Blog do Flavio Gomes
F-1

GP IN BARÇA (2)

RIO (finalmente) – Fazer prognósticos para uma temporada a partir dos resultados do primeiro dia de testes do ano pode parecer meio precipitado e leviano, até, mas não é. Menos ainda numa Fórmula 1 que não dá muito tempo para ninguém esconder o jogo, já que serão apenas oito dias de treinos até a abertura […]

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RIO (finalmente) – Fazer prognósticos para uma temporada a partir dos resultados do primeiro dia de testes do ano pode parecer meio precipitado e leviano, até, mas não é. Menos ainda numa Fórmula 1 que não dá muito tempo para ninguém esconder o jogo, já que serão apenas oito dias de treinos até a abertura do Mundial, na Austrália. Já escrevi várias vezes que é possível, sim, com pequena margem de erro, traçar um cenário para o ano todo depois de observar o que acontece nessas primeiras horas de atividades. E para seguir com a brincadeira, afirmo: a Ferrari vai brigar de verdade pelo título.

O que indica isso, só o primeiro lugar de Vettel hoje? Não. A gente tem de ler nas entrelinhas. No número de voltas completadas. Na ausência de problemas. Nos pneus usados. No tom das declarações dos pilotos.

Nunca vi o alemão tão contente desde que chegou a Maranello. “Dia perfeito” foi o mínimo que ele disse. Os relatos que chegam da turma do Grande Prêmio em Barcelona comprovam que a SF90 nasceu bem, como se diz. Um carro que nasce errado tem poucas chances de mudar o rumo ao longo do campeonato. E isso acontece toda hora com várias equipes. Pilotos saem de seus cockpits fazendo muxoxos. Engenheiros e chefes adotam um discurso cauteloso. Não foi o caso dos ferraristas nesta segunda-feira na Catalunha. Lembro bem quando Button deu as primeiras voltas na Brawn, em 2009. Procurem as fotos. Eram só sorrisos.

Significa que Vettel será campeão? Uai, por que não apostar, não é mesmo? Verdade que o programa de testes da Mercedes em geral começa como hoje. O time multicampeão da era híbrida andou com seus dois pilotos hoje — a Renault fez o mesmo. E não se preocupou em impressionar ninguém. Faz parte do roteiro que vem dando certo desde 2014.

É prudente esperar mais um ou dois dias para cravar qualquer coisa, mas já é possível vislumbrar para a Ferrari um grande ano. Assim como para a McLaren, que deve sair da rabeira mais rápido do que se imagina — o que não significa que vai aparecer lá no alto o tempo todo. A Red Bull não levou ninguém às lágrimas, nem de felicidade, nem de depressão. Verstappinho andou bastante e não quebrou. Para a Honda, um alívio. A Alfa Romeo também teve um início sólido. E a Haas mostrou um carro rápido e bem concebido.

Aguardemos um pouco, claro, mas o dia #1 de Barcelona foi animador. Se a Ferrari largasse com problemas, seria difícil dizer qualquer coisa que não fosse “putz, Mercedes de novo?”. Mas não largou. É uma boa notícia.