Blog do Flavio Gomes
F-1

HUNGARIANAS (1)

SÃO PAULO (freezing) – Daniel e Veronika são fãs de F-1 e se conheceram quatro anos atrás em Hungaroring. No começo da semana, foram ao aeroporto de Budapeste para ver seu piloto favorito de perto, Sebastian Vettel. Sem que Veronika percebesse, Daniel conseguiu entregar um envelope ao tetracampeão mundial. Dentro dele, um bilhete dizendo que […]

Vettel, Veronika e Daniel: conto de fadas

SÃO PAULO (freezing) – Daniel e Veronika são fãs de F-1 e se conheceram quatro anos atrás em Hungaroring. No começo da semana, foram ao aeroporto de Budapeste para ver seu piloto favorito de perto, Sebastian Vettel. Sem que Veronika percebesse, Daniel conseguiu entregar um envelope ao tetracampeão mundial. Dentro dele, um bilhete dizendo que na quinta-feira, às 19h30, ele iria pedir Veronika em casamento na porta do autódromo. E que ficaria muito feliz se Sebastian aparecesse de surpresa.

Pois ontem eram pouco mais de sete da noite quando Daniel, sem muitas esperanças na improvável presença do ídolo, resolveu cumprir a promessa e se ajoelhou diante de Veronika para pedir que ela se casasse com ele. Havia bastante gente no portão de Hungaroring — lá é assim, ficam muitos torcedores tomando cerveja nos quiosques do outro lado da pequena estradinha, esperando os pilotos saírem para fazer festa com eles. Um jovem pedir uma jovem em casamento de joelhos em público não chega a ser uma grande novidade e estavam todos se divertindo com a cena.

Foi quando alguém bateu no ombro de Daniel e perguntou: “Hei, não era depois das sete e meia?”. Era Vettel. Que virou padrinho do casal.

Por enquanto, foi a coisa mais legal que aconteceu na Hungria. Além do capacete abaixo, mais uma porrada do alemão em Viktor Orbán, projetinho de político neonazi que tem seu similar brasileiro, aquele que peida, arrota e recorre ao YouTube e a um charlatão que faz acupuntura em árvores para provar fraude nas urnas eletrônicas.

O capacete LGBTQIA+ de Vettel: pau nos canalhas

Falando em provas fajutas, muito parecido com o que fez o asqueroso fedorento ontem em sua live — transmitida pela TV estatal com dinheiro público, campanha eleitoral pura; espero que as instituições façam o que têm de fazer, ou seja, enfiar um pé na bunda desse monte de excremento — foi o que fez a Red Bull.

A equipe começou a semana prometendo “novas evidências” de que Hamilton quis matar o pobre Verstappen em Silverstone. Semana passada, alugou Silverstone por um dia, chamou Alex Albon para dirigir um carro e ordenou que ele realizasse simulações de trajetória na Copse para, com dados de GPS, provar que Lewis fez isso ou aquilo e que era culpado pelo acidente e que tinha de ser punido com mais rigor, quem sabe até expulso do continente. Montou um enorme relatório cheio de imagens, setas e hipóteses. Entrou com novo recurso para rever a punição ao inglês e ontem mesmo os comissários esportivos analisaram o recurso através de videoconferência.

Resultado: a FIA disse que nos “slides” apresentados pela Red Bull não havia evidência nenhuma de nada, nenhum fato relevante, nenhuma informação nova, prova de porra nenhuma, e só faltou mandar a equipe não encher o saco e parar de passar ridículo no débito e no crédito.

Horner: Red Bull passando ridículo

Diante do constrangimento, Christian Buziner, chefe do garoto-enxaqueca — ele próprio um chefe-enxaqueca assim como o guru-enxaqueca Helmut Marko –, resolveu enfiar o rabinho entre as pernas. “Não era nada pessoal com Lewis, faríamos isso se fosse com qualquer piloto. Agora vamos virar essa página”, falou. Da parte da Mercedes, Pebolim Wolff não escondeu sua indignação com os efeitos do chilique da Red Bull: os ataques racistas a Hamilton pelas redes sociais. Para o diretor da equipe preta-prateada, o time rival acabou incitando, ainda que involurariamente, a selvageria na internet. E ele tem razão.

E na pista hoje? Bem, como sempre, Hungaroring estava fervendo. É, normalmente, a corrida mais quente do ano (quando tinha Malásia, perdia). Da Europa, quase sempre. Os termômetros marcaram 32°C de tarde, com quase 60°C no asfalto. Hamilton disse que estava “torrando” no cockpit e que perdeu 3 kg ao longo do dia. Bottas falou que se sentia numa sauna finlandesa — ele até postou vídeo peladão com um amigo outro dia, vocês viram?

No primeiro treino livre, Verstappen ficou em primeiro. No segundo, o mais rápido foi Bottas, que fechou a sexta com o melhor tempo do dia: 1min17s012. A tabela está aí embaixo.

Os tempos da tarde: Mercedes na frente

A previsão é de possibilidade de chuva amanhã e domingo. Previsão, vejam bem, e daquelas que aparecem na transmissão da TV. É verão no hemisfério norte e o clima fica um pouco instável em algumas regiões, embora na Europa Central o calor seja mais seco e com poucas pancadas de chuva repentinas. Os meteorologistas da F-1 têm errado bastante, e às vezes eu acho que dizem que vai chover só para criar expectativas. Fui checar em outros serviços e vi que amanhã há 80% de chance de chuva ao longo do dia, sim, mas que exatamente na hora da classificação, 15h locais, teremos sol e calor (no ano passado choveu na definição do grid). Já no domingo, sol de rachar, 33°C.

Sexta é sexta, mas como em Hungaroring é muito importante largar na frente, porque é difícil de passar mesmo, melhor dar mais peso aos resultados de hoje do que se fossem apurados em outro tipo de circuito. Hamilton e Verstappen farão de tudo pela pole. E Bottas pode surpreender — foi segundo colocado no grid nos últimos três anos. Ano passado, com 1min13s447, Lewis largou em primeiro. Budapeste (que não fica em Budapeste, mas em Mogyoród, a 20 km da capital húngara) é uma dessas pistas em que os tempos de sexta para os de sábado mais caem, já que é um autódromo pouco usado que começa o fim de semana com o asfalto muito sujo.

Embora o senso-comum aponte a Red Bull como favorita num traçado travado, sinuoso e que exige carros bem equilibrados, sem muita necessidade de um canhão para empurrar, a equipe só ganhou lá duas vezes: em 2010 com Mark Webber e em 2014 com Daniel Ricciardo. Já a Mercedes venceu quatro das últimas cinco edições do GP magiar. E Hamilton tem nada menos do que oito vitórias no país. Se ganhar de novo, torna-se o primeiro piloto a vencer nove vezes o mesmo GP.

Bottas: primeiro colocado na sexta-feira

Os números fazem da Mercedes favorita neste fim de semana? Sim, mas menos do que o desempenho apresentado hoje, bem sólido e respeitável. A estatística aponta um padrão, claro. Mas de nada adianta se de um ano para o outro uma equipe faz um carro ruim, ou um piloto despenca em má fase. Não é o caso da Mercedes nem de Hamilton, que claudicaram um pouco nos últimos meses, mas conseguiram reagir na Inglaterra. E perceberam que o momento psicológico da Red Bull parece pouco favorável.

Hoje à noite falaremos de tudo isso no nosso “Fórmula Gomes”, a partir das 19h no YouTube. Até lá!