Blog do Flavio Gomes
F-1

BERNIE ELÉTRICO

SÃO PAULO (quem diria…) – Bernie Ecclestone tem 87 anos, está fora da F-1 desde o começo do ano passado, mas ainda é figura a ser ouvida, claro. No mínimo, para saber o que ele acha de algumas coisas, ainda que não tenha mais poder sobre a categoria. E o ex-chefão acha que a F-1 […]

0SÃO PAULO (quem diria…) – Bernie Ecclestone tem 87 anos, está fora da F-1 desde o começo do ano passado, mas ainda é figura a ser ouvida, claro. No mínimo, para saber o que ele acha de algumas coisas, ainda que não tenha mais poder sobre a categoria.

E o ex-chefão acha que a F-1 deve começar a pensar seriamente em se tornar totalmente elétrica. Ele até usou a expressão “super Fórmula E” para explicar o que imagina para um futuro não muito distante.

Essa é uma pergunta que todos no mundo do automobilismo se fazem. A indústria automobilística, mais cedo do que tarde, será 100% elétrica — digo “cedo” pensando em coisa de umas duas décadas, não mais; e pensando, também, nos mercados mais importantes como EUA, Europa e Japão, já que o dito Terceiro Mundo ainda vai levar um bom tempo para migrar dos combustíveis fósseis para a eletricidade a mover seus veículos.

Considerando que a F-1 é a expressão máxima da tecnologia em automóveis, fará algum sentido, quando todas as principais fábricas estiverem produzindo carros elétricos, não acompanhar a indústria? Mas, se resolver fazê-lo, não estará atrasada em relação à já estabelecida Fórmula E?

Pensei aqui numa analogia com o iatismo para tentar justificar a possibilidade de a F-1 não se dobrar aos novos tempos da propulsão automotiva no futuro. Embarcações de uso não esportivo hoje em dia são, quase em sua totalidade, movidas por motores. Quando eles foram inventados, deixou de fazer sentido construir mastros e confeccionar velas para ir de um lugar a outro sobre as águas. A tecnologia das velas e a sabedoria dos ventos deixou de ser necessária nos rios, lagos e mares do planeta.

[bannergoogle]Mesmo assim, a secular energia eólica para mover barcos — e a humana, também, com os remos — não foi extinta pela humanidade. Migrou basicamente para competições e se manteve vigorosa para determinados tipos de embarcações e suas funções específicas.

Talvez esse seja o caminho do automobilismo como um todo, não apenas da F-1. Mesmo num mundo de carros elétricos, é possível que a já esgotada tecnologia de motores a combustão seja preservada, em escala muito menor, para atender a esses excêntricos terráqueos que gostam de ver automóveis correndo e fazendo barulho.

É um bom tema para refletir e discutir.