Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

RIO (abaixo de zero) – Só algumas poucas pessoas sabem como foi difícil para Ricardão ganhar ontem em Mônaco. A chatice da corrida indica que foi um passeio, liderança de ponta a ponta, ninguém atacando e tal. Mais ou menos. De fato ninguém atacou, e é fato, também, que ele ficou em primeiro do começo […]

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Ricciardo na piscina da Red Bull: corrida chata, vitória difícil

RIO (abaixo de zero) – Só algumas poucas pessoas sabem como foi difícil para Ricardão ganhar ontem em Mônaco. A chatice da corrida indica que foi um passeio, liderança de ponta a ponta, ninguém atacando e tal. Mais ou menos. De fato ninguém atacou, e é fato, também, que ele ficou em primeiro do começo ao fim.

[bannergoogle]Mas na 28ª volta o australiano quase cometeu suicídio, quando percebeu que seu carro perdeu potência. “Fechei os olhos e já ia começar a chorar”, falou. Ricciardo perdeu o MGU-K, um dos sistemas de recuperação de energia do motor, que transforma calor em potência — estou resumindo porque não tenho mais saco para explicar como funcionam essas coisas.

Sem esse sistema, seu motor perdeu nada menos do que 25% da potência disponível, de acordo com Christian Horner, o chefe rubro-taurino. “Se fosse em qualquer outra pista, eu não teria como vencer”, admitiu o piloto.

Mas não era qualquer pista, era Mônaco, onde a dificuldade, para não dizer impossibilidade, de se ultrapassar é histórica, notória e aceita por quem se dispõe a correr lá. Mesmo com um carro mais fraco, quem está na frente se segura. E foi o que Daniel fez, para festejar quase duas horas depois de saber de seu problema mecânico na piscina das suntuosas instalações da Red Bull em Monte Carlo.

É essa nossa imagem da corrida. Alegria, alegria. Ricardão merecia essa, depois da quase-vitória de 2016. Todo mundo ficou contentem por ele.

Mas poucos ficaram contentes com o GP em si. E um dos que mais se irritaram foi um certo espanhol, que proferiu a…

FRASE DE MÔNACO

Alonso: abandono e irritação

“Foi, provavelmente, a corrida mais chata da história. Agora vou ver uma corrida de verdade, a de Indianápolis, para me divertir. Porque quem tentou ver esta de Mônaco deve estar dormindo, agora.”

Fernando Alonso, que abandonou a prova quando estava em sétimo, com problemas de transmissão. Foi seu primeiro abandono no ano, ele que tinha pontuado em todas as etapas anteriores. Pelo Twitter, o piloto da McLaren fez questão de demonstrar sua saudade das 500 Milhas, que disputou no ano passado.

Alonso tinha razão para ficar de saco cheio. Quase todos os pilotos se aborreceram com as 78 voltas do GP monegasco, e quem resumiu bem como são as coisas nas ruas do Principado acabou sendo Valtteri Bottas: “É Mônaco. Às vezes acontece um monte de coisas malucas e a corrida é boa. Às vezes não acontece nada e é assim. Você larga, fica atrás de alguém e termina onde começou”. Hamilton falou que se estivesse vendo a prova deitado num sofá, não resistiria ao sono. Só porrada na pobre pistinha de rua, tão querida e tão malhada.

Claro que Ricciardo não entra nessa conta dos pilotos entediados, assim como seu companheiro Max Verstappen. No fim das contas, foram os únicos que se divertiram no domingo da Riviera. O primeiro, porque venceu — sempre é bom, e quando fica tão perto de quebrar, e se sabe como foi complicado levar o carro até o fim, o sabor é ainda mais doce.

O segundo, porque conseguiu beliscar dois pontinhos de um nono lugar suado, depois de largar em último. Passou bastante gente e, como disse, aproveitou o dia. “Larguei lá atrás por um erro meu e não adianta ficar me lamentando agora”, falou o jovem holandês, que se estampou no terceiro treino livre logo depois do S da Piscina, destruindo o carro e ficando fora da classificação.

E quem achava que Verstappinho, do fundo do pelotão, iria fazer uma merda atrás da outra até cair com carro e tudo no Mediterrâneo, se decepcionou. A Red Bull, claro, respirou aliviada, como notou nosso cartunista Maurício Falleiros aí do lado…

Falando em acidente, o único forte da corrida, de Leclerc, foi mesmo causado por um disco de freio partido na Sauber. Sem conseguir brecar na saída do Túnel, encheu a traseira de Hartley. Ninguém se machucou e nem safety-car foi preciso — apenas o virtual, modelo de neutralização da corrida para o qual muita gente ainda torce o nariz.

Como tem muita gente torcendo o nariz para Esteban Ocon e para a Mercedes. O francesinho da Force India não ofereceu nenhuma resistência a Hamilton quando o inglês saiu de seu pit stop. Ordem de equipe? Sim. Mas de outra equipe? Sim de novo. A Force India usa Mercedes, e Ocon é piloto da Mercedes, emprestado à co-irmã.

Parece que Toto Wolff admitiu que deu as instruções e que não quis esticar muito a conversa com a imprensa, não. “É assim que são as coisas”, teria dito.

Não sei no quê vai dar isso. Mas seria bom a FIA se manifestar. Uma coisa é ordenar uma troca de posições entre seus pilotos, em nome do melhor resultado possível para sua equipe. Outra, bem diferente, é se meter no time alheio para favorecer o seu. Pau neles.

Bom, precisamos de um número, estamos quase no final. A ele:

O NÚMERO MONEGASCO

…vitórias tem agora a Red Bull em seu cartel, vitória conquistada bem no dia em que o time comemorou seu 250º GP. No ranking das equipes que ganharam mais GPs, os austríacos das latinhas estão em sexto. Ferrari (231), McLaren (182), Williams (114), Lotus (81) e Mercedes (78) são as cinco primeiras. Na história da F-1, incluindo os times americanos dos tempos em que as 500 Milhas de Indianápolis faziam parte do Mundial, 34 equipes diferentes já ganharam corridas.

Bem, para terminar esta bagaça, ficou faltando apenas o “Gostamos & Não gostamos”, que eu adoro fazer. Poderia eleger o GP como um todo na categoria “não gostamos”. Mas seria uma escolha fácil e medíocre. Sejamos mais críticos e sofisticados nesse troço.

GOSTAMOS…

Max: passão de respeito

…de ver a ultrapassagem de Verstappen sobre Sainz Jr. >>>, por fora, na freada para a chicane que sucede o famoso Túnel monegasco. Uma manobra bonita, difícil, improvável, que fica muito bem para quem passa, e muito mal para quem é passado.

 

 

NÃO GOSTAMOS…

Williams: só vexame

…de mais um papelão da <<< Williams, que terminou em 16º com Sirotkin e 17º com Stroll — os dois últimos que receberam a bandeirada com seus carros andando. Cada um fez três paradas. A roda de Sirotkin não estava montada no grid. Um horror.