Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MADRUGADA

RIO (the end) – A Ferrari perdeu o campeonato nas últimas duas corridas. Eram provas francamente favoráveis a Vettel. E a conta dessa derrota pode ser dividida. Metade para o alemão, que para mim foi o responsável pelo acidente e pela zerada de Simgapura, e metade para o time, que lhe colocou em último no […]

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Vettel todo arrebentado: coisas que só acontecem com a Ferrari

RIO (the end) – A Ferrari perdeu o campeonato nas últimas duas corridas. Eram provas francamente favoráveis a Vettel. E a conta dessa derrota pode ser dividida. Metade para o alemão, que para mim foi o responsável pelo acidente e pela zerada de Simgapura, e metade para o time, que lhe colocou em último no grid ontem na Malásia.

Acontece, corridas são assim. Só que para enfrentar uma organização que funciona com a precisão germânica e tem o talento de um piloto inglês que não comete erros, é preciso esbarrar na perfeição. Algo que está faltando aos italianos. O carro de Kimi sendo empurrado para os boxes ilustra bem isso.

[bannergoogle]Mas a imagem do domingo nada tem com as quebras e foi escolhida em votação lá em casa — eu votei nessa e Giovanni não compareceu a sua seção eleitoral. É simbólica de outra tese defendida por muitos: tem coisas que só acontecem com o Botaf…, digo, com a Ferrari. Mangueira do Massa em Singapura/2008, pneu do Irvine nos boxes em Nürburgring/1999, Prost rodando na volta de apresentação em Imola/1991, Barrichello esquecido no cavalete em Magny-Cours/2002, ele mesmo sem gasolina em Interlagos/2003… Lembramos de cabeça aqui, eu e Rodrigo Mattar. Se vocês tiverem outras memórias de trapalhadas, coloquem aí nos comentários.

A Ferrari é muito competente, não há dúvidas. Só que desperdiçar a chance de vencer duas corridas seguidas onde a Mercedes teria problemas é entregar ouro para o bandido com gentileza demais. Pode ser que cabeças rolem, em algum momento. O presidente ficou bravo. Mas insisto: Marchionne não assusta, bezerro bom não berra. É essa, a expressão? Bezerro? Sei lá. Sei que às vezes tenho a impressão que Marchionne grita e ninguém dá bola. Seja como for, o pessoal na equipe fica preocupado, como notou nosso cartunista oficial Maurício Falleiros:

Falle1ros

 

Mudando de assunto, falemos do debutante do dia, Pierre Gasly. Bom nome para piloto, sonoro, chique. Pierre Gasly. Se eu me chamasse Pierre e Gasly ao mesmo tempo, sem dúvida seria piloto de Fórmula 1.

O menino estreou discretamente, mas sem comprometer. Terminou em 14º num calor desgraçado, sem nunca ter andado tanto tempo num carro de corrida sem parar. Nenhuma batida, nenhuma porta fechada por falta de experiência, e algumas dores nas costas.

[bannergoogle]Em Suzuka ele deve ter um desempenho melhor, por conhecer a pista. Apesar de todas minhas previsões apocalípticas para Kvyat, o russo ainda deve correr neste ano porque o francês está disputando o título da Super Fórmula e não abrirá mão da última etapa, nos dias 21 e 22 de outubro lá mesmo em Suzuka. É a mesma data do GP dos EUA.

Então, pode-se esperar pela presença do soviético ao menos nessa corrida. Há quem acredite, inclusive, que a dupla da Toro Rosso ano que vem será formada por Kvyat e Gasly — o que jogaria por terra minha cantilena do moedor de carne da Red Bull que fez mais uma vítima e blá-blá-blá.

Eu às vezes exagero na dramaticidade.

Bem, hoje vou inverter a ordem das coisas aqui. Ainda estou pensando na melhor frase do fim de semana e em algum número interessante. Enquanto isso, fiquemos com o “Gostamos & Não Gostamos”

Vandoorne: representou

GOSTAMOS

…muito da atuação de <<< Stoffel Vandoorne, que conseguiu um sétimo lugar pela segunda vez seguida. É um menino que tem sofrido muito com punições por troca de tudo, e quase sempre larga nas últimas filas. Quando consegue manter a posição original de largada, faz corridas muito decentes. E está na frente de Alonso na classificação.

Bottas: fraco

NÃO GOSTAMOS

…da corrida horrível de Valtteri Bottas >>> que acabou tendo instalado em seu carro um novo kit aerodinâmico que claramente não funcionou. Isso à parte, ele mesmo diz que anda meio “sem confiança”. OK, às vezes ficamos sem confiança na vida. Mas largar em quinto e chegar atrás de Vettel, que partiu de último, é um pouco demais.

A Malásia se despediu da F-1 depois de 19 edições, e vai deixar saudades naqueles que admiram uma boa pista. Acho que já falei disso em posts anteriores, mas não custa voltar ao assunto. Foi o primeiro grande super-autódromo assinado por Hermann Tilke a partir de uma folha em branco, e ele fez coisa boa. O traçado é criativo e espetacular. A arquitetura das arquibancadas, muito marcante.

Algumas das corridas ficarão para a história, como aquela da volta de Schumacher às pistas, em 1999, depois de meses se recuperando de uma perna quebrada, e a de 2009, com suas 31 voltas e o encerramento por falta de luz natural e excesso de chuva. Em 2000, a turma toda da Ferrari apareceu em Sepang com perucas vermelhas, para comemorar o título conquistado por Schumacher alguns dias antes, em Suzuka. E muita gente ganhou lá.

O NÚMERO DE SEPANG

…pilotos, na história da corrida malaia, venceram o GP da escaldante Kuala Lumpur. O primeiro foi Irvine, de Ferrari, em 1999. Schumacher ganhou três, em 2000, 2001 e 2004 — todas também pelo time italiano. Seu irmão Ralf venceu em 2002 com a Williams. Raikkonen tem duas vitórias, a de 2003 pela McLaren e a de 2008 pela Ferrari. Alonso é o único vencedor por três times diferentes: Renault em 2005, McLaren em 2007 e Ferrari em 2012. Até Fisichella venceu lá, em 2006 com a Renault. Button, de Brawn, também tem uma vitória, em 2009. Vettel é o recordista, com quatro vitórias: 2010, 2011 e 2013 pela Red Bull e 2015 pela Ferrari. Hamilton (Mercedes, 2014), Ricciardo (Red Bull, 2016) e Verstappen (Red Bull, ontem) completam a lista de vencedores de Sepang.

Como a corrida não teve grandes polêmicas (OK, Alonso saiu xingando Magnussen de idiota, mas, francamente, Alonso x Magnussen não dá), foi difícil pinçar uma frase de efeito que tenha sido proferida com pompa e circunstância desde sexta-feira em Sepang. Na falta de outra coisa, vai mesmo mais um capítulo da batalha interna entre Pérez e Ocon na Force India. Ocon que, diga-se, só não pontuou em uma corrida neste ano — foi 12º em Mônaco.

A FRASE DA MALÁSIA

Pérez: parceiro fala muito

“Ele reclama muito. Não fiz nada demais. Apenas vi um espaço e coloquei o carro.”

Pérez, sobre as queixas do francês de que teria sido espremido na largada.