Blog do Flavio Gomes
F-1

TE AMO ESPANHOLA (3)

RIO (não veio) – Bom, não se pode querer tudo, certo? O campeonato estava bom, as corridas interessantes, cheias de imprevistos, algumas surpresas, mas Barcelona saiu do padrão. Do padrão desta temporada, que fique bem claro. Porque o padrão dos GPs na Catalunha tem sido este que vimos hoje, mesmo: corridas chatas. [bannergoogle]Lewis Hamilton, desta […]

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RIO (não veio) – Bom, não se pode querer tudo, certo? O campeonato estava bom, as corridas interessantes, cheias de imprevistos, algumas surpresas, mas Barcelona saiu do padrão. Do padrão desta temporada, que fique bem claro. Porque o padrão dos GPs na Catalunha tem sido este que vimos hoje, mesmo: corridas chatas.

[bannergoogle]Lewis Hamilton, desta vez, encaixou todas as peças nos lugares certos e não teve adversários. Passeou pela pista espanhola para chegar à segunda vitória no ano e 64ª na carreira. Largou na pole, fez a primeira curva na frente, parou apenas uma vez nos boxes — trocou os pneus macios pelos médios na volta 26 — recebeu a bandeirada 20s na frente de seu companheiro de equipe, fazendo a primeira dobradinha do ano para a Mercedes.

Foi fácil demais. E foi tedioso demais. O GP da Espanha, a rigor, teve um único momento de emoção que quase termina numa carnificina. Logo na primeira volta, Grojã perdeu a traseira do carro numa curva, rodou, tentou voltar à pista dando “zerinho”, mas cometeu uma das maiores atrocidades vistas nos últimos anos, porque tudo isso aconteceu à frente de uma dúzia de carros e no meio do traçado de todo mundo.

Por muita sorte, só dois foram acertados pelo francês da Haas, e as batidas não foram das mais violentas. Gasly e Hülkenberg foram as vítimas. Não saiu nada até agora, hora em que escrevo, mas acredito que o rapaz será severamente advertido pela FIA. O que fez foi quase uma tentativa de assassinato. As imagens foram arrepiantes. E a foto abaixo mostra bem o tamanho da vergonha do moço antes de voltar para os boxes. Mesmo de capacete dá para notar a cara de bunda. Gosto de Grosjean, é bom piloto. Mas o que está fazendo de merda neste ano não está no gibi.

O acidente forçou a entrada do safety-car da primeira à sexta volta, e quando ele saiu, as posições da primeira volta foram mantidas — com Vettel, que passara Bottas na largada, em segundo. Quase todos largaram de pneus macios — Alonso usou supermacios, foi bem doido — e, por isso, a estratégia padrão de uma parada era visível para quase todo mundo. Menos para a Ferrari. Vettel trocou cedo, na volta 18, e calçou os compostos médios. Bottas tentou dar o bote e parou na 20ª, mas voltou atrás do alemão de novo. Nada acontecia de emocionante. Na volta 25, Raikkonen abandonou com um raro problema mecânico. Na 26ª, Hamilton fez seu pit stop, colocou médios também, e ficou claro que seria sua única visita aos boxes.

Quem demorou mais para trocar pneus foram os pilotos da Red Bull. Ricciardo veio na 34 e Verstappinho, na 35. Quem trocou muito cedo, caso de Vettel, teria de parar outra vez. Bottas, que antecipou seu pit stop para tentar ganhar a posição do alemão, nem precisaria se esforçar tanto. Sebastian aproveitou um safety-car virtual para sua segunda troca e, depois da corrida, garantiu que um pit stop único nunca foi uma opção para a Ferrari, que sofreu com os pneus — algo até surpreendente, porque quem vinha apanhando neste ano era a Mercedes.

[bannergoogle]Vettel voltou à pista em quarto, razoavelmente perto de Verstappen. Mas, mesmo com pneus novos, não conseguiu se aproximar. Max ainda fez uma barbeiragem infantil ao tocar a traseira de Stroll e quebrar uma ponta da asa dianteira, mas o desempenho de seu carro não mudou nada. E assim, com uma ou outra disputa nos pelotões intermediários, a prova se arrastou até o fim com Hamilton, Bottas, Verstappen, Vettel, Ricciardo, Magnussen, Sainz Jr., Alonso, Pérez e Leclerc (ele de novo!) na zona de pontos.

Lewis ampliou sua vantagem na classificação sobre Vettel, 95 x 78. Foi uma vitória incontestável, na primeira corrida do ano disputada, digamos, em condições normais de temperatura e pressão, sem grandes incidentes ou episódios inesperados. E é isso que deixou todo mundo meio preocupado. Para ganhar da Mercedes, parece que é preciso acontecer algo anormal, como aconteceu em algumas das primeiras provas da temporada. E nem sempre o destino é tão generoso.