Blog do Flavio Gomes
F-1

N’ÁUSTRIA (1)

RIO (enfim) – O Mundial de Fórmula 1 começou hoje, na prática. A quinta-feira de um GP é o primeiro dia do fim de semana, quando pilotos e equipes começam a trabalhar nos autódromos, os carros são montados, as primeiras entrevistas são realizadas, é um ritual de décadas. Neste ano, porém, tudo está mais triste […]

RIO (enfim) – O Mundial de Fórmula 1 começou hoje, na prática. A quinta-feira de um GP é o primeiro dia do fim de semana, quando pilotos e equipes começam a trabalhar nos autódromos, os carros são montados, as primeiras entrevistas são realizadas, é um ritual de décadas.

Neste ano, porém, tudo está mais triste e menor, não tem motorhome, não tem reencontro com os colegas, o afeto está suspenso. Em todos os lugares. Pelo que li, apenas 12 jornalistas serão admitidos no autódromo — éramos entre 300 e 400 por corrida. Não haverá pódio, ou pelo menos a cerimônia será bem diferente. Não haverá ninguém nas arquibancadas.

Faz-se um campeonato por fazer, podem pensar alguns, mas na verdade a F-1 — como outros esportes no mundo civilizado — passa a mensagem de que a Terra (que é redonda) precisa continuar girando, ainda que de maneira diferente. Conhecendo esse mundo como conheço, tenho certeza que a FIA aplicará seus protocolos com obsessão, para garantir que tudo corra bem.

Vai ser tudo muito esquisito, mas a essência estará lá: carros, pilotos, velocidade, competição. Assistiremos a tudo isso a distância e com certo estranhamento, claro. De qualquer maneira, a F-1 está aproveitando o momento para passar mensagens importantes, como a decisão da Mercedes de correr de preto. Os macacões dos pilotos também serão assim e Hamilton vai correr com um capacete igualmente preto com uma inscrição contra o racismo que será vista e, tomara, absorvida por centenas de milhões de pessoas.

Notícias? Sempre há. Claro que a maior de todas é o começo do campeonato, no fim das contas. Mas hoje Vettel revelou que a Ferrari não o procurou para renovar contrato e nunca fez proposta alguma, foi demitido por telefone. Disse que pode parar de correr. Foi sincero. “Se não der para continuar, farei outra coisa. Não faz sentido fechar uma porta para voltar a abri-la depois, eu olho para a frente”, falou.

Teve zunzunzum com Alonso, também, que poderia assumir um carro da Renault já neste ano, no lugar de Ricciardo — “vendido” para a McLaren. O espanhol negou, mas é melhor ficar esperto. Teve também Leclerc fazendo previsões pessimistas sobre este início de temporada, dizendo que a Ferrari está pior que no ano passado — como ele sabe?

Só sei que às 6 da matina de amanhã estarei com a TV ligada para ver como será esse novo mundo, com a expectativa de ver o campeonato mais diferente de todos que já acompanhei. Começa sem calendário, sem que se saiba quantas corridas serão realizadas, sob muitos pontos de interrogação. Como nossas vidas, aliás.