Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO RETRASADO

RIO (nunca falha) – A melhor foto da corrida de domingo retrasado no Bahrein nem é essa aí em cima. Gostei mais — e usei na ocasião — da de Vettel abraçando Leclerc ao final da prova. De qualquer maneira, é pelo drama do monegasco que esse GP será lembrado para sempre. A primeira “quase-vitória” […]

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Leclerc inconformado: a vida é assim, dias melhores virão

RIO (nunca falha) – A melhor foto da corrida de domingo retrasado no Bahrein nem é essa aí em cima. Gostei mais — e usei na ocasião — da de Vettel abraçando Leclerc ao final da prova. De qualquer maneira, é pelo drama do monegasco que esse GP será lembrado para sempre. A primeira “quase-vitória” de um menino que certamente colecionará troféus. O primeiro, aliás, ele acabou levando com o terceiro lugar. A história do copo meio cheio, meio vazio. Podia ser pior. Se o safety-car ocorresse um pouco antes e houvesse uma relargada, todo mundo passaria o menino. Com umas três voltas em ritmo normal de prova, depois de reunido o pelotão, é provável que nem chegasse nos pontos.

Daí vem nosso…

NÚMERO DO BAHREIN

…vezes um GP terminou atrás do safety-car, como este da semana retrasada. A última fora na China em 2015. A duas voltas do final, quebrou o motor de Max Verstappen na reta principal e não deu tempo de remover o carro da Toro Rosso. Hamilton venceu, com Rosberg em segundo e Vettel em terceiro.

SC no fim: salvou o pódio de Leclerc

 

A prova barenita foi um fiasco de público no autódromo, como de hábito. Apenas 34 mil pessoas estiveram no circuito na noite de domingo. Na soma de todos os dias do evento, segundo os organizadores, foram 97 mil pagantes.

Que viram dois pilotos pontuarem pela primeira vez na carreira, Norris em sexto e Albon em nono. E viram, também, o glorioso Bottas se tornar o décimo piloto a quebrar a barreira dos mil pontos na F-1 — são 1.007. O recordista é Hamilton com 3.061 pontos acumulados, mas não é uma lista de grande relevância. Afinal, o sistema de pontuação da F-1 mudou bastante ao longo dos tempos, o que faz, por exemplo, que pilotos como Prost (12º) e Senna (15º) estejam atrás, nas estatísticas, de gente como Button (7º), Webber (9º) e Ricciardo (11º).

Por falar em Albon, vale o registro: foi a primeira vez que um piloto tailandês pontuou na F-1 desde 1954, quando o inefável Birabongse Bhanudej Bhanubandh, também conhecido pela alcunha de Príncipe Bira, conseguiu um notável quarto lugar no GP da França. É esse simpático moço da foto aí embaixo.

Bira, o príncipe: 65 anos depois, a Tailândia revive seus dias de glória

O 999º GP da história da F-1, como já dito, será inscrito nos alfarrábios pela pequena tragédia pessoal de Charles Leclerc, menino valoroso que perdeu o pai recentemente e também seu padrinho nas pistas, Jules Bianchi. Apesar de tudo, ele lidou bem com a derrota.

O que não ficou muito claro ainda foi o que roubou a potência de seu motor nas últimas dez voltas da prova. De início, falou-se num problema no sistema de recuperação de energia — seriam uns 150 cavalos a menos na unidade motriz. A Ferrari, depois, negou que a falha tenha ocorrido no tal de MGU-H e relatou que um dos seis cilindros do motor a combustão deixou de funcionar de modo adequado. Um curto-circuito foi mencionado em algumas reportagens. Problemas de ignição, falta de faísca, vela? No meu DKW, quando eu perdia um cilindro era um perrengue.

Mas vamos, sem mais delongas, à melhor declaração do domingo, aproveitando para ver qual a leitura do nosso cartunista Marcelo Masili desta corrida.

A FRASE DE SAKHIR

“Sei que isso é um saco, mas você tem um longo futuro pela frente.”

De Hamilton para Leclerc na salinha antes do pódio. A visão do Masili >>> foi mais, digamos, cruel… A referência cinematográfica, para quem não se lembra, é este filme de 1967 aqui, com Dustin Hoffman, Anne Bancroft e Katharine Ross. Rendeu o Oscar de melhor direção para Mike Nichols e tem uma das trilhas sonoras mais espetaculares de todos os tempos, com Simon & Garfunkel cantando “Mrs. Robinson” e “The Sound of Silence”, que estão entre as músicas mais adoradas de todos os tempos por este blogueiro.

E vamos terminar este rescaldão atrasadíssimo com os destaques positivo e negativo da prova do Bahrein.

GOSTAMOS – De ver a Honda com três de seus quatro carros nos pontos. Verstappinho terminou em quarto, seu parceiro de Red Bull Gasly foi o oitavo e o supracitado Alexander Albon terminou em nono. Só Kvyat ficou fora do top-10.

NÃO GOSTAMOS – De ver a Renault abandonando a corrida com seus dois carros quebrando praticamente ao mesmo tempo, a duas voltas do final. Tanto Hülkenberg quanto Ricciardo tiveram problemas de motor.

Ricciardo abandona: a dupla da Renault quebrou na mesma hora, e ambos estavam nos pontos