Blog do Flavio Gomes
F-1

VÃO SE CATAR (3)

ITACARÉ (sem sal) – Vamos concordar com Sérgio Maurício, narrador da Bandeirantes: depois de um GP festivo, apoteótico e deslumbrante como foi o de São Paulo, aterrissar no deserto do Catar é broxante. Ele não disse broxante, mas eu digo. No passado, adorava corridas em países novos. Ainda gosto do desafio de uma pista inédita, […]

Bottas, P1: boa notícia para a Mercedes

ITACARÉ (sem sal) – Vamos concordar com Sérgio Maurício, narrador da Bandeirantes: depois de um GP festivo, apoteótico e deslumbrante como foi o de São Paulo, aterrissar no deserto do Catar é broxante. Ele não disse broxante, mas eu digo. No passado, adorava corridas em países novos. Ainda gosto do desafio de uma pista inédita, do contato com culturas diferentes. Mas… Catar?

Eu não tenho por princípio, obviamente, nada contra nenhum povo, etnia, cultura ou religião. Mas detesto essas coisas de mentira, exibicionistas, falsamente luxuosas, arrogantes, nababescas. E essas cidades e países postiços do mundo árabe são exatamente isso. Me parecem um porre, são ditaduras monárquicas patéticas, dinastias intermináveis, seus donos — porque são isso, donos — só pensam em dinheiro e ostentação, tratam mal as mulheres, exploram o trabalho escravo se valendo da pobreza dos vizinhos, operam os preços do petróleo ao seu bel prazer e às custas da miséria do mundo, detonam a natureza, criminalizam os homossexuais. São, em resumo, uns merdas.

Eu nunca iria ao Catar por vontade própria e estou cagando para prédios altos e espelhados, shoppings monstruosos, Lamborghinis nas ruas, ilhas artificiais e estádios com ar condicionado. Aliás, a Organização Mundial do Trabalho informou esta semana que só no ano passado foram 50 operários mortos em acidentes na construção dos estádios da Copa de 2022, e mais de 500 desde o início das obras, quando o país foi anunciado como sede do Mundial. Todos imigrantes. Todos trabalhando em regime análogo à escravidão.

A Javari: melhor que Losail

O autódromo de Losail tem capacidade para receber mais ou menos a quantidade de torcedores que o Juventus coloca na Rua Javari em jogo bom: oito mil pessoas. OK, não cabem oito mil na Javari hoje em dia, mas em 15 de maio de 1974, contra o Santos, a Mooca viu nada menos do que 14.316 pagantes se acotovelando em suas modestas, charmosas e deliciosas arquibancadas. Se um dia derrubarem a Javari, juro que mudo de país. Juro.

Achei o circuito, sinceramente, uma bosta. Esse negocinho de iluminar autódromo também não é novidade e não me comove. Cenário lindo o cacete. O GP do Catar é, realmente, uma prova para tapar buraco. Não precisavam ter incluído essa porcaria no calendário, mas foi o preço que os dinheiristas da Liberty pagaram para assinar um contrato de dez anos com o país a partir de 2023. Vai jorrar grana nessa história. Enfim…

Resultados do segundo treino: Bottas na frente

Na pista, tivemos um treino sob a luz do dia, na hora do almoço, e outro quando anoitecia. Será o horário da corrida, de noitinha. Nessa sessão, Bottas ficou em primeiro com 1min23s148. Gasly foi o segundo a 0s209, Verstappen ficou em terceiro a 0s350 e Hamilton foi o quarto a 0s422. Nenhuma grande conclusão é possível a partir desses resultados. O treino matinal só serviu para o pessoal conhecer a pista. O da noite teve meia hora de gente tentando fazer tempo e meia hora para simular corrida. Difícil prever alguma coisa.

Ah, me perguntaram o que é Ooredoo, que dá nome comercial ao GP. É uma empresa de celular e internet, tipo a Intertel ou a Bahianet aqui de Itacaré — que não vendem celulares, no entanto.

Claro que a notícia mais importante do dia foi a não-punição a Verstappen, sobre isso já escrevi abaixo, e às 19h estaremos ao vivo no YouTube para falar ainda mais sobre este insosso GP do Catar. Vamos meter o pau em todo mundo! Não esqueçam de ativar o tal sininho.