Blog do Flavio Gomes
F-1

RÓQUENRRAIM (2)

RIO (vai ser bom) – Precisava desse drama todo? Hamilton deu uma “neymarzada” hoje com aquele teatro todo depois da quebra de seu carro no final do Q1 em Hockenheim. Empurrou o carro — sabe que não pode –, ajoelhou do lado dele — faltou sair rolando –, voltou aos boxes de capacete — estava […]

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RIO (vai ser bom) – Precisava desse drama todo? Hamilton deu uma “neymarzada” hoje com aquele teatro todo depois da quebra de seu carro no final do Q1 em Hockenheim. Empurrou o carro — sabe que não pode –, ajoelhou do lado dele — faltou sair rolando –, voltou aos boxes de capacete — estava quente –, e deu entrevistas como se tivesse acabado de enxugar as lágrimas do rosto — desnecessário. Um mise-en-scène televisivo tal qual o choro forçado do jogador brasileiro contra a Costa Rica na Copa. Essas coisas não me pegam.

O cara não vai perder o campeonato, se perder, por causa desse piripaque hidráulico da Mercedes na Alemanha. Larga em 14º e um pódio é meta mais do que factível. Mais fácil, inclusive, do que foi em Silverstone. O Mundial é longo, há tempo suficiente para se recuperar. Nessas horas, um pouco de serenidade faz bem. Carros de corrida quebram. O seu está quebrando mais do que costumava quebrar? Pode ser. Mas e daí? Que junte os cacos e vá à luta. Até porque o outro carro não só não teve problema algum, como larga em segundo. A Mercedes não virou uma porcaria de um dia para o outro. É questão de colocar a cabeça no lugar. Com esse comportamento catastrófico, as coisas só pioram.

[bannergoogle]Seu problema se chama Sebastian Vettel, isso sim. Não creio que Lewis faria a pole se nada de errado tivesse acontecido com o #44. Tião Italiano vive uma grande fase. A volta que lhe deu a 55ª pole na carreira foi excepcional, batendo Bottas por 0s204 — uma enormidade na mutilada pista alemã. É ele o favorito à vitória amanhã, e seria mesmo com Hamilton em seu cangote. A Red Bull, destaque de ontem nos treinos livres, ficou para trás. Ricardão, já se sabia, larga lá atrás por troca de tudo no motor. Verstappinho terminou apenas em quarto, 0s610 atrás de Vettel. Raikkonen, com a outra Ferrari, é o terceiro, 0s335 mais lento que o companheiro. Na sequência do top-10, depois de Max, vieram Magnólia Arrependida, Grojã, o incrível Hulk, Sainz Idade, Leclerc e Maria do Bairro. Falta um apelido para Leclerc, ajudem.

A Haas levou seus dois pilotos ao Q3 de novo e se firmou como quarta força do campeonato. Um trabalho lindo desse time novato que pode sonhar com um pódio neste ano, por que não? Aliás, coloquei Grosjean em terceiro no bolão da TV. Outro trabalho lindo é o do monegasco da Sauber — cujo carro vermelho e branco foi comparado, aqui em casa, com uma alegoria do Salgueiro pela moça da Tijuca; ela também perguntou se o carro rosa de Pérez era pilotado por alguma mulher, arrependendo-se logo depois do comentário ligeiramente machista.

Hamilton quebrou nos últimos instantes do Q1, quando já tinha tempo garantido para a segunda parte da classificação. Esta limou da disputa Alonso, Sirotkin, Ericsson, o tetracampeão desesperado e Ricardão, que abriu mão de fazer tempo por saber que terá de largar no fundão do grid. No Q1, sem surpresas, ficaram de fora Ocon (faz uma temporada bem menos brilhante que no ano passado), Gasly, Hartley, Stroll e Vandoorne. Essa dupla de ex-grandes Williams-McLaren… Quem te viu, quem te vê.

[bannergoogle]Semana retrasada, Vettel ganhou “na casa deles”, como disse pelo rádio ao final da prova de Silverstone, terra de Lewis. Amanhã pode repetir o feito na casa deles de novo, no caso a Alemanha da Mercedes. Mas é sua casa, também. Sebastian nasceu pertinho de Hockenheim e mora lá até hoje. Desconfio até que tem ido dormir na sua caminha gostosa e macia depois das atividades de pista. Ele anda muito de moto e não teria problemas com o trânsito numa de suas clássicas.

Vencer na Alemanha, para ele, não é uma rotina, não. Das 51 vitórias que tem na F-1, Vettel comemorou apenas uma em seu país, em 2013 pela Red Bull. E foi em Nürburgring, pista que não tem sido mais utilizada na categoria. Pole, então, fazia muito tempo que não conseguia. A única até hoje tinha sido a de 2010, também pela Red Bull, mas já em Hockenheim — com 1min13s791, contra 1min11s212 de agora há pouco.

Algo me diz que amanhã ele leva. Para desalento ainda maior de Hamilton, cuja “linguagem corporal” após a quebra de hoje surpreendeu o ex-companheiro Nico Rosberg, comentando pela TV alemã. “Nunca vi Lewis assim”, disse o campeão de 2016. Que, por sinal, foi vetado pelo próprio Hamilton como entrevistador oficial do GP, de acordo com o “Bild”.

Ah, Lewis, você anda se preocupando demais com bobagens.