Blog do Flavio Gomes
Futebol

DENER

RIO – Saí do avião depois de não sei quantas horas desde Aida, no Japão, e como sempre fazia não parei para comprar nada, peguei a mala e fui embora. Ao passar pelo portão de desembarque em Guarulhos, nos esperava o rapaz que trabalhava para o Reginaldo Leme, com quem às vezes pegava carona para […]

dener25

RIO – Saí do avião depois de não sei quantas horas desde Aida, no Japão, e como sempre fazia não parei para comprar nada, peguei a mala e fui embora. Ao passar pelo portão de desembarque em Guarulhos, nos esperava o rapaz que trabalhava para o Reginaldo Leme, com quem às vezes pegava carona para casa. Flavinho, ele me disse, viu o que aconteceu com aquele menino, o Denis?

O Denis era o Dener. A gente não tinha internet naquela época, lembrem-se, por isso do momento em que peguei um trem para sair de Aida, depois um shinkansen até Nagoia, outro até Narita, talvez, um voo para Los Angeles, 12 horas, uma escala longa, mais 12 horas até São Paulo, daquele momento até desembarcar em Cumbica não fiz nenhum contato com o Brasil, telefonar era caro demais.

Dener morreu na madrugada de segunda enquanto eu voava de volta para casa. No caminho, na Marginal Tietê, passamos pelo Canindé, onde seu corpo estava sendo velado. Não tive coragem de parar. Fechei os olhos em silêncio lembrando o tanto que aquele garoto me fizera sorrir.

Hoje faz 25 anos que nosso menino se foi e nunca terei tempo suficiente para agradecer.