse todas as voltas de uma corrida. Até agora, em 18 GPs, foram 1.070 voltas percorridas. Lewis tinha terminado todas as provas na íntegra. Mas, domingo, completou 70 das 71 previstas.

Aproveitando que este pós-GP saiu atrasado, antes de finalizar, vou contrabandear duas notícias que nada têm a ver diretamente com a prova de domingo, mas são importantes. Primeiro, sobre a Sauber. A imprensa suíça já está cravando que a equipe terá Marcus Ericsson e Charles Leclerc no ano que vem. O sueco entra com a grana. O monegasco, com padrinho forte — no caso, a Ferrari, que fará da Sauber uma espécie de “time B” em 2018. A se confirmar a dupla, Pascal Wehrlein entra forte no mercado, com ajuda da Mercedes. Williams? Podem começar a apostar nisso.

[bannergoogle]A segunda é sobre a mudança dos motores a partir de 2021. A FIA e as equipes chegaram hoje a uma definição sobre o tipo de equipamento que será utilizado, e as notícias parecem boas. Não, não vão voltar aos aspirados normais, como eu adoraria, mas sei que é impossível. A tecnologia híbrida é uma realidade e ninguém vai voltar atrás nisso. O que será feito: motores de 1,6 litro com 6 cilindros em V, como agora, turbo, como agora, e sem o MGU-H — essa tosqueira que armazena energia gerada pelos gases do turbo, que vive quebrando e tendo de ser trocada, levando a punições sem fim no grid.

O MGU-K, que na prática é o velho KERS — que transforma o calor gerado nas frenagens em energia elétrica e a converte em potência, bem resumidamente –, continua. E o regime de rotações será elevado em mais 3 mil RPM, para que os motores fiquem mais barulhentos. Porsche e Aston Martin já se mostraram interessadas nessa configuração. Há outros detalhes, que estão na matéria do Grande Prêmio. Se os custos forem menores e esses componentes quebrarem menos, ótimo.

E para fechar…

GOSTAMOS

Alonso: valente

…do duelo entre Alonso >>> e Hamilton no fim da corrida, ainda que valesse apenas o nono lugar. Fernandinho deu seu show particular e falou que não dava para fazer mais do que fez. “Sem ter o mesmo carro, é difícil”, brincou. Mas elogiou muito o desempenho da McLaren, num fim de semana que considerou um dos melhores do ano para o time.

NÃO GOSTAMOS

Bauer: meio ridículo

…muito dessa pintura estrambólica na cara de <<< Jo Bauer, que me pareceu uma forçada de barra para mostrar que o pessoal da FIA também entrou no clima disso que estão chamando de “nova Fórmula 1”. Na verdade, até ficou engraçado. Eu é que não curto muito essas caretas, e muito menos Halloween. Isso aí foi por causa de Halloween, não foi?