Blog do Flavio Gomes
F-1

HOT HOT HOT (8)

MOGYORÓD (pausa, agora) – Foi assim bem mais ou menos a prova que fechou a primeira parte da temporada em Hungaroring. Hamilton ganhou fácil. Teve um bom escudeiro na largada — Bottas, num dia de fúria –, o que ajudou. E deve mesmo agradecer aos céus pela pole que fez ontem na chuva, decisiva. Num […]

hund9

MOGYORÓD (pausa, agora) – Foi assim bem mais ou menos a prova que fechou a primeira parte da temporada em Hungaroring. Hamilton ganhou fácil. Teve um bom escudeiro na largada — Bottas, num dia de fúria –, o que ajudou. E deve mesmo agradecer aos céus pela pole que fez ontem na chuva, decisiva.

Num calorão senegalesco no domingo, 34°C e um sol de rachar, o inglês dominou a prova sem dificuldades. Não teve problemas com pneus. Não foi atacado. Cumpriu sua estratégia de uma parada à risca e cuidou da borracha com carinho. Sai de férias com 24 pontos de vantagem para Vettel, que teve muito mais trabalho para chegar em segundo, e abre praticamente uma corrida de frente para seu único rival no campeonato.

Não tivesse feito a pole, talvez Lewis não estivesse comemorando sua quinta vitória no ano, a sexta na pista que fica nas franjas de Budapeste — e 67ª da carreira. A Ferrari tinha um carro rápido o bastante para ganhar o GP da Hungria. Mas como foi derrotada pela pista molhada ontem, teve de se contentar com as migalhas de completar o pódio — Raikkonen foi o terceiro, único piloto entre os que pontuaram que fez duas paradas, e não apenas uma.

[bannergoogle]Hamilton largou bem e contou com a ajuda de seu companheiro nos primeiros metros da prova. Valtteri posicionou o carro no meio da pista na freada para a curva 1 e bloqueou qualquer tentativa dos dois carros vermelhos de partirem para o ataque imediato ao parça da Mercedes e líder do campeonato. Então, ficou fácil. Em quatro voltas, Lewis tinha 5s de vantagem sobre Sebastian e um carro entre ele e o alemão. Um carro disposto a ajudar.

Vettel optou por largar com pneus macios para fazer seu pit stop bem tarde. Os demais, entre os candidatos a alguma coisa séria na corrida, foram de ultramacios. A Bottas, cabia “marcar” Kimi e impedir que a Ferrari #5 de Tião Italiano tentasse alguma coisa mais ousada. Em Hungaroring, poucos tentam, de qualquer forma. Na volta 14, Raikkonen parou e colocou macios. Na 15, Bottas fez o mesmo. Àquela altura, Hamilton tinha 9s de vantagem para Vettel, que assumiu o segundo lugar.

Quando parou na volta 25 para colocar pneus macios, Lewis deixou uma pequena dúvida no ar: eles aguentariam 45 voltas ou seria preciso parar de novo?

Mas era mais uma esperança do que uma dúvida real. Os pneus da Pirelli para 2018, mesmo os mais fofinhos, têm condições de suportar uma corrida inteira, se for preciso. Podem até perder um pouco de performance, mas num circuito de ultrapassagens quase impossíveis entre carros semelhantes, como o húngaro, isso não chega a ser um problema fatal.

Para Vettel, restava a possibilidade de ganhar o segundo lugar de Bottas na estratégia, com uma sequência de voltas rápidas que lhe permitisse sair dos boxes à frente, quando fizesse sua troca. E o alemão fez a lição de casa direitinho. Precisava de 21s de vantagem para o finlandês, pelo menos, para superar o Mercedes #77. Tinha 16s de frente na 19ª volta. Acelerou o que dava e o que não dava e na 34ª já estava 25s2 à frente — mais do que suficiente para assumir o segundo posto.

Sua corrida era contra Valtteri. Mas nas cinco voltas seguintes, enrolado com retardatários e com seus pneus macios já meio cansados, viu essa diferença cair para 20s7 quando, finalmente, parou — na volta 39. A parada foi ruim, a roda dianteira esquerda demorou a ser fixada, e ele saiu dos boxes de novo atrás da Mercedes, em terceiro. Raikkonen, em estratégia diferente, tinha feito sua segunda troca na volta anterior.

Showzinho, mesmo, dava Ricciardo, 12º no grid, 16º na primeira volta, e usando seus pneus até o talo. Estava em quarto, na volta 44, quando decidiu trocar. Era uma atuação de gala, com lindas ultrapassagens — OK, o carro ajuda, mas ele teve de se virar porque este circuito não é bolinho –, voltou em quinto e foi à luta. Showzinho também dera seu parceiro Verstappen logo na sexta volta, quando quebrou o motor de seu carro. No caso, o espetáculo foi radiofônico. Max xingou muito. “Isso é uma piada! Toda hora essa merda quebra! Que se foda se tiver de explodir!”, esbravejou, enquanto o time pedia educadamente que encostasse o carro.

A crise entre Renault e Red Bull só não vai se tornar mais grave porque os franceses serão substituídos pela Honda no ano que vem e o clima é de divórcio esperando apenas a sentença do juiz. Christian Horner, chefe do time, reclamou bastante da fornecedora. “A gente paga milhões por um produto que se supõe ser de boa qualidade e vocês veem o que acontece. É frustrante. Agora vou esperar Cyril [Abiteboul] vir aqui depois da corrida com as desculpas de sempre”, disse, referindo-se ao homem da Renault responsável pelos motores.

Voltando à vaca fria, faltavam 15 voltas quando a Ferrari avisou Vettel que os pneus de Bottas estavam no osso. Sebastian tinha saído colado nele após o pit stop, mas não ameaçava nenhum ataque. Depois contou que estava poupando os seus pneus para dar o bote bem no fim. E foi o que fez na volta 65, a cinco do final. Na curva dois, aproveitou um vacilo do finlandês e lhe deu um belo drible. Raikkonen, que tinha chegado, foi junto. Bottas chegou a tocar a traseira de Vettel quando tentou retomar a posição e acabou sendo ultrapassado também por Kimi.

Na penúltima volta, quem chegou no #77 foi Ricardão. Bottas — dia de fúria, lembram? –, jogou o carro no australiano e ficou com sua lateral toda estropiada. Daniel não desistiu e na última volta acabou passando. O finlandês da Mercedes acabou sendo punido com 10s acrescidos ao seu tempo total de prova, o que não afetou sua posição final — um medíocre quinto lugar. Depois dele veio um ótimo Gasly em sexto, seguido por Magnussen, Alonso, Sainz Jr. e Grosjean na zona de pontos. Só os seis primeiros terminaram a prova na mesma volta.

[bannergoogle]Lá na frente, Hamilton nem sabia o que se passava no embate de seu colega de armas contra os vermelhos de Maranello e o touro bravo de Ricciardo. Recebeu a bandeirada com mais de 17s de vantagem para Vettel e correu para o abraço. Nas últimas três provas, marcou 68 pontos contra 43 de Seb, virando o jogo novamente. O placar aponta 213 a 189 para o britânico de trancinhas — modelito capilar novo; esse rapaz está cada vez mais Neymar, com a diferença de que se garante no ofício.

Todo mundo para agora para descansar e aproveitar o verão europeu. Carro na pista de novo, só dia 26 de agosto em Spa. Sim, eu sei que tem dois dias de testes de pneus terça e quarta aqui mesmo. Mas é só para jovens pilotos e ninguém se importa muito.

Os trabalhadores fixos da categoria entram mesmo em férias, já ouviram falar? E as minhas começam agora! Mas amanhã juro que faço o rescaldão antes de colocar a mochila nas costas e partir para a Bretanha.