Blog do Flavio Gomes
F-1

MAXSTRUDEL (3)

SÃO PAULO (mais ou menos…) – Como não choveu, deu a lógica. Max Verstappen venceu sem dificuldade alguma o GP da Estíria, levando a Red Bull à quarta vitória seguida na temporada e infligindo à Mercedes sua pior sequência sem ganhar desde o início da era híbrida da F-1, em 2014 — em 2018 e […]

Verstappen: vitória amplia liderança para 18 pontos em cima de Hamilton

SÃO PAULO (mais ou menos…) – Como não choveu, deu a lógica. Max Verstappen venceu sem dificuldade alguma o GP da Estíria, levando a Red Bull à quarta vitória seguida na temporada e infligindo à Mercedes sua pior sequência sem ganhar desde o início da era híbrida da F-1, em 2014 — em 2018 e 2019, o time chegou a perder três consecutivas.

Foi a quarta vitória do holandês no ano, 14ª na carreira. E a consolidação da liderança no campeonato depois de oito provas: 156 x 138 sobre Hamilton, o segundo colocado — e detentor da melhor volta da prova, arrancando a fórceps um pontinho extra na última passagem, porque nunca se sabe quando vai precisar, né?

Bottas foi o terceiro, com Pérez em quarto. Só eles terminaram a corrida na mesma volta. Uma corrida, diga-se, meio sem graça, de resultado previsível e sem disputas interessantes mesmo no meio do pelotão.

O que fica do GP da Estíria? Expressão que minha namorada usa sempre: “É, gente… O jogo virou!”. Virou. A Red Bull, hoje, pode encher a boca e dizer que tem o melhor carro da F-1 e que é candidata ao título para, finalmente, colocar fim à mais longa hegemonia da história da categoria — para quem não lembra, a Mercedes ganhou os últimos sete Mundiais de Pilotos e Construtores.

Largada em Spielberg: Max leva a quarta no ano, de ponta a ponta

Com pista seca, sol e calor, largando na pole, Max fez questão de escapar logo para evitar qualquer problema com a asa móvel de Hamilton, quando ela pudesse ser aberta. Fez direitinho. Pulou à frente e na volta 5 já tinha mais de 2s de vantagem para o inglês. E daquele mato não sairia mais coelho. A vitória estava garantida, a não ser que algo de muito excepcional acontecesse.

O início da prova não foi dos mais auspiciosos para Leclerc e Gasly. Numa tentativa de ultrapassagem ainda na primeira volta, o ferrarista tocou a roda traseira esquerda do alphataurino e teve de ir para os boxes trocar o bico. Pierre não conseguiu voltar. Seu pneu furou e ele chegou à garagem com o carro todo estropiado. O abandono tirou do francês a chance de bons pontos em Spielberg.

Na volta 10, o primeiro momento um pouco mais relevante da corrida: Pérez passou Norris sem nenhuma dificuldade e assumiu o terceiro lugar. A McLaren tinha problemas. Bottas também chegou e deixou o inglês para trás. Ricardão, lá no fim da fila, relatava falta de potência pelo rádio, se arrastando em 13º. Nos boxes, a equipe tentava descobrir o que estava acontecendo, qual botão apertar, para qual orixá acender uma vela. E devem ter encontrado o santo certo, porque pouco depois o ritmo dos dois carros papaia se estabilizou.

Norris, quinto: problemas no início, boa posição no final

Jorginho Russell era o destaque da prova nas primeiras voltas. Em décimo no grid, valeu-se da trapalhada entre Leclerc e Gasly para ganhar duas posições e na 15ª volta se mantinha firme em oitavo, algo impensável para a Williams nos últimos anos. À frente dele, Alonso não conseguia desgarrar do inglesinho, que ainda tinha a vantagem de ter largado com pneus médios, podendo adiar sua parada. Fernandinho tinha macios.

Enquanto se esperava o início da janela de pit stops, não dava para dizer que o GP estírico era o mais emocionante de todos os tempos. Na altura da 20ª volta, Verstappen tinha uma boa folga de mais de 4s para Hamilton, que nem sabia direito quem era o terceiro colocado, tão longe estava Pérez. Bottas, Norris, Stroll, Alonso, Russell, Tsunoda e Sainz fechavam a turma dos dez primeiros.

O sonho de pontos de Russell acabou quando ele fez sua parada, na volta 26. A Williams teve de injetar ar comprimido no sistema que alimenta tudo no carro, a operação demorou mais que um discurso de Fidel, e ele acabou caindo para 17º — acabaria abandonando pouco depois, na volta 39. Pérez parou em seguida e tampouco seu pit stop foi bom: quase 5s, uma enormidade para os padrões atuais da F-1. Bottas veio na volta seguinte, trocou os quatro pneus em 2s6 e ganhou a posição do mexicano.

Russell: abandono num dia em que a Williams poderia pontuar

Na 29ª volta foi a vez de Hamilton fazer seu pit stop. Colocou pneus duros, seguindo a estratégia padrão para a maioria na prova. Verstappen, claro, parou logo depois. Tudo conforme os manuais que ensinam a ganhar corridas: troca rápida, voltando na frente de Lewis. A diferença na volta 31, depois que os dois pararam, aqueceram os pneus, trocaram o óleo, as palhetas do limpador de para-brisas e passaram o cartão na maquininha, estava igualzinha: oscilando entre 4s e 5s.

Se a Mercedes de Hamilton não conseguia chegar na Red Bull de Verstappen, mais para trás a Red Bull de Pérez se ouriçava para cima da Mercedes de Bottas, que aparentava ter problemas no pneu traseiro direito. Sainz e Ricciardo, na volta 42, foram os últimos a pararem, fechando a janela de pit stops. O espanhol da Ferrari se deu bem, escalando o pelotão até a sétima posição. Daniel voltou lá para o fundão. Sainz, com pneus novos, passou Stroll logo depois e assumiu a sexta colocação. Na falta de outro, era o cara da corrida. E desta vez os carros vermelhos estavam bem. Charlinho, mesmo tendo caído para último no início, saiu ultrapassando todo mundo depois de um segundo pit stop e foi buscar seus pontos, entrando no top-10 na volta 51, ao superar o ex-companheiro Vettel.

Ferrari: bons pontos com Sainz em sexto e Leclerc em sétimo

Nesse momento, a 20 voltas do final, Hamilton entrou no rádio e perguntou se faltava muito para acabar aquele porre. Max estava mais de 7s à frente e era inalcançável. O duelo esperado entre Pérez e Bottas não aconteceu no momento que se esperava. Quando o mexicano estava a menos de 2s do finlandês, a Red Bull o chamou para uma segunda parada, na volta 56. Colocou pneus médios e Checo voltou onde estava, em quarto, mas agora longe de Valtteri. Se a ideia inicial era tirar o ponto extra da melhor volta, que estava com Hamilton, cumpriu. E, virando bem mais rápido, ainda dava para alcançar o #77 no final.

Leclerc, com pneus novos, seguia se recuperando. Passou Tsunoda e Alonso e foi para cima de Stroll, o sétimo. Na volta 60, ganhou a sexta posição. E foi eleito pelo amigo internauta o Piloto do Dia. Lá na frente, Verstappen passeava e Hamilton já tinha desistido de vez da luta. Pérez seguia enfiando o pé para alcançar Bottas, para brigar pelo terceiro troféu do dia. Dava pinta de que conseguiria. A quatro voltas do final, a diferença era de 6s3. “Tirável”, digamos assim. Afinal, Valtteri se arrastava com os pneus em mau estado, sendo ultrapassado até por pilotos que estavam uma volta atrás.

Restou a Lewis parar na volta 70 para colocar pneus macios e tentar recuperar o ponto extra da melhor volta da corrida. Conseguiu. Pérez acabou recebendo a quadriculada a menos de 1s de Bottas. Se tivesse mais uma volta, levaria o pódio. Apesar de tudo, o dia para a Mercedes não foi um desastre total, com um segundo e um terceiro. Depois de Pérez, na zona de pontos, vieram Norris, Sainz, Leclerc, Stroll, Alonso e Tsunoda.

Final de prova na Áustria: domínio absoluto de Verstappen

Max assumiu que a vitória foi fácil. “O carro estava bom demais”, falou pelo rádio. “Foi tranquilo controlar tudo, o desgaste de pneus, a vantagem para Lewis, e tudo funcionou muito bem.” No Mundial de Construtores, a Red Bull abriu 40 pontos sobre a Mercedes, 252 x 212. Para Hamilton, foi uma corrida “solitária”. “Eles vêm melhorando nas últimas provas e neste momento é impossível disputar com eles. Precisamos ver onde estamos perdendo, a velocidade de reta da Red Bull é muito alta. Eles estão mais rápidos, e a gente precisa melhorar a performance para voltar à briga.”

Domingo que vem tem mais, na mesma pista, com pneus um pouco diferentes, mais macios. Mas creio que será tudo igual. A Red Bull passou a Mercedes em tudo. Demorou um pouco, por alguns vacilos no início da temporada. Mas, agora, a quebra do domínio alemão parece inevitável. Falaremos disso às 19h no “Fórmula Gomes”, no meu canalzinho no YouTube.