Blog do Flavio Gomes
F-1

GP DE SP (8)

ITACARÉ (olha…) – “Brilhante, Lewis! Que se fodam todos!” Assim Toto Wolff desabafou pelo rádio quando terminou a Sprint do GP de São Paulo, definindo o grid para a corrida de amanhã, 19ª da temporada. Valtteri Bottas venceu, marcou três pontinhos e larga na pole em Interlagos. Max Verstappen foi o segundo e Carlos Sainz, […]

Hamilton, de 20º para quinto: alucinante

ITACARÉ (olha…) – “Brilhante, Lewis! Que se fodam todos!” Assim Toto Wolff desabafou pelo rádio quando terminou a Sprint do GP de São Paulo, definindo o grid para a corrida de amanhã, 19ª da temporada. Valtteri Bottas venceu, marcou três pontinhos e larga na pole em Interlagos. Max Verstappen foi o segundo e Carlos Sainz, o terceiro. Hamilton, punido por irregularidade na sua asa traseira na classificação, largou em último. Chegou em quinto. Ganhou 15 posições em 24 voltas. “Não acabou ainda”, proclamou.

Eu realmente achei que tinha acabado, que Verstappen venceria as duas provas — Sprint e GP — e encheria o bolso de pontos no Brasil. No último post deste empoeirado blog, calculei que Lewis iria chegar entre oitavo e décimo hoje, para largar amanhã na segunda metade do pelotão e tentar uma quinta posição ao final, o que já seria muito bom. Mesmo assim, com todo o esforço do mundo, veria Max disparar na classificação, abrindo mais de 30 pontos na tabela.

Mas Hamilton larga em décimo (perde cinco posições no grid pela troca de motor na sexta-feira) e está com um carro espetacular. Motor novo, ritmo alucinante, apetite enorme. Se em 24 voltas foi capaz de sair de 20º para quinto, em 71 não se pode descartar, de forma alguma, a possibilidade de chegar ao pódio. Nem mesmo de vencer, se a Red Bull bobear.

Mas atenção. Essa chance, de vitória, parece remota em condições normais de temperatura e pressão. Se é verdade que Hamilton precisou de apenas 24 voltas para ganhar 15 posições, também é verdade que Bottas e Verstappen, primeiro e segundo, precisaram das mesmas 24 voltas para ver a bandeira quadriculada com uma gigantesca vantagem de 20s para o britânico. Assim, que ninguém imagine a repetição ipsis litteris de sua exuberante atuação numa corrida de verdade, com quase duas horas de duração, disputada em horário diferente e provavelmente com condições climáticas bem distintas. Vai ter de remar muito, e ainda contar com infortúnios pouco prováveis do rival.

Mas é Hamilton. É Mercedes. Está em décimo no grid, não em 20º. Que ninguém descarte nada. Eu que não vou me meter a fazer previsões.

Verstappen, segundo na Sprint: melhor ficar atento

Lewis, destaque absoluto do sábado, agradeceu aos torcedores brasileiros e disse que sentiu uma energia especial vindo da arquibancada, com a plateia vibrando a cada ultrapassagem. “Não podemos desistir nunca”, falou. “Amanhã vai ser um pouco diferente, vai estar um pouco mais quente, pode ser um pouco mais difícil, mas tenho de manter a cabeça erguida e seguir em frente.”

A diferença entre ele e Verstappen subiu para 21 pontos com o segundo lugar do holandês — 314,5 x 293,5. Max herdou a pole da Sprint com a desclassificação de Lewis, mas não segurou a ponta na largada. Com pneus médios, partiu pior que Bottas, que escolheu os macios para a corridinha de meia hora. O finlandês assumiu a liderança e aguentou o tranco no fim, com a borracha já começando a abrir o bico. Max chegou a perder mais uma posição na largada, para a Ferrari de Carlos Sainz — que também estava de pneus macios. Mas já na terceira volta passou o espanhol e saiu à caça da Mercedes #77. Não se esforçou muito, porém. Terminou a 1s1 de Bottas sem querer dar uma de herói. Melhor dois pontos na mão e um segundo no grid amanhã do que uma chance de acidente só para ganhar uma corrida curta de importância bem relativa.

Como sei que vocês gostaram dos tópicos coloridos desta semana (mentira, só eu gostei; ninguém mais lê o blog e ninguém falou dos tópicos coloridos), segue um resuminho policromático da minicorrida, para quem não conseguiu assistir.

ESCALADA – Hamilton passou quatro carros na largada antes de chegar à freada do S do Senna: os de Mazepin, Schumacher, Russell e Latifi. Na segunda volta, estava em 14º. Na sexta, em 12º. Depois superou Alonso (8), Ricciardo (13), Vettel (15), Ocon (16), Gasly (17), Leclerc (20) e Norris (24). Mas como já destaquei lá em cima, recebeu a bandeirada 20s872 atrás de Bottas. Foi rápido para escalar o pelotão, sem dúvida. Mas os dois que chegaram em primeiro e segundo também foram bem rápidos para abrir uma diferença muito grande para ele.

MACIOS FOFINHOS – Não houve unanimidade na escolha dos pneus para a Sprint. Nove pilotos se decidiram pelos macios — entre eles Bottas e Sainz — e 11 optaram pelos médios — casos de Verstappen, Pérez e Hamilton, por exemplo. A escolha dos macios deu muito certo para Bottas e Sainz. Ambos largaram muito bem com a borracha mais aderente e conseguiram sustentar suas posições até o fim.

MÉDIOS MAIS OU MENOS – Max reconheceu que os pneus médios não ajudaram muito na largada. “Mas meu ritmo estava bom e amanhã a corrida acontece em outro horário, provavelmente mais quente. E Bottas estava muito rápido nas retas”, falou, justificando o fato de não ter atacado o finlandês em nenhum momento.

Bottas: vitória na Sprint e pole em Interlagos

POOOOOOLE! – Bottas comemorou muito a pole no Brasil. Foi a 20ª de sua carreira e a quarta no ano. Em três Sprints, Valtteri somou sete pontos, como Verstappen. Foram os que mais aproveitaram as minicorridas criadas neste ano — as outras foram em Silverstone e Monza. Hamilton fez apenas dois.

DON’T TOUCH – Assim que estacionou no Parque Fechado, Hamilton foi alertado pelo rádio por seu engenheiro Bono Vox: “Não encoste em nada!”, referindo-se à polêmica de ontem depois que Verstappen foi cutucar a asa traseira de seu carro. Vettel, quando parou, falou pelo rádio: “Vou lá mexer na asa traseira do Lewis!”. Seu engenheiro pediu para não fazer aquilo, “é muito caro”. “Então vou mexer na asa dianteira, talvez seja mais barato, uns 25 mil euros.” Vettel anda muito engraçadinho. Max levou uma multa de 50 mil euros por apalpar a traseira de Hamilton.

Grid embaralhado: só dois mantiveram posições

MEXE-MEXE – O resultado final da Sprint não mudou as posições de largada de apenas dois pilotos: Nicholas Latifi e George Russell, que largaram e terminaram em 16º e 17º. Os outros 18 tiveram suas colocações originais embaralhadas — oito ganharam posições e dez perderam. Além de Hamilton, que subiu 15 posições, o que mais lucrou foi Sainz, de quinto para terceiro. Os que mais perderam foram Raikkonen (de 13º para 18º), Gasly (de quarto para oitavo), Ricciardo (de oitavo para 11º), Alonso (de nono para 12º) e Tsunoda (de 12º para 15º).

PRIMAVERA – A boa nova da Sprint foi a volta da coroa de flores para os três primeiros, que tinha substituída por uma medalha ridícula em Monza. A medalha — marca do patrocinador — foi entregue de novo. Mas quase desapareceu no meio das flores colocadas em volta do pescoço dos pilotos.

E é isso. Daqui a pouco, às 19h, tem “Fórmula Gomes” no meu canal no YouTube para a gente falar de tudo que aconteceu em Interlagos neste sábado de casa cheia e cidade respirando F-1 de novo. Ô coisa boa!