SOBRE ONTEM DE MANHÃ

RIO (mês que não acaba, oxe!) – Acho que vocês têm rezão. Gastei essa foto ontem, e deveria ter guardado como a imagem da corrida para esta premiada seção de rescaldo pós-GP. Grosjean foi punido com a perda de três posições no grid de Mônaco pela irresponsabilidade de tentar voltar à pista após rodar na curva 2. Revi várias vezes o acidente e de fato o francês é levado a rodar porque Magnussen, à sua frente, guina de repente para a esquerda e ele se assusta. Mas isso não justifica a tentativa desastrada de voltar, com metade do grid ainda tendo de passar por ele. Nessas horas, engole a rodada e começa tudo de novo, jovem. Foi muito, muito perigoso. Ficou barata, essa punição.

E não fosse esse incidente, creio que nosso cartunista oficial Maurício Falleiros teria de pedir dispensa de “Sobre ontem…”, porque faltou assunto nessa prova. Mas ele acertou a mão de novo, como sempre, e morri de rir com seu Romain falando com mamãe Grosjean pelo telefone no dia dela.

As explicações do piloto não convenceram muito. Ele evitou culpar diretamente seu companheiro de equipe, especialmente porque o dinamarquês, bem ou mal, conseguiu um ótimo resultado para a Haas. O sexto lugar deu os pontos à equipe que ela precisa, e que já poderia ter conseguido na Austrália e também no Azerbaijão, não fosse outra trapalhada de Grosjean. Em Melbourne, foram os dois pit stops desastrosos. Em Baku, a batida do moço atormentado sozinho, durante o safety-car.

Quando a Haas tiver corridas menos turbulentas, tem toda a chance de se firmar numa briga muito boa com Renault e McLaren pelo quarto lugar no Mundial, o que seria espetacular para um time que está em seu terceiro ano na F-1.

Assunto Grosjean encerrado, vamos em frente.

Achei muito simpática a reverência de Leclerc a Alonso, com quem duelou por várias voltas, na maior parte do tempo à frente do espanhol. Então é dele a…

FRASE DE BARCELONA

“Aprendo o dobro duelando com ele do que com outros pilotos.”

Charles Leclerc, da Sauber, décimo colocado na Espanha, elogiando o bicampeão mundial que terminou em oitavo.

A Sauber está sabendo sobreviver com dignidade. Fez pontos em três corridas e já soma 11, com a Toro Rosso na mira, dois à frente. Não é de todo absurdo imaginar que possa sonhar com um honroso oitavo lugar no campeonato — a Force India tem 18 e deve melhorar, não é possível cair tanto assim de um ano para o outro.

[bannergoogle]A Williams, esta sim está condenada à lanterna com seu carro horroroso e seus pilotos fracos e inexperientes. Para ser justo, Stroll até que tem conseguido uma coisinha ou outra, como o 11º lugar em Barcelona. Mas bater na trave dos pontos em Barcelona se deveu muito mais a uma alta taxa de abandonos do que propriamente a um desempenho convincente. O outro, Sirotkin, é bem ruinzinho. Rodou durante o safety-car virtual, para se ter uma ideia (sim, eu sei que Ricciardo também rodou, mas não vamos colocá-los na mesma frase, é até sacanagem com o australiano).

Falemos dos vencedores, agora. Bottas e a Mercedes mudaram de estratégia quando Vettel parou sob regime de safety-car virtual, e isso garantiu o segundo lugar ao finlandês, que na primeira parada não tinha conseguido superar o alemão. Ele foi muito elogiado pela equipe por ter conseguido adminstrar a penúria dos pneus trocados na volta 20. Teve de se virar como dava por 46 voltas. A ideia inicial era fazer dois pit stops. E assim levou o #77 ao pódio, logo atrás do #44 e à frente do #33. Ops! Isso nos leva ao…

NÚMERO ESPANHOL

…é o número do carro de Bottas, e vejam, oh!, que grande coincidência… Se somarmos o 44 de Hamilton com o 33 de Verstappen, os outros dois que chegaram ao pódio, dá 77! Que coisa incrível! A última vez em que três pilotos com números “dobrados” chegaram juntos ao pódio foi em… NÃO TENHO A MENOR IDEIA E ISSO NÃO TEM NENHUMA IMPORTÂNCIA! Importante é saber que foi a primeira dobradinha da Mercedes no ano e a 36ª da equipe desde sua volta à F-1, em 2010. Fazemos ginástica, às vezes, para preencher todas as seções fixas deste rescaldão.

Seguindo, porque já está ficando tarde. Alguém me contou pelo Twitter, e fui checar, que Hamilton estabeleceu um novo recorde ontem, o de maior número de vitórias a partir de uma pole-position. Chegou a 41 (tem 64 no total), deixando para trás Michael Schumacher, que venceu 40 corridas largando na pole. O top-5 nessa estatística tem ainda Vettel (30), Senna (29) e Prost (18). É um dado interessante.

E vamos terminando por hoje com nosso tradicionalíssimo “Gostamos & Não gostamos”, porque não podemos mais viver sem isso.

GOSTAMOS…

…de ver Sainz Jr. e Alonso >>> comemorando um sétimo e um oitavo lugar, e da alegria dos espanhóis com o resultado. O público no autódromo soube reconhecer o esforço dos dois, que representam gerações diferentes de pilotos de um país muito mais vitorioso nas motos do que nos carros. Sinal de maturidade de uma torcida que entende do esporte e aplaude quem merece.

 

NÃO GOSTAMOS…

…de ver <<< Raikkonen abandonando a corrida sem maiores explicações da Ferrari. Ele bem que poderia chegar ao pódio, se conseguisse manter os pneus funcionando bem, algo que Vettel não conseguiu. Kimi vem fazendo um campeonato bem honesto, mas está precisando urgentemente de um resultado à altura de sua capacidade. O time não disse o que aconteceu com seu carro.