Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

RIO (e invadindo a tarde…) – Hamilton deixou Bottas ganhar ontem? Não, seria injusto com o finlandês. Mas o tetracampeão admitiu que, depois do México, “a energia não é mais a mesma“. Seja qual for a fonte dessa energia, o fato é que as coisas ficaram mais fáceis para Bottas com Lewis flanando por aí, […]

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Massa: sem choro, nem vela. E com um ponto na despedida.

RIO (e invadindo a tarde…) – Hamilton deixou Bottas ganhar ontem?

Não, seria injusto com o finlandês. Mas o tetracampeão admitiu que, depois do México, “a energia não é mais a mesma“. Seja qual for a fonte dessa energia, o fato é que as coisas ficaram mais fáceis para Bottas com Lewis flanando por aí, física e psicologicamente. Normal, normalíssimo, eu diria. O cara já ganhou o campeonato, não precisa mais correr como se fosse tirar o pai da forca. Nesse mundo, qualquer traço de dispersão tem consequências. No caso de Hamilton, foram duas poles e uma vitória de Bottas — ótimo para o rapaz, que fez uma segunda temporada ruim, mas terminou o ano deixando boa impressão.

[bannergoogle]Nenhum dos dois, pela chatice da corrida, foi escolhido para aparecer na “imagem do GP”, decidida em votação no blog e que teve como vencedora essa foto aí em cima, de Felipe Massa diante dos funcionários da Williams, sua última equipe. Houve unanimidade na eleição — só eu voto.

Foi uma despedida sem muitas lágrimas, ao menos aparentes, ou frases de efeito. Na prática, as possibilidades de alguma cena inesquecível já haviam se esgotado em Interlagos no ano passado, e não havia necessidade de outra. Nada poderia ser mais espontâneo e, por que não dizer?, emocionante do que o que aconteceu no GP do Brasil de 2016 — a batida diante da arquibancada na reta dos boxes, a caminhada até as garagens com a bandeira enrolada nas costas, a recepção da mulher e do filho.

Felipe fez uma boa corrida, dentro daquilo que poderia fazer com um carro que, do começo para o fim do ano, só piorou. Agora, espera-se apenas pelo anúncio de Kubica, que vai testar a partir de amanhã lá mesmo na pista das arábias.

Massa, que alguns dias atrás admitiu já saber quem será seu substituto (como nós, do Grande Prêmio, também sabemos e informamos), deu umas alfinetadas na Williams ao falar sobre a escolha da equipe, embora sem citar nomes. Está na cara que, apesar da aparente saída amistosa, nem tudo foram flores nesse divórcio. E ele queria continuar.

Mudando de assunto, o logotipo novo da F-1 não foi muito bem recebido por alguns pilotos. A turma do pódio não curtiu. “O que havia de errado com o antigo?”, perguntou Bottas, o vencedor. Hamilton, do alto de seus quatro títulos mundiais, foi mais assertivo. O que nos leva à…

FRASE DE ABU DHABI

Adeus, logotipo

“O outro logotipo era icônico. Imaginem se Ferrari ou Mercedes pensam em mudar as suas marcas.”

Lewis Hamilton, defendendo o logotipo criado em 1993 (ao lado, numa homenagem póstuma) que a Liberty aposentou ontem.

Bem, como se viu, da corrida mesmo ninguém tinha muita coisa para falar. À gritaria geral — e repetida todos os anos — sobre a chatice do traçado de Yas Marina, Hermann Tilke, seu criador, disse que está estudando uma mudança “muito pequena” numa curva, mas não especificou qual, nem como será feita. E garantiu que, apesar de ligeira, a alteração pode ter “muito impacto”.

Um quebra-molas no meio da pista, talvez. Para gerar um forte impacto nas suspensões e arrebentar tudo.

Impacto, mesmo, terá a saída do Santander da Ferrari. O banco espanhol, que patrocina a equipe italiana desde 2010, não vai renovar o acordo. São 40 milhões de euros a menos na conta do time vermelho. O Santander foi para  Maranello empolgado com a contratação de Alonso. Seu antigo presidente Emilio Botin, que morreu em 2014, era louco por corridas e pelo piloto asturiano. A coisa cresceu e o Santander passou a patrocinar também várias corridas, criando o mais horroroso troféu da história, em forma de cocozinho.

Pelo menos disso estamos livres.

O NÚMERO ÁRABE

…etapas teve a temporada de 2017, e em todas elas Hamilton pontuou. Foi apenas a segunda vez na história que alguém foi campeão marcando pontos em todas as corridas. A outra foi com Schumacher, em 2002. Com algumas diferenças. Primeiro, aquele Mundial teve 17 GPs. Segundo, Michael não só marcou pontos nas 17 provas, como também o fez chegando ao pódio em todas elas. Foram 11 vitórias, cinco segundos e um terceiro. Encheu a prateleira de troféus.

Foi uma prova, esta de Abu Dhabi, sem atritos, brigas, disputas leais ou desleais — a única punição, a Hülkenberg, se deveu a um passeio que ele deu por uma enorme área de escape para não bater em Pérez, a quem acabaria ultrapassando; pagou os 5s e chegou na frente do mesmo jeito, considerando “justa” a decisão dos comissários.

Hulk levou a Renault a um ótimo sexto lugar, ajudando a equipe a passar a Toro Rosso na classificação. Palmas para a Renault. Mas a equipe foi muito mal com Sainz Jr., como se verá abaixo. Ou ver-se-á, na versão temeriana.

GOSTAMOS

Alonso: bonzinho

…do altruísmo de Fernando Alonso >>>, que num determinado momento perguntou pelo rádio onde estava Vandoorne, e ao receber a informação  (“Em 12º, Fernando”, respondeu o engenheiro), consultou o time com enorme ternura: “Tem algo que eu possa fazer para ajudá-lo?”. Que momento mais lindo.

NÃO GOSTAMOS

Renault: pisou na bola

…do erro bisonho da Renault, que não prendeu direito a roda esquerda dianteira de <<< Carlos Sainz Jr. no seu pit stop, levando o espanhol a abandonar uma corrida na qual certamente terminaria entre os dez primeiros. E teria sido a única prova no ano em que o time francês pontuaria com dois carros.

E para fechar nosso delicioso rescaldão, fiquemos com a última imagem da temporada pela pena do nosso cartunista oficial Maurício Falleiros, com quem espero sinceramente contar no ano que vem, porque foi a única coisa que prestou nesta série de “Sobre ontem…” de 2017.

Espero que tenham gostado e não se furtem a mandar palavras de incentivo para que continuemos em 2018.

Falle1ros