Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

HUBERT, 22

POÇOS DE CALDAS – Anthoine Hubert era jovem, 22 anos, talentoso, querido pelos colegas, vencedor. Campeão da GP3 no ano passado com 11 pódios em 18 corridas, fazia sua primeira temporada na F-2. Já havia vencido duas provas neste ano, em Mônaco e na França. Corria pela Arden, equipe que não está entre as mais […]

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POÇOS DE CALDAS – Anthoine Hubert era jovem, 22 anos, talentoso, querido pelos colegas, vencedor. Campeão da GP3 no ano passado com 11 pódios em 18 corridas, fazia sua primeira temporada na F-2. Já havia vencido duas provas neste ano, em Mônaco e na França. Corria pela Arden, equipe que não está entre as mais fortes da categoria.

Da mesma geração que Ocon e Gasly, Hubert fazia parte do programa de desenvolvimento de pilotos da Renault. Tinha um futuro mais ou menos delineado rumo à F-1, mas nunca é possível dizer se chegaria lá. Esses meninos todos têm um sonho em comum. O dele foi interrompido depois da Eau Rouge numa das mais belas pistas do mundo.

Não sou muito dado a reflexões sobre a morte, já que ela é inevitável. Quando acontecem acidentes fatais no automobilismo, minha primeira reação é tentar entender o que aconteceu e obter a maior quantidade possível de informações. Vício de jornalista.

Mas, depois, bate uma tristeza enorme. Mesmo convivendo com esse universo há mais de três décadas, conhecendo seus riscos e sabendo que é dos ofícios mais perigosos do mundo, o máximo que consigo é guardar um silêncio respeitoso.

Respeito muito esses moços e moças que desafiam a morte por puro deboche. Às vezes ela, a morte, ganha. Mas que ela não se engane quando leva um de nós (será que posso dizer isso, um de nós?). Na maioria das vezes, perde.

Acho que escrevi algo parecido quando Justin Wilson morreu, então repito. Que a morte não se ufane. Continuaremos correndo, debochando dela.