Blog do Flavio Gomes
F-1

JEDDAH ON FIRE (4)

SÃO PAULO (viva!) – Demorou. Onze anos. Mais precisamente, 215 tentativas. Na ducentésima-décima-quinta, ela veio. A pole. Sergio Pérez fez a volta de sua vida na noite deste sábado em Jedá. “Se eu tentasse mil vezes, não conseguiria repetir”, falou o mexicano. Checo é o primeiro mexicano a fazer uma pole na história da F-1. […]

Pérez, o pole improvável: 215 GPs até chegar lá

SÃO PAULO (viva!) – Demorou. Onze anos. Mais precisamente, 215 tentativas. Na ducentésima-décima-quinta, ela veio. A pole. Sergio Pérez fez a volta de sua vida na noite deste sábado em Jedá. “Se eu tentasse mil vezes, não conseguiria repetir”, falou o mexicano. Checo é o primeiro mexicano a fazer uma pole na história da F-1. O 103º piloto a ter a honra de incluir ao menos uma pole no currículo. E é o piloto, entre todos os que fizeram poles na F-1, que mais tempo demorou para chegar lá. Antes dele, o recordista era Mark Webber, que fez a sua na 131ª tentativa — em 2009 na Alemanha.

Até hoje, um segundo lugar no grid de Ímola no ano passado tinha sido sua melhor classificação. Mas Pérez, hoje, derrotou a favorita Ferrari e, mais ainda, bateu seu companheiro Verstappen, que larga em quarto. Entre eles no grid, Leclerc e Sainz, da equipe vermelha que lidera o Mundial. E que é a maior candidata à vitória no GP da Arábia Saudita.

O grid de Jedá: Hamilton apenas em 15º

Claro que Pérez foi notícia no sábado de Jedá, mas se eu fosse editor de esportes de um jornal, colocaria Hamilton na manchete. O inglês não passou do Q1. Sim, é isso mesmo que vocês estão lendo. Lewis fez o 16º tempo (larga em 15º porque Mick Schumacher sofreu um acidente e não corre amanhã) e viveu situação que não conhecia desde o Brasil em 2017 — empacar na primeira parte da classificação.

A diferença é que naquela corrida ele bateu no Laranjinha. Não foi um problema de desempenho de seu carro. Agora, foi. O W13 da Mercedes estava inguiável, com a traseira solta, um horror para dirigir. Horror tamanho que Lewis deve largar dos boxes, para poder mexer em tudo que for possível no acerto de seu carro. A equipe prateada vive um momento inusitado. Foram oito anos de domínio na categoria, desde 2014. Em 2022, simplesmente tem um carro ruim. George Russell larga em sexto. Foi quase um segundo mais lento que o pole Pérez.

Hamilton: classificação desastrosa

As surpresas da noite foram Ocon em quinto e Alonso em sétimo com a Alpine. Bottas, oitavo com a Alfa Romeo, também saiu feliz do autódromo. O mesmo pode-se dizer de Magnussen, décimo com a Haas.

Falando nela, a nota preocupante da classificação foi a batida de Mick, que foi levado a um hospital para exames e, felizmente, liberado sem maiores problemas. Por precaução, fica fora da corrida. Deu uma pancada forte que destruiu o bom carro do time americano.

O assunto de ontem, o ataque às instalações da Aramco a menos de 20 km do circuito, mal foi comentado hoje. Como a programação seguiu, a F-1 procurou dar ares de normalidade ao dia dedicado à definição do grid. Mas já se sabe que os pilotos vão discutir a realização dessa corrida no ano que vem — e de qualquer uma em países que passem por conflitos militares.

Pérez vence amanhã? Se largar bem e Verstappen ficar empacado atrás das duas Ferrari, talvez. Mas não é o maior candidato à vitória, não. Como dito lá em cima, o time italiano parece ter condições maiores de buscar o resultado. O que dá para afirmar é que o maior protagonista dos últimos oito anos, Hamilton, será apenas coadjuvante nesse GP.

O que é uma novidade.