Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO RETRASADO

RIO (acontece) – Com todas as desculpas esfarrapadas do mundo, temos de cumprir o prometido e, mesmo com um atraso monumental, registrar para a posteridade do rescaldão do GP do Brasil, domingo retrasado em São Paulo. Não há muito o que discutir sobre a imagem da corrida, creio. Interlagos tem dessas coisas. Mesmo quando não […]

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Ocon x Verstappen: em Interlagos, sempre acontece alguma coisa

RIO (acontece) – Com todas as desculpas esfarrapadas do mundo, temos de cumprir o prometido e, mesmo com um atraso monumental, registrar para a posteridade do rescaldão do GP do Brasil, domingo retrasado em São Paulo.

Não há muito o que discutir sobre a imagem da corrida, creio. Interlagos tem dessas coisas. Mesmo quando não vale nada, sempre acontece algo que tende a entrar para a história. Lembraremos para sempre da batida entre líder e retardatário, ainda mais porque o líder era o explosivo Verstappen e o retardatário um moço que, quatro anos antes, o derrotara na F-3 Europeia, conquistando o título. Com o perverso detalhe de que, no ano que vem, esse moço não será titular em equipe alguma da F-1.

Ah, esses moços…

O NÚMERO DE INTERLAGOS

…% das 99 corridas disputadas na era híbrida da F-1, desde 2014, foram vencidas por Lewis Hamilton. Pois é, ele ganhou 50 desses GPs, o que dá 50,51% deles. É coisa pacas. Mas essa de domingo retrasado foi daquelas que caíram no colo. 

Depois da prova, como todos já sabem, Verstappen e Ocon foram para a torre de controle ouvir uma dura dos comissários desportivos. Max terá de pagar dois dias de serviços comunitários impostos pela FIA. Esteban ficou com seu stop & go de dez segundos e alguns pontos na carteira. Nada que vá afetar seu futuro incerto na categoria.

Há um registro fotográfico de um aperto de mãos entre os dois, encerrando o assunto. Está logo aí embaixo. Mas as imagens mais legais foram, mesmo, dos empurrões que Max deu no francês. Legais do ponto de vista jornalístico, claro. Do ponto de vista esportivo, mostraram apenas que Verstappinho é ainda um garoto muito mimado. Tanto que Helmut Marko e Christian Horner o apoiaram, com frases meio bestas como “sorte dele [Ocon] que foram só empurrões”.

Passam demais o pano na cabecinha desse rapaz — que é genial, mas de vez em quando pisa na jaca.

Ocon e Verstappen de novo: aperto de mãos e fim de papo

Apesar do destempero verbal da chefia da Red Bull e de seu pupilo — Max chamou Ocon de “idiota” para cima –, não serão eles os autores da nossa…

FRASE DO BRASIL

Na salinha: Lewis dá uma aulinha

“Mas não é proibido um piloto passar o líder para descontar uma volta. Você tinha muito mais a perder do que ele.”

Hamilton de novo (número e frase, ô moral…), dando uma ligeira escovada em Verstappen na salinha antes do pódio em Interlagos. Ele estava atrás dos dois e viu o que aconteceu. Acabou ganhando a corrida.

Bem, acho que esse assunto foi mais do que destrinchado nos dias seguintes ao GP do Brasil, então chega de falar dele. Até porque quando fui selecionar alguma frase de impacto sobre o assunto, pedi para nosso cartunista oficial Maurício Falleiros ouvir os rádios, áudios, gravações clandestinas, tudo que fosse possível.

E o máximo que ele conseguiu foi isso aí do lado.

Vamos falar, sim, da Mercedes.

O resultado de Interlagos resolveu matematicamente o Mundial de Construtores, e a equipe alemã chegou ao quinto título seguido. É uma façanha e tanto, mas ainda falta um para igualar os seis que a Ferrari obteve entre 1999 e 2004. Na primeira dessas conquistas, inclusive, o título de pilotos ficou com Mika Hakkinen, da McLaren. Foi aquele ano em que Schumacher quebrou a perna num acidente em Silverstone, voltando apenas para as duas últimas provas do campeonato, na Malásia e no Japão. Quem tinha chances de título, no time vermelho, era Eddie Irvine. Ele ganhou em Sepang — Michael lhe deu a vitória –, mas sucumbiu em Suzuka.

É bem possível que a Mercedes consiga empatar com os italianos no ano que vem. E caberá à mesma Ferrari evitar que os rivais igualem a marca, porque não acredito numa Red Bull entrando na briga firme em 2019.

Mercedes penta: conquista merecidíssima, mas ainda falta uma para igualar a série da Ferrari

Mais de 150 mil pessoas estiveram em Interlagos nos três dias de evento, segundo os organizadores. Foi a primeira vez que um GP do Brasil de F-1 não teve nenhum piloto brasileiro no grid — e nessa conta incluímos as duas provas extra-campeonato, de 1972, também em São Paulo, e de 1974, em Brasília. O que deu para notar foi que o público não se preocupou muito com isso. Tanto que o tema nem foi muito discutido nos dias anteriores à prova.

É um sinal de maturidade do esporte e dos torcedores, os verdadeiros fãs da categoria. Um brasileiro protagonista não é uma necessidade absoluta para que a corrida de Interlagos seja um sucesso. O espetáculo independe da nacionalidade daqueles que o fazem.

E para fechar, sem muita frescura porque já tem dez dias da corrida…

GOSTAMOS – De Leclerc como “primeiro dos outros”, em sétimo. Cada vez mais dá para entender a decisão da Ferrari de elevá-lo à condição de titular, depois de um ótimo ano com a Sauber. Mas — permitam-me? — queria acrescentar menções honrosas a outros dois pilotos em Interlagos. O primeiro é Ricciardo, que largou em 11º e chegou em quarto com belas ultrapassagens e muita disposição. O segundo é Raikkonen, terceiro colocado, que chegou ao seu 12º pódio no ano. Um a mais que Vettel.

NÃO GOSTAMOS – De ver Alonso se despedir de Interlagos de maneira tão melancólica. Foi em São Paulo que ele conquistou seus dois títulos mundiais, em 2005 e 2006. Terminou sua última prova de F-1 no histórico circuito numaa deprimente 17ª posição, duas voltas atrás do vencedor. Menos mal que vamos vê-lo de novo no Brasil, provavelmente, guiando pela Toyota no começo de 2020 pelo WEC. Tomara.