Blog do Flavio Gomes
F-1

CORRIDINHAS

SÃO PAULO (saberemos) – De cara, já vou avisando que ainda não sei direito o que acho desse negócio de minicorridas aos sábados, oficialmente confirmadas hoje pela Liberty. Nem escrever minicorridas eu sei direito. O computador informa que assim, sem hífen, está certo. Eu tenderia a escrever míni-corridas, mas aí aparece uma cobrinha vermelha debaixo […]

SÃO PAULO (saberemos) – De cara, já vou avisando que ainda não sei direito o que acho desse negócio de minicorridas aos sábados, oficialmente confirmadas hoje pela Liberty. Nem escrever minicorridas eu sei direito. O computador informa que assim, sem hífen, está certo. Eu tenderia a escrever míni-corridas, mas aí aparece uma cobrinha vermelha debaixo da palavra, que olha para mim com ganas de me picar. Enfim, do ponto de vista lexical já acho uma merda. Mas vou esperar para ver.

O que ficou definido: em três etapas o tal “sprint qualifying” será testado neste ano. O próprio nome já deveria nos levar a evitar usar “corrida” para definir isso aí. Mas vamos chamar de quê um troço em que 20 carros saem da imobilidade, uns atrás dos outros, para ver quem chega na frente? É corrida, uai!

Serão duas na Europa e uma fora da Europa. A princípio, Silverstone, Monza e Interlagos tinham sido escolhidos como campos de provas. Mas como ninguém sabe se o Brasil ainda vai existir até novembro, já que todos os CPFs correm o risco de ser cancelados pelo genocida da Casa de Vidro, evitaram nominar os GPs.

Seja como for, a mecânica nesses três eventos será: na sexta-feira, uma hora de treino livre com dois jogos de pneus para cada piloto; de tarde, sessão de classificação apenas com pneus macios (cinco jogos para cada) para formar o grid do “sprint qualifying” — da corridinha.

No sábado de manhã, mais uma sessão de treinos livres de uma hora com apenas um jogo de pneus para cada um. Creio que o povo vai usar essa sessão para preparar os carros para a… corridinha. Sei lá. Um jogo de pneus apenas? De tarde, acontece a minicorrida de 100 km, um terço da distância do GP de verdade, dois jogos de pneus para escolher, sem obrigatoriedade de pit stop. O resultado dessa corridinha forma o grid do GP no dia seguinte. Portanto, é um híbrido de classificação e corrida — “sprint qualifying” na novilíngua da F-1.

Os três primeiros farão pontos para o Mundial: 3 para o vencedor, 2 para o segundo, 1 para o terceiro. Não sei como os estatísticos vão se virar. Se o cara ganhar esse negócio poderá dizer que tem uma vitória no currículo? Eu, por enquanto, tendo a desconsiderar. Corrida de 100 km que define grid não é Grande Prêmio. É uma… corridinha! Vai ter troféu, pódio, champanhe? Não sei. Não falaram disso, ainda. Eu daria umas tacinhas, mas não faria pódio. Não creio que faça sentido banalizar cerimônia tão solene. Mas como entregar tacinhas sem pódio? Não sei. Não sei de nada.

O melhor a fazer é aguardar. Esperar para ver se vai dar certo. Em tese, meia hora de pau puro no sábado parece uma boa ideia. Mas a F-1 tem umas cláusulas pétreas em sua história que podem incomodar os puristas e não necessariamente seduzir os novatos no métier.

E é precisamente isso que farei. Esperar para depois dizer o que acho. Neste momento, não acho nada. Não sei tampouco o que têm a dizer os pilotos. Pelo que notei, não foram consultados. As equipes ganharam 500 mil bidens para juntar ao teto de gastos. Aparentemente, todas gostaram da ideia. E vocês? Curtiram?