Blog do Flavio Gomes
F-1

VAI SER PENTA (3)

RIO (finito) – Era mais do que esperada a conquista antecipada do pentacampeonato de Lewis Hamilton. E veio numa corrida meio sem graça, definida na largada em favor daquele que mais merecia vencer no México, pelo final de semana que fez: Max Verstappen. Hamilton foi o quarto colocado. A Mercedes fez sua pior corrida no […]

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RIO (finito) – Era mais do que esperada a conquista antecipada do pentacampeonato de Lewis Hamilton. E veio numa corrida meio sem graça, definida na largada em favor daquele que mais merecia vencer no México, pelo final de semana que fez: Max Verstappen. Hamilton foi o quarto colocado. A Mercedes fez sua pior corrida no campeonato, sem conseguir se entender com os pneus no asfalto liso do autódromo Hermanos Rodríguez. Da mesma forma, seu motor sofreu com o ar rarefeito dos 2.250 m de altitude da capital asteca.

Mas ele não precisava de nada disso, nem de pneus amigáveis nem de potência acima do normal. Quatro rodas no chão e um motor funcionando mais ou menos seriam o bastante para que ele conseguisse o mínimo de que precisava para encerrar matematicamente a disputa com Sebastian Vettel: um sétimo lugar.

Verstappinho só não fez a pole no México, perdida para seu companheiro Daniel Ricciardo — praticamente proscrito na Red Bull. Corrigiu o deslize de sábado largando feito um foguete e assumindo a ponta assim que as luzes se apagaram. Hamilton veio junto — chegou a passar os dois carros rubro-taurinos –, mas foi superado por Max e se colocou em segundo. Em poucas voltas o holandês já tinha construído uma vantagem que carregaria até o fim da prova. Ricardão caiu para terceiro.

Com problemas de desgaste excessivo dos pneus, quase todos os pilotos optaram por duas paradas. Teve quem precisou parar três vezes — Bottas. Mas teve, também, quem só visitou os boxes uma vez — Raikkonen. Nenhum deles, porém, foi protagonista no domingo nublado e não muito quente da Cidade do México, com os termômetros marcando 20ºC.

Na volta 12 Hamilton trocou seus pneus pela primeira vez, junto com o parceiro finlandês. Verstappen parou na seguinte. Vettel e Raikkonen vieram quatro voltas depois. Sebastian tentava alguma coisa, com dignidade. Partiu para cima de Ricciardo e ganhou a terceira posição na volta 34. Na 39, passou Hamilton e assumiu o segundo lugar. Mas tudo parecia absolutamente desnecessário. Ele precisava vencer e contar com alguma desgraça que jogasse Hamilton para além de sétimo para adiar a decisão. Nada daquilo parecia muito provável. Na verdade, era mesmo impossível.

Lewis perdia tempo com sua borracha esfarelando e perderia o terceiro lugar para Ricciardo na volta 47. “Meus pneus morreram”, disse o inglês pelo rádio. Na volta seguinte, faria seu segundo pit stop, assim como Vettel. Na 49ª, foi a vez de Verstappen, que seguia tranquilo na frente. Ricardão vinha em segundo, e uma dobradinha da Red Bull se desenhava, ainda que o australiano tivesse feito apenas uma parada e não pretendesse trocar os pneus de novo. Mas ela foi para o beleléu na volta 61, quando seu carro apagou com uma pane hidráulica. Foi seu sétimo abandono no ano. “Às vezes me pergunto para que venho para a pista aos domingos”, choramingou.

Vettel assumiu o segundo lugar. Seu parceiro tagarela Raikkonen já tinha passado Hamilton e era o terceiro. Preocupado com a quebra de Ricciardo, Verstappen perguntou pelo rádio se deveria tirar um pouco de potência de seu motor, para não correr riscos. Não precisou, e caminhou sossegado para a quinta vitória de sua carreira — segunda no México. Max é o piloto que mais venceu na F-1 sem ter feito uma pole.

Dezessete segundos depois, sem muita festa, Sebastian recebeu a bandeirada. Depois vieram Kimi e Lewis — só os quatro chegaram na mesma volta. Bottas, Hülkenberg, Leclerc, Vandoorne, Ericsson e Gasly completaram os pontos.

Antes de receber seu troféu, Vettel foi até Hamilton e abraçou o inglês carinhosamente. Foram bons adversários neste ano, especialmente até o GP da Alemanha, na metade do campeonato. Dali em diante, Lewis disparou. Ligado à Mercedes desde os 13 anos, disputou hoje seu 226º GP, sempre carregando no lombo os motores alemães. Igualou os cinco títulos de Juan Manuel Fangio — que conquistou dois deles, o segundo e o terceiro, também pela Mercedes.

Suas declarações pós-corrida foram protocolares. Disse se sentir “estranho”, falou que o momento era “especial” e agradeceu a todos, como de praxe: família, mecânicos, amigos, equipe. Aos 33 anos, tornou-se o terceiro representante da espécie Homo sapiens a atingir a marca de cinco títulos mundiais — além dele e de Fangio, o outro é Michael Schumacher, que chegou a sete.

Parabéns para ele. É um gênio da raça, ainda que o desfecho do campeonato tenha sido pouco empolgante. Acabou sendo fácil demais.