Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

RIO (quase acabando) – Acho que esses dois aí merecem estar na foto do domingo em Imola, né? A César, o que é de César. A Lewis e Toto, o que é de Lewis e Toto. Ainda que milhares de pessoas trabalhem no projeto da Mercedes que bateu no sétimo título seguido de Construtores, são […]

RIO (quase acabando) – Acho que esses dois aí merecem estar na foto do domingo em Imola, né? A César, o que é de César. A Lewis e Toto, o que é de Lewis e Toto. Ainda que milhares de pessoas trabalhem no projeto da Mercedes que bateu no sétimo título seguido de Construtores, são eles os líderes. Um grande piloto. Um grande chefe. É a melhor equipe de todos os tempos, e será lembrada para sempre. Para os rivais, são sete anos de exemplo de competência e talento. Cabe a elas virar o jogo. Conseguirão?

Bottas, Toto e Hamilton: o chefe lembrou Lauda, com seu inesquecível boné vermelho da Parmalat

Toto Wolff homenageou Niki Lauda, outra figura importantíssima na caminhada do time alemão. O austríaco foi o grande responsável pela contratação de Hamilton, no final de 2012. Convenceu o inglês a sair da tal zona de conforto, trocando a McLaren por uma equipe que só tinha uma vitória no cartel — desde a volta como time de fábrica, em 2010. O chefe da Mercedes vestiu o bonezinho vermelho da Parmalat que, por anos, foi a marca registrada de Lauda, que morreu em maio do ano passado.

Abaixo, alguns momentos dessa Mercedes imbatível nas últimas temporadas. Rosberguinho está aí. Foi o único que bateu Lewis desde o início da hegemonia prateada, em 2014.

Os organizadores do GP da Emilia-Romagna encomendaram belos troféus para a volta de Imola ao calendário depois de 14 anos. Acho que dá para ver na foto abaixo: no ponto da Tamburello onde Senna bateu e morreu, em 1994, há um pequeno diamante. Poderiam ter colocado outro na curva Villeneuve, que vitimou Ratzenberger um dia antes. De qualquer forma, o austríaco foi lembrado antes da largada, no local onde os pilotos, mais uma vez, se postaram contra o racismo. Abaixo de “Imola” estão os capacetes das duas vítimas fatais daquele trágico fim de semana.

Outro que mereceu uma homenagem, mas esta de nosso cartunista oficial Marcelo Masili, foi Sean Connery. O eterno 007 foi lembrado na charge de hoje. Justíssimo!

As imagens produzidas pelos sempre ótimos fotógrafos da F-1 foram carregadas de nostalgia. Eu já não esperava mais ver carros da categoria em Imola, um circuito que acabou sendo esquecido pelos dirigentes depois da última prova, em 2006. Todos curtiram. Mas ficou a sensação de que o circuito não será mantido no Mundial. Os carros “engordaram” nos últimos anos e a pista me pareceu mais estreita do que era.

De qualquer maneira, foi um ótimo GP — como têm sido vários neste campeonato estranho de 2020. Tivemos boas atuações, como de Kvyat e Ricciardo, uma razoável dose de dramas — Magnussen abandonando com dores de cabeça, mas tentando ir até o fim, e Russell batendo sozinho e se martirizando pela barbeiragem — e um resultado que acirrou demais a luta pelo terceiro lugar entre as equipes.

Essa briga vale uma grana, claro, mas também a condição informal de “terceira grande”, diante do fiasco da Ferrari neste ano. O pódio de Ricciardo levou a Renault a 135 pontos, contra 134 da McLaren e da Point India. A Mercedes rosa, é bom lembrar, teve 15 pontos subtraídos por punição no começo da temporada — o caso de plágio dos dutos de freio. Sem dúvida a Renault é a grande surpresa do ano. E estaria melhor na fita se Ocon ajudasse. O francês fez 40 pontos, contra 95 do sorridente australiano. Que levou um troféu pela segunda vez no Mundial e fez seu famoso “shoey”, que consiste num gole de champanhe com chulé. Hamilton dividiu a iguaria etílica com o amigo. Vettel, bem distante de qualquer possibilidade de pódio, fez questão de cumprimentar o ex-companheiro de Red Bull.

Ricardão no pódio é sempre garantia de sorrisos e alegria.

Estou enrolando aqui e ainda não escolhi nem frase nem número desta corrida. O “7”, dos sete títulos da Mercedes, seria o óbvio. Mas já está lá em cima na charge do Masili, na máscara do Hamilton, na foto da equipe reunida depois da corrida.

Então, vou fazer diferente.

O NÚMERO DE IMOLA

…GPs seguidos nos pontos em Imola tem Kimi Raikkonen! É isso aí! O finlandês terminou a prova de domingo na nona colocação e, em 2006, foi o quinto colocado com a McLaren. Só ele poderia fazer isso, claro, pois é o único da turma de 2020 que, 14 anos atrás, estava no grid para o então GP de San Marino. E Raikkonen fez uma corrida bem honesta. Foi o último a trocar pneus, e deu azar que foi pouco antes do safety-car causado pela rodada de Verstappen. Não fosse isso, teria chegado um pouquinho mais à frente.

Pronto, fiz minha homenagem a Kimi. E merece menção honrosa seu companheiro Antonio Giovinazzi, décimo colocado, dando à Alfa Romeo sua maior pontuação no ano. OK, não é grande coisa, mas a gente sabe como essas equipes do fundão suam sangue para pontuar.

A FRASE DA EMILIA-ROMAGNA

Hamilton: dúvidas sobre o futuro

Eu gostaria de estar aqui ano que vem, mas não há garantias. Há muita coisa na vida pós Fórmula 1 que me empolga. O tempo dirá.

Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Hamilton deixou totalmente aberto seu futuro, envolvido que está com tanta coisa fora da pista — e empolgado, também, como ele mesmo disse. O fato é que seu contrato ainda não foi renovado. E ninguém está apressando o inglês. Eu acho que ele fica. Mas não será uma surpresa monstruosa se resolver pendurar o capacete — as pistas, ele mesmo tem dado. Só que chocaria todo mundo, claro.

GOSTAMOS

Kvyat: excelente quarto lugar

…do ótimo quarto lugar de Daniil Kvyat >>>, que embora esteja praticamente descartado pela AlphaTauri/Red Bull para o ano que vem fez uma corrida mais do que decente, com destaque todo especial para sua relargada depois do safety-car, com três belas ultrapassagens — uma delas sobre a Ferrari de Leclerc.

NÃO GOSTAMOS

Pérez: bobeada da Force Martin

…da bobeada da Racing Aston, que chamou <<< Sergio Pérez para um pit stop extra no safety-car, quando ele tinha todas as chances de terminar no pódio se ficasse na pista. A bobeada lhe custou três posições. A equipe, no entanto, se defendeu. Informou que se não trocasse os pneus, talvez não chegasse ao fim.