Blog do Flavio Gomes
F-1

SERÁ QUE DÁ?

RIO (sei não) – A Fórmula 1 emitiu comunicado hoje tentando desenhar o que será a temporada de 2020, se ela acontecer. Imaginando um cenário dos mais otimistas, a categoria diz ser possível fazer um campeonato com algo entre 15 e 18 corridas começando em 5 de julho na Áustria. Vamos lá. Com o cancelamento […]

RIO (sei não) Fórmula 1 emitiu comunicado hoje (abre numa nova aba)">A Fórmula 1 emitiu comunicado hoje tentando desenhar o que será a temporada de 2020, se ela acontecer. Imaginando um cenário dos mais otimistas, a categoria diz ser possível fazer um campeonato com algo entre 15 e 18 corridas começando em 5 de julho na Áustria.

Vamos lá.

Com o cancelamento do GP da França, anunciado agora, as dez primeiras etapas do Mundial já foram para o ralo. A prova estava marcada para 28 de junho. Até hoje, 27 de abril, pela programação original, quatro já deveriam ter sido disputadas: Austrália (15 de março), Bahrein (22 de março), Vietnã (5 de abril) e China (19 de abril). Holanda, Espanha, Mônaco, Azerbaijão, Canadá e França já avisaram que não farão seus GPs neste ano nas datas previstas — uns cancelaram de vez, outros adiaram, sem saber exatamente para quando.

Se a temporada começasse no dia 5 de julho na Áustria, o coronavírus desaparecesse num passe de mágica e o calendário inicial fosse mantido, seria possível realizar 12 corridas mantendo as datas originais.

Mas a F-1 já cancelou as férias de verão, antecipadas de agosto para abril, e pretende usar os meses de julho, agosto e setembro para empilhar provas na Europa. A segunda metade de setembro, mais outubro e novembro ficariam reservados para as corridas da Eurásia (leia-se Rússia e talvez Azerbaijão), Ásia e Américas. Em dezembro, Bahrein e Abu Dhabi encerrariam o Mundial.

O comunicado assume a possibilidade de fazer GPs sem público, com portões fechados, e reconhece que as dificuldades logísticas serão enormes, pois é necessário contemplar as particularidades de cada país no que diz respeito às restrições de circulação, estágio da pandemia, controle de entrada de estrangeiros etc. Muitas dessas variáveis são imprevisíveis, porque não se sabe o suficiente sobre a Covid-19 para antever se haverá uma segunda onda de contaminação nos países que, passado o pico de contágio, planejam relaxar as medidas de isolamento social e quarentena.

Continuo achando que devemos considerar a possibilidade de não haver campeonato em 2020, mas acho também que a F-1 deve se esforçar para realizar uma temporada, mesmo que ela seja enxuta, magrinha, com oito ou dez GPs. Tudo na maior segurança possível, sem entrar na pilha de fazer de as coisas no atropelo, de qualquer jeito, só por causa de dinheiro.

São tempos difíceis, diferentes, estranhos. Todos querem voltar logo à normalidade, mas é preciso entender que teremos uma nova normalidade daqui para a frente. As coisas não voltarão a ser como antes — o que, em alguns sentidos, pode ser bom, até.