Blog do Flavio Gomes
F-1

YES, MARINA (4)

ITACARÉ (surpresa?) – Deu Verstappen no primeiro round. O holandês da Red Bull larga na pole para o GP de Abu Dhabi, o último do ano. Hamilton está em segundo no grid. Os dois, empatados nos pontos, partem com estratégias diferentes para a corrida que define o campeão mundial de 2021. Max usou pneus macios […]

Verstappen faz a última pole do ano: a mais comemorada de todas

ITACARÉ (surpresa?) – Deu Verstappen no primeiro round. O holandês da Red Bull larga na pole para o GP de Abu Dhabi, o último do ano. Hamilton está em segundo no grid. Os dois, empatados nos pontos, partem com estratégias diferentes para a corrida que define o campeão mundial de 2021. Max usou pneus macios no Q2 e larga com a borracha mais aderente. Lewis vai de médios e fará seu pit stop depois que o rival.

O cenário mais provável para a corrida: Verstappen larga melhor e mantém a ponta, com a vantagem de seus pneus mais macios. Hamilton, em segundo, controla as ações do adversário. Atrás no grid, não corre o risco de levar uma bordoada, algo sempre possível em largadas. “Estou muito feliz porque vou poder ver onde ele está!”, brincou. Cola no #33 sem atacar demais e fica cozinhando o galo até Verstappen parar para trocar pneus, o que terá de fazer antes que o inglês. Permanece na pista mais algumas voltas, abre uma vantagem que lhe permita fazer seu pit stop e volta na frente. Ganha a corrida e o campeonato.

Mas atenção: bolas de cristal caem e quebram. O cenário acima, insisto e repito, é apenas o mais provável. Pode mudar se um largar bem e o outro mal, se Norris, terceiro no grid com pneus macios, partir melhor que Hamilton — ainda que tenha dito que não vai se meter na briga –, se uma mosca tirar a concentração de Max quando as luzes se apagarem, se Lewis espirrar quando for engatar a primeira marcha, se alguém bater e forçar uma bandeira amarela ou vermelha, se, se, se…

Melhor não tentar adivinhar o futuro e esperar. Apostas, cada um faz a sua.

Alonso no entardecer: noite agradável nos Emirados

O fim de tarde, como sempre, foi ameno e seco em Abu Dhabi, com temperaturas na casa dos 26°C. O primeiro tempo registrado por Verstappen no Q1 foi muito discreto, 1min23s680, distante do que Hamilton havia feito pela manhã no último treino livre antes da classificação. O inglês virou 1min23s266 na sua primeira volta logo depois, 0s414 mais rápido, melhor tempo do fim de semana até então.

A primeira bateria de voltas rápidas ainda colocou Bottas e Pérez na frente do holandês. Max melhorou bem em sua segunda saída, reduzindo a diferença para o inglês para 0s056. Lewis respondeu à altura: 1min22s845, preocupando a Red Bull. A distância para o rival aumentou de novo, agora para 0s477. A tarefa de Verstappen passava a ser gigantesca para lutar pela pole: encontrar meio segundo escondido em algum lugar da pista ou do carro.

McLaren com os dois no Q3: resultado decente

Ainda com luz natural, no entardecer de Abu Dhabi, o primeiro segmento da classificação não trouxe grandes surpresas na zona de corte: Latifi, Russell, Raikkonen, Schumacher e Mazepin foram os eliminados. Inesperado foi ver Latifi à frente de Jorginho, coisa rara, bem na última classificação do britânico pela Williams. Kimi em 18º foi meio triste. O derradeiro grid da carreira na penúltima fila não combinou com a história do mítico finlandês.

Hamilton e Verstappen saíram dos boxes com pneus médios para o Q2, algo bem previsível. Houve praticamente um empate na primeira saída de ambos: Lewis com 1min23s185, Max 0s004 atrás. Foi a primeira boa notícia do dia (ou da noite) para a Red Bull. Aquele meio segundo perdido em algum canto parecia estar nos pneus. Sainz superou ambos com uma volta em 1min23s174 usando a borracha mais macia. Com os mesmos compostos, Leclerc subiu para o quarto lugar. Do espanhol, o primeiro colocado, até Bottas, o quinto, apenas 0s072 de diferença.

Hamilton: bom início de classificação, depois superado por Verstappen

Ainda assim, seguindo com os pneus médios, Hamilton desbancou Sainz fazendo 1min23s145. Aí a Red Bull teve de mexer em sua estratégia para a corrida. Verstappen fritou um jogo de pneus médios e a equipe decidiu colocar em seu carro e no de Pérez pneus macios para largar com eles amanhã. O mexicano fez 1min23s135 e Max, 1min22s800. Como a Mercedes iria começar a corrida com médios — e era favorita para fazer a primeira fila quando colocasse os macios no Q3 –, a decisão rubro-taurina, depois de perder um jogo de médios, foi espetar pneus mais aderentes em seus carros para tentar algo na largada. Mesmo sabendo que teria de fazer seu pit stop antes que a dupla do time alemão.

Alonso, Gasly, Stroll, Giovinazzi e Vettel foram os degolados. Surpresa, nos casos de Fernandinho e do pequeno Pierre. Seus parceiros Ocon e Tsunoda passaram. O espanhol reclamou do tráfego.

A reclamação de Alonso: tráfego tirou espanhol do Q3

No primeiro duelo do Q3, deu Verstappen, e com folga: um tempo excepcional 1min22s109, 0s551 mais rápido que Lewis, que fez uma volta ruim. “O jogo virou”, vibraram os torcedores do garoto enxaqueca. Quem precisava encontrar meio segundo na noite árabe, agora, era Hamilton. Uma montanha-russa e emoções!, exultaria aquele locutor de rádio das antigas. Faltando três minutos para a quadriculada, Mercedes e Red Bull mandaram suas duplas à pista. Bottas e Pérez, os segundos pilotos de ambas, à frente com a tarefa bem definida: gerar vácuo para os protagonistas do campeonato. Hamilton, porém, passou por Valtteri e decidiu fazer seu trabalho sozinho.

Não deu certo. Lewis fez os dois primeiros setores acima do tempo de Verstappen, melhorou um pouco em relação à volta anterior, mas ficou 0s371 atrás do rival. Max tirou o pé na sua segunda volta rápida, que também era boa. Não precisava mais nada. Pole-position na última corrida do ano para o líder do campeonato, 13ª de sua carreira, décima no ano. E o menino nunca vibrou tanto com uma primeira posição no grid.

Lando Norris acabou sendo a grande novidade do dia, com a terceira colocação. Depois vieram Pérez, Sainz, Bottas, Leclerc, Tsunoda, Ocon e Ricciardo. “É inacreditável!”, exultou Verstappen pelo rádio. Depois se acalmou e disse que está muito confortável com os dois tipos de pneus, minimizando os possíveis efeitos das diferentes estratégias de Mercedes e Red Bull. Hamilton procurou aparentar tranquilidade na primeira entrevista assim que saiu do carro. “Max fez uma volta fantástica, mereceu a pole. Eu errei na curva 5 na primeira volta e na segunda não consegui ser mais rápido, mesmo. Mas estamos numa posição boa de pneus. Vamos ver o que ele vai fazer na largada e o que poderemos fazer a partir daí.”

Lewis sossegado: “Pelo menos posso ver onde ele está”

“Está 1 a 0 para eles”, conformou-se o chefe da Mercedes, Toto Wolff. “Eles encaixaram bem a janela ideal para os pneus, o vácuo funcionou e por isso estão na pole. Prefiro estar em segundo com os pneus médios. Vamos levar uma pequena desvantagem na largada e nas primeiras seis ou sete voltas se ele imprimir um ritmo muito veloz. Nós podemos ir para um ‘undercut’ agressivo e depois proteger a posição. Durante a noite vamos rodar nossos programas de computador com simulações e algoritmos. Mas ficamos preocupados, claro. O Q1 e o Q2 foram nossos, e de repente perdemos performance.”

Do outro lado do muro, Christian Horner foi cauteloso nas comemorações. “Essa pole é toda do Max, todo crédito a ele. Foi uma de suas melhores voltas da temporada. O vácuo ajudou, um décimo ou dois, foi um grande trabalho de equipe com Pérez, que sacrificou sua volta com pneus macios. Mas o último setor dele, com pouca pressão aerodinâmica, foi insano. Tirar asa foi a única forma que encontramos para equilibrar as coisas nas retas, porque eles são muito velozes”, disse. “Vamos largar do lado limpo da pista e com pneus melhores. Aí, focar na nossa corrida, e não no que ele vai fazer. Lewis tem vários pilotos em volta dele com pneus macios. Lando, Checo etc. Vai ter bastante trabalho. Quanto a nós, temos de fazer a corrida mais rápida possível. Tomara que seja suficiente para batê-lo. Perdemos um jogo de médios no Q2, por isso tivemos de usar os macios. Os médios são um pouco mais robustos, mas saber como será a degradação na corrida é a grande questão. Isso será crucial.”

Sainz em quinto: boa classificação do espanhol

As armas estão postas para o duelo final. As chances de um encontro hostil entre Verstappen e Hamilton na pista diminuíram com o inglês atrás no grid podendo, como ele mesmo disse, ver onde o rival estará. Será uma corrida tensa, sem dúvida, como são as decisões. Tomara que seja uma final à altura do campeonato.

Às 19h estaremos ao vivo no “Fórmula Gomes” lá no YouTube para falar de tudo isso, apareçam!