Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MADRUGADA

RIO (em instantes) – Dá para não ficar comovido? É a imagem escolhida como a mais marcante do GP da Austrália, pelo tamanho do drama da equipe americana e seus dois jovens pilotos. Mas o que aconteceu, afinal? A Haas diz que foi falta de treino de pit stops. Num carro, foi na roda dianteira. […]

RIO (em instantes) – Dá para não ficar comovido?

É a imagem escolhida como a mais marcante do GP da Austrália, pelo tamanho do drama da equipe americana e seus dois jovens pilotos.

Mas o que aconteceu, afinal?

A Haas diz que foi falta de treino de pit stops. Num carro, foi na roda dianteira. No outro, na traseira. Nenhum relato de falha técnica. Para dizer a verdade, não sei como não acontecem mais episódios assim, de tão rápidas as paradas atualmente — quando um pit stop consome três segundos, é considerado ruim.

[bannergoogle]E para não postergar o assunto, vamos tocar nele. As teorias da conspiração que apontam um erro proposital para favorecer a Ferrari — fornecedora de motores e parceira da Haas — estão pipocando desde ontem, mas me recuso a acreditar nelas. Falei no vídeo aí embaixo que também não acreditei que Nelsinho Piquet pudesse ter batido de propósito em Singapura, mas a situação lá era diferente. O beneficiário foi o outro piloto da Renault, e por conta disso a maracutaia fazia algum sentido — ainda que imperdoável.

No caso da corrida de Melbourne, não faz nenhum. A Haas não ganha nada com uma vitória da Ferrari. É uma equipe pequena, mas não pobre. Mesmo se Maranello prometesse franquia de motores por um ano, Gene Haas não precisa disso. Foi, sim, uma enorme e triste coincidência. E Vettel aproveitou. Por coisa de um segundo, saiu na frente de Lewis. Por mais precisos e maquiavélicos que sejam os homens da F-1, não dá para ser tão exato numa manobra dessas.

Portanto, se uma pulguinha está coçando atrás de sua orelha, veja se não é outra coisa. Há limites para a picaretagem. Ao menos, é o que penso. Mas está cheio de gente lançando perguntas ao vento, como “por que Vettel demorou tanto para parar e Raikkonen fez seu pit stop tão cedo?”, ou então comentários maldosos como “foi tão bem feito que inventaram o mesmo problema nos dois carros para parecer que foi mesmo uma coincidência tão absurda que ninguém iria desconfiar”, e por aí vai.

Gente, se fosse para fazer alguma picaretagem desse nível, usariam a Sauber, que nada tinha a perder.

Segue o jogo, Sebastian ganhou ganhado, ele e a Ferrari foram espertos e souberam aproveitar a chance. Já erraram muitas vezes, também. Quando dá certo, palmas para eles.

O NÚMERO DE MELBOURNE

…pódios na carreira atingiu Vettel, dono da quarta estante com mais troféus na história da F-1. Só perde para Schumacher (155), Hamilton (118) e Prost (106). O curioso é que em quinto e sexto nessa estatística estão outros dois pilotos em atividade: Alonso, com 97, e Raikkonen, com 92. Bom indicativo do nível do grid atual da categoria. Senna (80) e Barrichello (67) são os brasileiros com mais taças, em sétimo e oitavo. Piquet, com 60, é o décimo.

No balanço da primeira corrida do ano, uma equipe saiu bastante preocupada com o que terá pela frente em 2018: a Williams.

Stroll, do alto de sua experiência de uma temporada, esculhambou o carro  do time, que segundo ele “não dava para guiar”. A lista de problemas, se acordo com o portento canadense, tem “um monte” de itens.

[bannergoogle]Lance chegou em 14º. Sirotkin, seu companheiro, parou depois de quatro voltas com freios em chamas atrás. Disse a Williams que uma embalagem de cachorro quente tapou os dutos de refrigeração. O cachorro quente é licença poética minha. A equipe falou em “saquinho de plástico de sanduíche”. Bem, podia ser um cachorro quente, por que não? Ou um x-salada. Quem sabe um bauru. Quiçá um beirute. Nunca saberemos.

A chefia assumiu a merda de carro que fez. Mas jamais assumirá a merda que fez ao escolher esses dois pilotos sem nenhuma cancha, o que inviabiliza a busca por soluções técnicas também conhecida como “desenvolvimento”. Melhorar um carro passa obrigatoriamente pela experiência e pela orientação de um piloto mais rodado. Com essa dupla de franguinhos de leite, o que se verá neste ano será uma Williams brigando com a Sauber para saber quem é pior. Ontem, um de cada equipe terminou a prova. Leclerc, de Sauber, chegou na frente de Stroll. Vai ser uma briga de foice no escuro.

E brigaremos nós contra o halo até o fim dos tempos, o que fez nosso cartunista oficial Maurício Falleiros >>> na sua estreia em 2018. Quem não tinha visto os treinos, e deixou para começar seu ano de F-1 apenas assistindo à corrida, deparou-se com aquela aberração estética que espero que seja exterminada do planeta um dia. Mas isso não vai acontecer. O pessoal da F-1 é mais teimoso que jumento com fome. Teremos de aguentar isso até o fim dos tempos, ou até alguma alma iluminada provar que é possível proteger a cabeça dos pilotos de outro jeito, quem sabe com uma carlinga transparente e delicada, elegante e esteticamente aceitável. Ou, então, no dia em que alguém assumir que quando se trata de carro sem capota, a cabeça de quem dirige jamais estará 100% a salvo. É simples. Basta reconhecer.

Andei pensando sobre a melhor frase do fim de semana, mas acabou que ninguém fez nenhum grande pronunciamento sobre os destinos do planeta, nada definitivo sobre o futuro, nenhuma bombástica revelação sobre episódio do passado.

Por isso, fico com o sempre direto e sincero Kimi Raikkonen. Ninguém traduziu melhor o que foi o GP da Austrália no domingo ensolarado de Albert Park.

A FRASE AUSTRALIANA

O Insta de Kimi

“OK.”

Raikkonen dizendo tudo na sua incrível conta no Instagram, que tem as melhores legendas do universo. No caso, ao posar para foto ao lado da salva de prata que levou para casa após o terceiro lugar na corrida — clique na imagem para ampliar e ler. O que seria de nós sem as redes sociais, como saberíamos aquilo que realmente pensam nossos ídolos? Obrigado, Kimi!

E, para terminar, é absolutamente necessário que registremos aquilo que agradou e aquilo que não caiu muito bem nesta corrida que abriu o Mundial de 2018. Eu teria uma lista de coisas para criticar. Como o halo, as informações superficiais apresentadas na tela, o gráfico de cronometragem fixo com número de voltas, diferenças de tempo e posições que às vezes some com o número de voltas e as diferenças… Mas vão me achar chato, o cara que pega no pé dos americanos e que é avesso às novidades — nem tudo que é novo é moderno, eu responderia.

Em vez disso, ficarei com coisas ligadas à corrida, mesmo.

GOSTAMOS…

El Fodón: bem

…de ver Alonso >>> em quinto, um piloto que sabe aproveitar as chances que tem e que vai fazer uma temporada divertida, podem ter certeza. Falta acertar uns ponteirinhos com a Renault. Mas é uma das equipes com mais potencial de crescimento em 2018.

NÃO GOSTAMOS…

Ah, Honda…

…da Toro Rosso, que fez uma pré-temporada aparentemente redondinha, com bons tempos e ótimo índice de confiabilidade, mas acabou se arrastando com Hartley e abandonando com <<< Gasly. No caso do francês, o problema foi… o motor Honda, claro. Putz.