Blog do Flavio Gomes
F-1

VF-21

SÃO PAULO (me engana que eu gosto) – O que mais chamou a atenção na apresentação do novo carro da Haas hoje foi sua pintura. O VF-21 (VF era de “very first” antigamente, acabou ficando) é uma bandeira da Rússia ambulante. E uma forma de driblar a proibição de uso da bandeira do país em […]

SÃO PAULO (me engana que eu gosto) – O que mais chamou a atenção na apresentação do novo carro da Haas hoje foi sua pintura. O VF-21 (VF era de “very first” antigamente, acabou ficando) é uma bandeira da Rússia ambulante. E uma forma de driblar a proibição de uso da bandeira do país em competições internacionais por conta dos seguidos escândalos de doping envolvendo atletas russos nos últimos anos.

Não se sabe ainda sob qual bandeira o estreante e assediador Nikita Mazepin vai correr. E se no caso de uma improvável (OK, impossível) vitória do moleque o hino da Rússia poderá ser executado. A FIA é signatária da WADA, a agência internacional de controle de dopagem que tornou a Rússia um pária esportivo, e teoricamente deveria acatar suas decisões. Assim, pode ser que o piloto tenha de correr como apátrida.

A Haas vai brigar com a Williams na rabeira do grid, porque a equipe definhou de uns anos para cá e porque a dupla é muito inexperiente e, sendo bem honesto, não parece muito promissora. OK, Mick Schumacher foi campeão da F-2 no ano passado, pode até fazer uma carreira sólida, mas do pai só traz o sobrenome. A genialidade não é transmitida geneticamente, nem a falta dela — está aí o caso de Jos e Max Verstappen que não me deixa mentir.

A equipe ganhou um patrocinador principal, a russa Uralkali, uma das maiores fabricantes de fertilizantes à base de potássio do mundo — e uma das maiores poluidoras do planeta, também. A empresa é controlada pela holding de Dmitry Mazepin, uma gigantesca indústria química chamada UralChem. Ele é pai do piloto. A boca pequena, o que se diz é que comprou o time.

Oficialmente, a Haas diz que as cores da bandeira russa nada mais são que as mesmas da Uralkali, o que é uma meia-verdade. Originalmente, a empresa usa as cores verde e vermelho em seu logotipo. Mudaram para azul e vermelho para justificar a pintura dos carros. Uma coisa meio afrontosa, como uma afronta é a presença de Mazepin na categoria — um piloto maldoso, como mostrou ser na F-2, além de ter um caráter dos mais duvidosos com suas atitudes extra-pista; sim, estou cancelando Nikita, assediador é assediador, tenha ele 20 ou 60 anos.

Mick também traz um patrocínio próprio, de uma empresa alemã de telecomunicações, a 1&1. O jovem Schumacher segue sob o guarda-chuva da Ferrari, que vai avaliá-lo cuidadosamente para saber se, no futuro, ele pode fazer alguma coisa remotamente parecida com as façanhas do pai. Será um piloto sob observação permanente, porque não é fácil ser filho de um heptacampeão.