SÃO PAULO (surpresas, não?) – Ricardão deve ter pagado bem nas casas de apostas hoje. Largado pela Red Bull ao relento desde que assinou com a Renault, quebrando dia sim, dia também, cravou a pole no México para desolação do queridinho Verstappen.
Que os rubro-taurinos iriam andar bem na altitude da capital mexicana era sabido. Mas acabou sendo bem melhor que a encomenda. O time ficou com a primeira fila inteira, pela primeira vez desde o GP dos EUA de 2013. Aquele extra que Mercedes e Ferrari normalmente têm nos seus motores para a fase decisiva das classificações não foi suficiente para bater os ótimos carros de Adrian Newey — com um motorzinho Renault que, perto do céu, não perde tanto para os rivais.
Verstappinho fez bico. Vinha sendo o melhor em todos os treinos e acabou perdendo a pole por 0s026. O holandês nunca largou em primeiro num GP. Daniel, por sua vez, conseguiu a terceira pole de sua carreira. Foi um dos que conseguiram melhorar seu tempo na segunda saída no Q3, algo que Max não fez — nem a dupla ferrarista. Hamilton se esforçou, mas ficou só em terceiro, 0s135 atrás. Terá a seu lado na segunda fila um não muito animado Vettel, seguido por Bottas e Raikkonen nas seis primeiras posições. Completaram o grupo dos dez primeiros, mais ou menos dentro do previsto, as duplas da Renault — Hulk e Sainz Jr. — e da Sauber — com Leclerc em nono e Ericsson em décimo.
Os seis primeiros vão largar com pneus ultramacios, menos problemáticos que os hipermacios para o início da prova, com os carros mais pesados. A borracha mais mole do fim de semana sofre no asfalto muito liso do Hermanos Rodríguez e a turma da ponta, sabendo disso, fez o Q2 com o segundo pneu na escala de grude. Quem largar com hipermacio terá de parar logo. Se fizer calor, eles vão durar bem pouco e, nesse caso, dois pit stops serão inevitáveis. Dependendo da temperatura, mesmo quem partir com pneus um pouco mais duros também pode ter de fazer duas paradas. É preciso esperar para ver o que a meteorologia nos reserva.
Se se pode falar em decepção, coloque-se a Force India do local Sergio Pérez nessa gaveta. Nem ele nem Ocon conseguiram passar ao Q3. O francês larga em 11º e o mexicano, em 13º. Alonso está entre os dois. Hartley e Gasly foram os outros que escaparam da degola no Q1, mas o jovem Pierre perderá um caminhão de posições no grid por troca de motor. No mais, lá para trás, nada de muito especial — a Haas ficou no Q1, mas já se esperava algo assim desde a sexta-feira; Magnussen e Grosjean não se entenderam com a pista e o carro americano, menos ainda.
Pelo que se viu até agora, pode ser, sim, que a Red Bull vença a prova. Hamilton não vai entrar em dividida com ninguém, precisando apenas de um sétimo lugar para ser pentacampeão. Vettel suicida? Não creio. Ele já esgotou sua cota de erros para a temporada. O interessante nessa largada vai ser a briga entre Max e seu companheiro. Daniel não tem rigorosamente nada a perder, está deixando a equipe, não vai aliviar de jeito nenhum. Max ficou pistola com alguns problemas no carro — ao menos disse isso na entrevista pós-classificação –, falou em rodas traseiras travando nas freadas e estava claramente contrariado por não ter feito a pole.
A gente viu um Verstappen bem maduro nas últimas corridas. Será assim amanhã? A ver. Por enquanto, o que está valendo é o sorrisão cheio de dentes de Ricciardo, que andava mesmo precisando de uma alegria qualquer, como todos nós.